sábado, 17 de abril de 2010

Critica - As melhores coisas do mundo

Por um cinema jovem!

O cinema brasileiro aos poucos expande sua verve criativa. Demonstração eloquente disso é o novo trabalho de Laís Bodansky. Depois de uma estréia consagradora com Bicho de sete cabeças e de um segundo trabalho muito digno com Chega de saudade, Bodansky amplia o escopo de seu cinema com um filme sobre jovens e feito para eles. O grande mérito de As melhores coisas do mundo (Brasil 2010), além do fato de se apresentar para um público negligenciado pelo cinema nacional, é ser um filme verdadeiro na proposta e na execução. As melhores coisas do mundo não é apenas um filme teen, é um filme teen muito superior a seus exemplares americanos. Muito melhor desenvolvido do que a média, mais maduro em seus questionamentos e mais engajado na tentativa de se conectar com um público em frequente transformação, mas que não deixa de reproduzir etapas cíclicas e características ao meio e a fase em que vivem.
Baseado na série de livros “Mano” de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto, o filme é um almágama da adaptação literária propriamente dita e de um trabalho de pesquisa que a diretora e seu marido, roteirista e parceiro em todos os projetos, Luiz Bolognesi, perpretaram junto a adolescentes paulistanos. O resultado não poderia ter sido melhor. O filme se comunica muito bem com seu público alvo e é, ainda, efetivamente nostálgico para quem já passou dessa fase há muito ou pouco tempo atrás.
Questões como sexualidade, assédio moral e sexual, família, violência, entre outros temas que gravitam o universo adolescente e escolar estão em As melhores coisas do mundo. As vezes em uma abordagem mais tradicional, outras em uma roupagem mais ousada e concatenada com problemas atuais como a descoberta da homossexualidade dentro do âmbito familiar. Bodansky evita qualquer ranço moralista, saberia que isso afastaria seu público alvo, e realiza um filme solar.
A história gira em torno do adolescente Mano (um agradável Francisco Miguez), que tem de lidar com a separação dos pais, a paixonite pela garota mais linda do colégio e outras coisas típicas da adolescência. Drama, humor, ironia e romance. Há espaço para tudo isso no filme bem amarrado que a diretora entrega. É, de fato, seu melhor trabalho até hoje. Um primor de narrativa em um filme leve, multifacetado e extremamente bem resolvido.
Como curiosidade fica a participação de atores jovens como Caio Blat e Paulo Vilhena, mas que já fazem parte de outra geração. Uma sutileza da realização para com uma das mais importantes e atribuladas fases da vida.

4 comentários:

  1. Cara bem antes de sair o lançamento deste filme, eu tinha ouvido falar, mas desprezei afinal é brasileiro, e o cinema brasileiro não tem o costume de fazer este tipo de filme. Mas agora lendo tantas críticas a favor do longa, fiquei doidinho pra conferir !
    Quando estreiar para aqui, vou fazer uma forcinha para ver !
    Òtima crítica !

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  2. Assiste sim que vc vai gostar cara. O filme é bem legal. ABS

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  3. Oi Reinaldo!

    Vi o trailer o making of do filme não sei aonde... pra falar a verdade, a narrativa não me prendeu. Tem seus pontos como vc bem colocou no post, mas ainda estou desconfiado se esse é um filme para cinema ou para TV. Confesso que por preconceito - ou sei lá o que, só vou assistir em DVD. Espero ser surpreendido pelo filme, pois a sua crítica em relação ao filme é muito boa.

    Abraço,

    http://cafecomnoticias.blogspot.com

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  4. Valeu pela visita e pelo prestígio Wander. Pode deixar para o DVD que vale a pena sim. No cinema ou em casa, esse filme te surpreende. justamente pq não pensamos que um filme brasileiro pudesse ser tão específico, tão focado e ainda amplo em seu público. Nesse sentido, esse filme é um achado.
    Grande abraço!

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