Igual, mas diferente; bom, mas nem tanto
A Marvel já não precisa provar nada para ninguém e, à
medida que seus planos no cinema ficam mais ambiciosos, seus filmes ficam mais
reconhecíveis. Justamente por produzir filmes com a essência do estúdio
que o diretor à frente do projeto vem se tornando uma questão cada vez mais
desimportante. Os escolhidos para dirigir O soldado invernal, uma produção de
quase U$ 200 milhões, foram Joe e Anthony Russo, cujo único crédito no cinema
até então havia sido Dois é bom, três é demais (2006), comédia meio assim
estrelada por Owen Wilson e Matt Dillon.
Os irmãos dão conta do recado e O soldado invernal é um
filme muito bem azeitado. É, também, um passo a frente na direção que a Marvel
tem traçada para si no cinema. Tanto na sua famigerada fase 2, iniciada com
Homem de Ferro 3 e que irá se exaurir em Os vingadores 2: a era de Ultron
(2015), como na receita da casa. O soldado invernal é o produto mais sério da
Marvel, mas não deixa de ser um filme com a cara do estúdio. Na lógica
corporativista, não dava para ousar tanto, afinal.
A trama se passa dois anos depois dos eventos de Os
vingadores e Steve Rogers já está ambientado, na medida em que essa adequação é
possível, ao mundo como ele é hoje. O que Rogers não consegue digerir é a
política agressiva de espionagem que a SHIED tenta implementar. Em um recorte
que o caso Snowden ajudou a tornar mais atual, complexo e convidativo. O
roteiro, porém, não ajuda. A (necessária) inserção da Hydra na trama se dá de
forma incongruente e espalhafatosa e a história de espionagem é suficientemente
banal e horizontal, a despeito da presença sempre sofisticada de Robert Redford
como o chefão ambíguo da SHIELD.
Chris Evans, que esteve tão bem no primeiro filme e em Os
vingadores, parece crer já ter decifrado o personagem de cabo a rabo e não se
esforça para envernizar os conflitos do personagem, que parecem esquecidos em
meio a crescente de ação que norteia o filme.
Daí o Capitão chega para a viúva e diz: mas esse filme é meu... |
Se há a disposição de rebuscar o material, há também a
displicência no tratamento diverso das mídias. Vícios de linguagem e narrativa
admissíveis nos quadrinhos, mas contestáveis no cinema (ex: as mortes que não
são mortes e são explicadas de maneira preguiçosa), estão começando a incomodar
no universo Marvel que segue coeso, mas começa a dar sinais preocupantes.
Como coadjuvante de luxo, a viúva negra já havia provado
funcionar muito bem e no novo Capitão América ela reforça essa percepção e faz
crescer a expectativa por um filme solo da personagem.
Enquanto entretenimento, Capitão América: o soldado invernal
mantém em alta estatura a verve criativa da Marvel. Funciona às mil maravilhas.
Enquanto filme dentro do universo Marvel é uma evolução, ainda que menos
significativa do que o estúdio quer crer. Como filme, analisado isoladamente, é
um produto superior aos demais filmes dessa fase 2 do estúdio (Homem de ferro 3
e Thor: o mundo sombrio), mas o nível não era dos mais elevados. A Marvel segue
estável, mas continua refém do ditado de que ser mãe é padecer no paraíso. É
torcer para que Guardiões da galáxia (que será lançado em agosto), uma aposta
francamente ousada, ajude a Marvel a operar fora da margem de segurança.
Discordo um pouco, rs. Acho que diante do que tem em mãos, o roteiro consegue organizar bem trama e personagens. Não achei que ficou perdido ou espalhafatoso. Na verdade, dos filmes da Marvel, só acho esse inferior ao primeiro Homem de Ferro e Os Vingadores. Mas, o nível em geral, não era mesmo tão alto.
ResponderExcluirbjs
Eu gostei, e muito dessa continuação. Além de explorar muito bem o universo do Capitão, tudo funciona melhor, incluindo o clima de espionagem apresentado. Na verdade, é o filme que os fãs dos longas da Marvel sempre curtiram. Abs.
ResponderExcluirTenho lido excelentes críticas sobre essa sequência e pretendo assistir a este filme amanhã. Ao lado do Homem-Aranha, o Capitão América é meu super herói favorito!!!
ResponderExcluirAmanda: Acho que as soluções aventadas pelo roteiro são muito pobres, mas o filme funciona muito bem a despeito disso. "Os vingadores" para mim é um dos mais fracos da Marvel, então naturalmente esse aqui se coloca acima dele.
ResponderExcluirBjs
ThiCarvalho: Tb curti o filme, mas não posso negar que achava que ele seria melhor.
abs
Kamila: Espero que goste!
bjs