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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Crítica - Capitão América: o soldado invernal

Igual, mas diferente; bom, mas nem tanto

 A Marvel já não precisa provar nada para ninguém e, à medida que seus planos no cinema ficam mais ambiciosos, seus filmes ficam mais reconhecíveis.  Justamente por produzir filmes com a essência do estúdio que o diretor à frente do projeto vem se tornando uma questão cada vez mais desimportante. Os escolhidos para dirigir O soldado invernal, uma produção de quase U$ 200 milhões, foram Joe e Anthony Russo, cujo único crédito no cinema até então havia sido Dois é bom, três é demais (2006), comédia meio assim estrelada por Owen Wilson e Matt Dillon.
Os irmãos dão conta do recado e O soldado invernal é um filme muito bem azeitado. É, também, um passo a frente na direção que a Marvel tem traçada para si no cinema. Tanto na sua famigerada fase 2, iniciada com Homem de Ferro 3 e que irá se exaurir em Os vingadores 2: a era de Ultron (2015), como na receita da casa. O soldado invernal é o produto mais sério da Marvel, mas não deixa de ser um filme com a cara do estúdio. Na lógica corporativista, não dava para ousar tanto, afinal.
A trama se passa dois anos depois dos eventos de Os vingadores e Steve Rogers já está ambientado, na medida em que essa adequação é possível, ao mundo como ele é hoje. O que Rogers não consegue digerir é a política agressiva de espionagem que a SHIED tenta implementar. Em um recorte que o caso Snowden ajudou a tornar mais atual, complexo e convidativo. O roteiro, porém, não ajuda. A (necessária) inserção da Hydra na trama se dá de forma incongruente e espalhafatosa e a história de espionagem é suficientemente banal e horizontal, a despeito da presença sempre sofisticada de Robert Redford como o chefão ambíguo da SHIELD.
Chris Evans, que esteve tão bem no primeiro filme e em Os vingadores, parece crer já ter decifrado o personagem de cabo a rabo e não se esforça para envernizar os conflitos do personagem, que parecem esquecidos em meio a crescente de ação que norteia o filme.
Daí o Capitão chega para a viúva e diz: mas esse filme é meu...
Se há a disposição de rebuscar o material, há também a displicência no tratamento diverso das mídias. Vícios de linguagem e narrativa admissíveis nos quadrinhos, mas contestáveis no cinema (ex: as mortes que não são mortes e são explicadas de maneira preguiçosa), estão começando a incomodar no universo Marvel que segue coeso, mas começa a dar sinais preocupantes.
Como coadjuvante de luxo, a viúva negra já havia provado funcionar muito bem e no novo Capitão América ela reforça essa percepção e faz crescer a expectativa por um filme solo da personagem.
Enquanto entretenimento, Capitão América: o soldado invernal mantém em alta estatura a verve criativa da Marvel. Funciona às mil maravilhas. Enquanto filme dentro do universo Marvel é uma evolução, ainda que menos significativa do que o estúdio quer crer. Como filme, analisado isoladamente, é um produto superior aos demais filmes dessa fase 2 do estúdio (Homem de ferro 3 e Thor: o mundo sombrio), mas o nível não era dos mais elevados. A Marvel segue estável, mas continua refém do ditado de que ser mãe é padecer no paraíso. É torcer para que Guardiões da galáxia (que será lançado em agosto), uma aposta francamente ousada, ajude a Marvel a operar fora da margem de segurança.

4 comentários:

  1. Discordo um pouco, rs. Acho que diante do que tem em mãos, o roteiro consegue organizar bem trama e personagens. Não achei que ficou perdido ou espalhafatoso. Na verdade, dos filmes da Marvel, só acho esse inferior ao primeiro Homem de Ferro e Os Vingadores. Mas, o nível em geral, não era mesmo tão alto.

    bjs

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  2. Eu gostei, e muito dessa continuação. Além de explorar muito bem o universo do Capitão, tudo funciona melhor, incluindo o clima de espionagem apresentado. Na verdade, é o filme que os fãs dos longas da Marvel sempre curtiram. Abs.

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  3. Tenho lido excelentes críticas sobre essa sequência e pretendo assistir a este filme amanhã. Ao lado do Homem-Aranha, o Capitão América é meu super herói favorito!!!

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  4. Amanda: Acho que as soluções aventadas pelo roteiro são muito pobres, mas o filme funciona muito bem a despeito disso. "Os vingadores" para mim é um dos mais fracos da Marvel, então naturalmente esse aqui se coloca acima dele.
    Bjs

    ThiCarvalho: Tb curti o filme, mas não posso negar que achava que ele seria melhor.
    abs

    Kamila: Espero que goste!
    bjs

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