Para todos nós
Paulo Morelli escreveu o roteiro do ótimo Vips (2010). Um
filme em que colagens temporais davam sentido a uma narrativa muito mais
ambiciosa que tinha um personagem em particular como objeto de análise. Em
Entre nós (Brasil 2014), cujo roteiro também é de sua autoria, Morelli estreia
na direção dividindo o crédito com seu filho Pedro Morelli. A ambição permeia o
projeto. Colagens temporais dão sentido à trajetória de seis personagens e de
uma geração. Mas não é só. Entre nós quer ser, também, um oásis de criatividade
na fauna cinematográfica brasileira. Filme rodado em uma locação só, ampla, mas
circunscrita; com elenco mínimo (sete atores mais alguns figurantes) e que
alterna drama, comédia e suspense em fluxo de gêneros tão bem amarrado que
torna a produção pouco, ou nada, reconhecível em sua brasilidade não fossem os
atores (todos bem conhecidos de outros carnavais) e o já famigerado excesso de
palavrões que precede o cinema nacional.
O filme começa em 1992. Vemos um grupo de amigos, jovens e
idílicos, escreverem cartinhas para que eles mesmos a leiam dali a dez anos em
um reencontro. Dez anos depois, o grupo está menor. Um dos amigos morreu de
maneira trágica. Outros se afastaram, outros se aproximaram mais, uns
experimentaram o sucesso, outros provaram do fracasso e por aí vai.
Entre nós alimenta-se dessa ruptura temporal para nos
reapresentar esses personagens, flagrados em contradição com quem eles eram dez
anos atrás. Não obstante, há tempo e disposição para rever o imaginário
cultural e político de uma geração que ainda responde pelos rumos mais
assertivos ou desastrados da nação.
Todos os personagens têm conflitos interessantes. Os de
alguns são mais bem melindrados pelo texto de Morelli, que não inventa na
direção e oferece ao roteiro e aos atores o protagonismo.
Em uma interpretação mais subjetiva, mas o subjetivismo é o
traquejo que faz Entre nós ser tão eficaz enquanto cinema, o filme de Morelli é
uma embevecida elaboração sobre amadurecimento e de como esse processo implica
em renúncia e dor, mas também em afeto e nostalgia.
Tenho lido e ouvido excelentes comentários sobre este filme, mas ainda não tive chance de conferir! Espero que continue em cartaz nos cinemas da minha cidade.
ResponderExcluirSem dúvidas, é um tratado sobre o amadurecimento. Delicado, poético e bem construído, como deve ser.
ResponderExcluirBjs
Kamila: O filme é muito bom mesmo. Vc vai gostar!
ResponderExcluirbjs
Amanda: Indeed!
Bjs
o que os autores dizem daqui www.radioccb.com.br
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