É difícil pensar em um cineasta mais adequado para contar a
história de um homem amoral, fraudulento e cheio de vícios do que o ítalo-americano
Martin Scorsese, 71 anos. O lobo de Wall Street, no entanto, não foi uma
escolha pessoal de Marty. Leonardo DiCaprio, produtor do longa, pensou
imediatamente no diretor com quem firmou parceria no começo dos anos 2000 para
dirigir essa história de ganância, loucura e perdição com Wall Street como
contexto e os anos 90 como pano de fundo.
Leonardo DiCaprio somou dois mais dois. Não há cineasta hoje
capaz de oxigenar tramas obtusas com personagens tão complexos e contestáveis
como Scorsese. E sem emitir julgamentos morais perniciosos à condução da
narrativa. Além da cultura cinematográfica ostensiva, Scorsese domina a técnica
de se fazer cinema como poucos. O traquejo visual, o impacto da trilha sonora e
a narrativa bem urdida são características que o habilitam como mestre da arte
cinematográfica.
Com sete indicações ao Oscar como diretor e mais uma a
caminho, a vitória solitária pela direção de Os infiltrados não sintetiza a
importância de Scorsese para o cinema, americano em particular, tampouco sua
qualidade.
Scorsese é daquelas figuras que projetam sombra em qualquer
corrida pelo Oscar. Talvez apenas Spielberg consiga efeito semelhante no cinema
de hoje. Mesmo quando não é indicado, e desde 2002 isso é cada vez mais raro,
Scorsese torna a corrida pelo Oscar muito mais excitante e emocionante.
Encabeçando novamente a lista de apostas na temporada, Marty
torna a atual corrida, com nomes como Steve McQueen, Alfonso Cuarón, David O. Russell
e Alexander Payne, muito mais provocadora e gabaritada.
É o peso da história do cinema a serviço de uma Hollywood que
adora auto venerar-se, mas que por muito tempo esqueceu-se do mais pródigo se
seus filhos.
Scorsese orienta DiCaprio no set de O lobo de Wall Street, quinta colaboração entre eles e a quarta que pode levá-los ao Oscar
Na sequência, a aguardada vitória de Scorsese no Oscar
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