É o filme com mais palavrões da história do cinema
americano. O lobo de Wall Street está à altura desse mito tão pouco lisonjeiro
quanto arrebatador no prisma que oferece dos propósitos do novo petardo de
Martin Scorsese, dos diretores mais completos, rebuscados e inventivos à
disposição do cinema americano moderno.
Não se trata do primeiro filme a mostrar Wall Street como
uma selva hostil e cheia de tentáculos, mas na visão horizontal, plena e cínica
de Scorsese, esse ultrajante mundo de delírios, cobiça e ganância ganha uma
reflexão pós-moderna entremeada por uma jornada alucinante ao colapso do
espírito humano e por uma crítica esperta, silenciosa e para lá de debochada
que emerge de todo o carnaval, e há de bacanais a jogo de anões ao alvo, que se
vê na tela.
Scorsese reconhece que Oliver Stone foi o primeiro a atentar
para o mundo oculto, cheio de interesses e poder de atração que se escondia nos
arranha-céus de Wall Street e discretamente insere essa referência em seu
filme. Referências transbordam em O lobo de Wall Street, que se abriga na alegoria, e nem todas gozam de
plena aceitação. Há quem conteste a virulência com que o universo de Jordan
Belfort (Leonardo DiCaprio) é exposta. Sexo no escritório, doses homéricas de
drogas diárias e um total desprezo pelo próximo. Há um divórcio no filme de
Scorsese do politicamente correto. Não há a assepsia da última visita de Stone
a Wall Street, tampouco o interesse de entender a engendragem do sistema como
no espetacular e não menos atordoante Margin call – o dia antes do fim. O
objetivo de Scorsese aqui é enfiar a mão nas entranhas de um sistema corruptor
e entender a ganância pelo avesso. É ir à epiderme dessas figuras que se
reinventam como melhores, mas muito piores, versões de seus sonhos mais loucos
e intangíveis e escravizam um sistema financeiro e todos os que a ele estão
vinculados.
Entender esse microcosmo de ganância e malandragem, em que a
sobrevivência do mais forte é uma regra que não permite hesitação, move
Scorsese.
Os solavancos da crise financeira detonada em 2008
naturalmente são uma sombra tanto para a realização como para o olhar que se
pretende lançar sobre O lobo de Wall Street. Scorsese não só não ignora essa
realidade como a utiliza para amplificar os efeitos de seu filme. O lobo de
Wall Street mostra que a perversidade prescinde de instrumentos costumeiramente
atribuídos a ela e, nesse sentido, escancara a face mais nefasta e chocante do
ser humano.
Ainda não assisti a "O Lobo de Wall Street", mas todos dizem se tratar de um dos melhores filmes de Martin Scorsese. Vamos ver se estão certos...
ResponderExcluirKamila: É um dos melhores filmes de Scorsese e, já me adiantando, da década que vivemos.
ResponderExcluirBjs
A Margot Robbie,(Naomi) é mto gata !!
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