Nesta edição especial de Em off, a verdade sobre os filmes indicados; oito omissões da academia na lista divulgada na semana passada; o que George Clooney, Meryl Streep e Christopher Plummer têm e comum; o magnata dos cenários que é favorito ao Oscar de direção de arte e o francês que está chacoalhando Hollywood.
Órfãos de Tilda
Se existe algo que irritou profundamente cinéfilos e analistas foi a exclusão de Tilda Swinton da disputa pelo Oscar de melhor atriz. A enquete promovida pelo blog corroborou essa percepção. Fantástica em Precisamos falar sobre o Kevin, a atriz acabou de fora em um ano particularmente bom para o desempenho das atrizes. Rooney Mara, que no frigir dos ovos é apontada como aquela que roubou a vaga de Tilda, também é muito merecedora da indicação. Seria Meryl Streep a vilã? Ou Michelle Williams que vive um ícone do cinema (meio caminho andado para obter uma indicação)? Seria a veterana e eterna injustiçada Glenn Close a cruela da vez? Ou empurra-se a culpa para a favorita Viola Davis que muitos criam ser, na verdade, uma coadjuvante em Histórias cruzadas? A Academia parece ter resolvido o imbróglio da seguinte maneira. De todos esses nome, as únicas premiadas são Meryl Streep e Tilda Swinton. E Tilda ganhou outro dia... (Oscar de coadjuvante por Conduta de risco em 2008). Como prova a grita generalizada, de boas intenções...
O novo príncipe encantando de Hollywood
Ser francês ajuda. É inegável. Antes da consagração, que ainda pode se tornar maior em 26 de fevereiro, Jean Dujardin era pouco conhecido até mesmo na França. O início como humorista (é mais um egresso do stand-up comedy) lhe valeu certos passes para o cinema e assim a amizade e colaboração com o diretor Michel Hazanavicius começou. Depois de O artista, ambos participaram de um projeto que já gera polêmica na França. Les infidèles reúne uma série de curtas (dentre os quais um dirigido por Hazanavecius e outro por Dujardin) sobre infidelidade masculina.
Se hoje Dujardin já é capaz de gerar polêmicas na França, isso se deve ao culto que desperta em Hollywood. A GQ de fevereiro, que tem na capa a também indicada ao Oscar Michelle Williams, destacou o francês sensação na principal matéria do mês sob o título “O homem que toda Hollywood está falando a respeito”. Dujardin revela na entrevista que tem verdadeira adoração pelo cinema americano da primeira metade do século XX e admite que Paul Newmam é um referencial de elegância para ele. Sobre mudar para os EUA, o potencial vencedor do Oscar desconversa: “sou muito parisiense. Ademais, os franceses ficariam chateados se eu mudasse. Pelo menos eu gostaria que ficassem”. Para justificar o título dessa nota da seção Em off, Dujardin disparou essa aqui: “eu adoro dançar e adoro fazer as garotas dançarem. Acho que minha geração não faz isso o suficiente”. É ou não é um charme?
Dujardin no pôster de Les infideles que está despertando a ira das feministas na França
Os reincidentes
Que George Clooney, Meryl Streep e Christopher Plummer não estão em suas primeiras indicações ao Oscar todo mundo já sabe. Os dois primeiros, inclusive, já venceram a estatueta. Meryl, duas vezes. O que chama a atenção é que a última vez que os três concorreram ao Oscar foi em 2010 e os três voltam junto à disputa em 2012. É curioso. Em 2010, Clooney concorreu ao troféu de melhor ator por Amor sem escalas. Streep tentou a sorte com Julia & Julie e Plummer obteve sua primeira nomeação por A última estação. Os reincidentes gozam de certo favoritismo em 2012. Plummer já é favas contadas por Toda forma de amor entre os coadjuvantes. Meryl Streep tenta seu terceiro Oscar com A dama de ferro. E Clooney se apresenta com Os descendentes. Será que eles topam uma terceira rodada?
E já que o assunto é Oscar...
Já é tradição. Todo ano pipocam na internet “posters verdadeiros” dos indicados ao Oscar. O site Shiznit é responsável pelos mais criativos e bem humorados. Claquete selecionou alguns dos mais bem bolados envolvendo concorrentes ao Oscar e um filme que acabou de fora.
O criador
Ele já ganhou dois Oscars e foi indicado a outros oito. O cineasta Martin Scorsese o tem como colaborador vital em sua filmografia. O italiano Dante Ferretti, depois de ser solenemente ignorado pela fantástica direção de arte de Ilha do medo no ano passado, volta à disputa pelo Oscar com o não menos magnífico trabalho realizado em A invenção de Hugo Cabret. E dessa vez, a exemplo do Oscars conquistados por O aviador e Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua Fleet, ostenta algum favoritismo.
Ferreti é um dos papas da direção de arte e cenários e, justamente por isso, é super concorrido. Seus trabalhos são sempre épicos e visualmente cativantes como nos menos comentados Entrevista com o vampiro, Encontro marcado, Cold Mountain e Dália negra.
Oito omissões da academia
Claquete não podia deixar de cornetar a lista dos indicados ao Oscar. No espírito fanfarreiro que caracteriza esse esporte que é lamentar as omissões da prestigiada Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, vamos à lista de 2012:
8 – O penis envy de Michael Fassbender
Diz-se em Hollywood que o ator, elogiadíssimo e premiado por seu papel como taradão em Shame, não ficou entre os finalistas pelo tamanho do seu documento. De um jeito ou de outro, foi uma omissão danada deixar um dos atores mais ativos (sem maldade) e impressionantes de 2011 de fora da festa.
7 – Mesmo na Tailândia...
Ryan Gosling, que está no país que foi palco das sandices de Se beber não case-parte II, para rodar um repeteco cinematográfico com o diretor de Drive, declarou que não ficou chateado por ser excluído da categoria de melhor ator. O chato para Gosling, que também teve um ano excepcional, é que ele não pode nem sair bem na fita por causa do documento.
6 – Cadê os estrangeiros na categoria principal?
Ok. O artista está lá. Mas a produção francesa tem um dinheirinho americano em seu DNA (que lhe valeu vaga no Spirit Awards, prêmio do cinema independente americano) e fala sobre a Hollywood do início do século passado. Então é quase que um café com leite se atentarmos às entrelinhas. A mesma ponderação do ano passado se faz necessária. Com a possibilidade de ter até dez filmes na categoria principal é absurdo que a academia não credencie ótimas fitas estrangeiras (A separação, A pele que habito, Melancolia) à disputa pela estatueta. Ninguém ganharia mais com a quebra desse paradigma do que o Oscar em si.
5 – Sem direito à polêmica
Não é de hoje que o Oscar resiste aos chamados ‘filmes adultos”. Aqueles com temáticas mais sombrias e violentas. Para cada Onde os fracos não têm vez e Os infiltrados que sai premiado, um Taxi driver ou Pulp Fiction sai derrotado. Em 2012, no entanto, chamou a atenção a quase total exclusão desses tais filmes do Oscar. Drive e Os homens que não amavam as mulheres até conseguiram indicações, mas ficaram de fora da disputa principal. Além de terem sido bem menos contemplados do que mereciam. Outros esquecidos foram os perturbadores Shame e Precisamos falar sobre o Kevin.
4 – Às favas com Leo
Cada vez mais parece que Leonardo DiCaprio entrará para aquela galeria de atores injustiçados pela academia a qual Peter O´ Toole é expoente máximo. J.Edgar foi um filme bastante contestado, mas a atuação de Leonardo DiCaprio, de alguma maneira, sobreviveu ao escárnio recebido pelo filme. Mas esse dado não foi o suficiente para viabilizar a quarta candidatura ao Oscar do ex de Gisele Bündchen.
3 – O enigma David Fincher
Não à toa, Fincher desdenha do Oscar. Seu trabalho em Os homens que não amavam as mulheres é tão espetacular e superior aos concorrentes (talvez apenas Scorsese entregue algo equivalente) que seria covardia a competição. Fincher já era o melhor do ano passado (novamente Scorsese com Ilha do medo foi o equivalente) e mais uma vez apresentou o melhor trabalho de direção do ano. Mesmo que a lista do Oscar não suporte isso.
2 – O comediante errado?
Dois dos favoritos da crítica ficaram de fora do Oscar de ator coadjuvante. Albert Brooks, por um impensável papel dramático como um mafioso em Drive, e Patton Oswalt por um papel mais leve em Jovens adultos. Ambos são atores mais identificados com a comédia que apresentaram performances sutilmente dramáticas nos respectivos filmes. Ambos foram preteridos pelo Oscar que favoreceu o mais jovem Jonah Hill, pouco lembrado pela crítica. Não deu outra. Essa omissão integrou dez em dez listas dessa natureza de críticos ao redor do mundo. E não está contabilizada essa aqui em Claquete.
1 – Filmes diminuídos
Dois dos melhores filmes de 2011 se viram restritos às categorias de roteiro. Tudo pelo poder, um drama político elegante e inteligente, e Margin call – o dia antes do fim, um thriller financeiro de primeira grandeza. As indicações para melhor roteiro adaptado e original, respectivamente, não fazem justiça ao primor que são esses filmes.
Please nominate me foi o melhor de todos. hehe.
ResponderExcluirbjs
Ótimo post, Reinaldo!!
ResponderExcluirJean DuJardin é o George Clooney da França e quer saber? Pra mim, é MUITO mais charmoso e cativante que sua versão norte-americana. Espero que ele vença, apesar de ainda não ter assistido a sua atuação em "O Artista" e ter gostado muito do trabalho de George Clooney em "Os Descendentes".
A grande briga do Oscar 2012 é na categoria de Melhor Atriz mesmo! Viola Davis e Meryl Streep vai ser suspense até o fim, mesmo que a Meryl vença no BAFTA, continuará imprevisível pra mim.
Em relação às ausências, me parece que a mais criminosa mesmo foi a da Tilda Swinton. Assisti a "J. Edgar" ontem e, pra ser sincera, não teria indicado o Leonardo di Caprio. Achei ele muito caricatural e a maquiagem não ajuda. A melhor atuação desse longa é a do Armie Hammer.
Beijos!
Amanda: Sátiras inspiradas, não é mesmo?rsrs
ResponderExcluirbjs
Kamila: Obrigado Ka. Pois é, Dujardin tá cativando mesmo, né? Quanto as ausências, para mim, a mais absurda de todas foi a não indicação de Os homens que não amavam as mulheres nas categorias de filme e direção.
Bjs