quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Crítica - O artista

Cinema maiúsculo!

O que mais impressiona em O artista (The artist, EUA/FRA 2011) é sua força narrativa. Algo que pode surpreender um público pouco calejado no cinema dos anos 20, que é revisitado com graça e nostalgia pela fita de Michel Hazanavicius.
É fato que uma produção em preto e branco, quase totalmente muda, sobre a transição do cinema mudo para o cinema falado carrega alguma excentricidade em seus poros. Indubitavelmente, O artista se preenche de todo o charme que promete e entrega um entretenimento sensorial, profundamente cativante e ainda mais encantador do que é possível supor.
George Valentin (Jean Dujardin) é um astro do cinema mudo que não se adapta ao advento do som, personagem claramente decalcado de figuras reais como John Gilbert e Rodolfo Valentino. A dançarina Peppy Miller (Bérénice Bejo), que nutre uma paixão platônica por Valentin, no entanto, surfa nas ondas do som e se torna uma grande estrela do “cinema do futuro”. O artista, então, passa a acompanhar a imersão depressiva de George Valentin e o sucesso ressentindo de Peppy que não desiste de vencer o orgulho ferido do astro do cinema mudo.

A arte do artista: George Valentin em seu momento de glória


Michel Hazanavicius realiza um trabalho primoroso. Poucas vezes o cinema viu tão bom uso de uma trilha sonora. E que trilha sonora é essa composta por Ludovic Bource? Estupenda! O som surge como um elemento poderoso dentro da lógica dramática do filme e, na cena final, irrompe transformador e mais revelador do que nunca. A magia, em O artista, dá vez, então, ao realismo.
É preciso fazer um aparte no que toca Jean Dujardin. Não é fácil carregar um filme nas costas. Muito menos quando não se pode falar. Dujardin, limitado ao básico por contingência narrativa, se mostra expressivo e sensível. O ator tange níveis inimagináveis ao fazer com que o público ouça as angústias de Valentin como se lhe fossem cochichadas ao pé do ouvido. Sentimental, carismático, poderoso! Dujardin é a mais metonímica presença de O artista. E por falar em figuras de linguagem, a fita de Hazanavicius é a mais apaixonante metalinguagem cinematográfica surgida nos últimos anos. Assim como o clássico mor de Billy Wilder, Crepúsculo dos Deuses, O artista versa sobre o mundo de Hollywood e a decadência de uma de suas mais vigorosas estrelas. Mas o fato de ter sido feito neste exato momento histórico o eleva de estatura. O cinema nunca foi tão maiúsculo; tão essencial; tão puro.

5 comentários:

  1. Vc realmente gostou do filme, q bom, pq esse não me emocionou em quase nada. A trilha sonora é estupenda mesmo, mas...

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  2. acho o filme superestimado até dizer chega. não é nada que não tivemos visto antes.

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  3. É Reinaldo...

    'O Artista' é um divertimento delicioso, inocente, incomum para os dias de hoje, porém, acho que sua narrativa fique mesmo com aqueles que nutrem pelo cinema um conhecimento. Creio que o leigo será uma espécie de Valentin que rejeita a novidade do cinema, às avessas neste caso, até irônico.

    Adoro esta fábula, as soluções geniais que partem de uma simplicidade, apesar dos furos da premissa, é realmente um filme gostoso de assistir. Maiúsculo e encantador. Uma brincadeira travessa.

    Abraço.

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  4. Para ser curta e direta: estou ansiosíssima para assistir a este filme.

    Beijos!

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  5. Celo Silva: Sim. Gostei do filme Celo, mais até do que pensava que iria gostar. Mas a natureza da crítica não está assentada no fato de eu ter gostado ou não do filme...
    Abs

    Cleber:Concordo que o filme esteja sendo superestimado e que não apresenta genuinamente nada novo. Mas é um filme bom e muito corajoso. Merecer ser reconhecido por isso. É para vencer o Oscar? Tb acho que não. Mas aí já é outra história...

    Rodrigo:Excelente reflexão meu caro.
    Abs

    Kamila: Tomara que consiga ver antes do Oscar.
    Bjs

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