Para muitos já é o melhor filme do ano. Os brasileiros poderão dar sua palavra sobre “o filme do Facebook” a partir de 3 de dezembro, quando A rede social estréia nas salas nacionais. O novo filme de David Fincher agrada quase que a totalidade da crítica, mas no começo não foi bem assim. “Eu também não gostaria que fizessem um filme sobre os erros que cometi quando tinha 19 anos, mas ei, eu não criei o Facebook”, declarou de forma tão definitiva quanto emblemática o produtor do filme, Scott Rudin. A fala de Rudin denota duas coisas: em um primeiro momento a resistência a produção do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, figura que sai um tanto avacalhada do filme e, em segundo lugar, a disposição da realização em pormenorizar os percalços da construção de um império da tecnologia moderna.
... e enfrentando disputas letigiosas com as poucas pessoas que faziam parte de seu círculo social
“Tenho grande compreensão do personagem. Um cara que muitas vezes não se sente confortável em situações sociais, mas é muito criativo. Ao invés de se sentir mal por não se dar bem com outras pessoas, ele cria coisas incríveis. Uma delas é o Facebook”, explicou Jesse Eisenberg (que interpreta Zuckerberg no filme) em entrevista ao portal brasileiro IG. Eisenberg, porém, não defende o personagem. Ele reconhece que o criador do Facebook tem uma moral questionável. Processado por plágio, deslealdade entre outras coisas, Zuckerberg perdeu milhões em disputas judiciais contra ex-parceiros e até mesmo ex-amigos (como o brasileiro Eduardo Saverin vivido no filme pelo próximo homem aranha Andrew Garfield). “Ele encara o Facebook como um filho, e quando alguém tenta ferir seu filho, ele sente que está sendo ferido também. Acho que dessa forma ele é muito ético, está protegendo sua cria – no caso, um site.”, argumenta Zuckerberg. Vale lembrar que em 2000, uma fala do personagem de Mel Gibson no filme O patriota gerou muitas controvérsias à época. E a frase guarda semelhanças com o raciocínio apresentado por Eisenberg aqui. A frase? “Eu sou pai. Não posso me dar ao luxo de ter princípios”. Apesar de suscetível a diversas intervenções filosóficas, o raciocínio do pai vivido por Mel Gibson em O patriota e da leitura que Eisenberg faz de seu personagem são compreensíveis, principalmente em um cenário de competição como o proposto por A rede social. “É um retrato da geração web 2.0”, escreveu o jornal San Francisco Chronicle em sua crítica do filme. “É ficção”, declarou Mark Zuckerberg em entrevista ao mesmo jornal. “Os fãs do Facebook irão ignorar o filme”, acrescentou. Eles não ignoraram. A rede social liderou as bilheterias americanas por duas semanas e se pagou em 15 dias. A distribuição internacional ainda está incompleta. O filme ainda será lançado em mercados capitais como México, Inglaterra e Japão. Com a proximidade da temporada de premiações, o filme está cotadíssimo para o próximo Oscar, tudo indica que A rede social (e as maledicências de Zuckerberg) estará mais em voga do que nunca.
Mark Zuckerberg capricha no sorriso: ele sabe que A rede social, a despeito de traçar um retrato pouco fotogênico de sua pessoa, será boa publicidade para seu negócio
Contudo, todos sabem muito bem que o filme agrega elementos de ficção à realidade. O que torna tudo muito mais envolvente e cativante. Além de servir ao propósito primeiro de David Fincher: traçar o retrato de uma geração a partir de Zuckerberg e seu núcleo, não o contrário. É por isso que o homem por trás do Facebook, que seguramente ainda guarda alguns segredos, pode dormir tranquilo.
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