Crise de maturidade!
É pacífico que em seu sétimo longa metragem, a saga Harry Potter se dê ao luxo de se dirigir apenas para iniciados. Mas o sétimo filme abrange uma questão muito mais aterradora do que a proximidade do final da saga. Ao optar por dividir o último livro em dois filmes, os produtores se esmeraram na justificativa de que dessa maneira estariam contribuindo para um melhor senso de encerramento da série. Flertavam assim com os fãs primordiais, aqueles que seguem o bruxo e todo o universo criado por J.K. Rowling desde a publicação do primeiro livro. Contudo, Harry Potter e as relíquias da morte - parte 1 (Harry Potter and the deathly hallows: part 1, EUA/ING 2010) negligencia uma outra base consolidada de fãs: aqueles conquistados com o lançamento do primeiro filme. As relíquias da morte, argumentam os míopes, é a adaptação mais fiel de toda a saga. Não chega a ser uma inverdade, mas é um relativismo bípede. De fato, As relíquias da morte reproduz, quase que de quadro a quadro, a narrativa detalhista de J.K. Rowling, mas esse fato se dá única e exclusivamente pela necessidade de encher linguiça. Ora, David Yates é o responsável pelo melhor filme da saga até aqui, A ordem da fênix, justamente o livro mais grosso de todos e que marcava, também, a estréia de Yates à frente de Harry Potter. Uma boa adaptação deve ser tomada como aquele filme que consegue capturar intimamente o espírito de uma obra, seja ela literária ou de outra procedência. Por isso o quadrinista e neo diretor Frank Miller não obteve sucesso quando copiou a si mesmo em Spirit (2008).
Em As relíquias da morte o clima sombrio se instala de vez, mas o filme falha em suscitar tensão genuína |
O sétimo filme pode ser a mais perfeita tradução das páginas de Rowling até aqui, mas como cinema é, seguramente, o mais problemático dos filmes. Justamente pela opção de estender a saga além do desejável. O filme tem um ritmo lento (é esticado por demais em sua metragem), um clímax falso (que não funciona apesar do carisma do elfo Dobby) e os atores novamente regridem. Depois do salto em qualidade verificado nos últimos dois exemplares, Daniel Radcliffe, Emma Waltson e Rupert Grint parecem penar com a carência do texto. É como se os personagens estivessem presos em areia movediça. As caras e bocas de Emma (que se acentuam a medida que o filme avança) é um bom termômetro disso. O único momento em que os atores podem trabalhar com mais densidade é quando o ciúme se assenta no trio e é justamente aí, e somente aí, que o sétimo filme tem faíscas.
Dizer que a saga Harry Potter enveredou por um aspecto sombrio e de sombras já é lugar comum. Não é uma novidade deste filme, assim como não é novidade o impecável trabalho de direção de arte e de fotografia, assinada neste sétimo filme (e também no oitavo) pelo português Eduardo Serra. Dono de trabalhos tão diversos quanto impressionantes como Corpo fechado (2000) e Moça com brinco de perola (2003), Serra utiliza paletas e lentes que realçam o clima fúnebre que acompanha a série neste momento. Se existem nuanças narrativas no sétimo Harry Potter, elas estão todas atreladas à parte técnica do filme.
Na trama, Harry, Hermione e Rony se aventuram na busca pelos horcruxes que precisam ser destruídos para aniquilar o senhor das trevas, Lorde Voldermort. A missão, como bem sabemos, não acabou. Tudo indica que o oitavo filme será melhor e mais equilibrado. Fica, de qualquer forma, esta mácula na saga de Harry Potter nos cinemas.
Não sou grande fã da saga, mas gostei desta primeira parte. Agora é esperar pela segunda parte ...
ResponderExcluirEu não vejo a hora de assistir esse filme. O anterior, na minha avaliação, foi um dos melhores da série. É interessante observar o quanto a história e os conflitos vão amadurecendo. O mais bacana desse filme é ver os atores crescendo ano após ano, o que dá mais realidade a história. Parabéns pela crítica! Abraço
ResponderExcluirNossa, tou com muita curiosidade pelo longa e por esse amadurecimento na reta final. Preciso conferir.
ResponderExcluirEsse negócio de adaptação é um causo sério mesmo, rsrsrs
ResponderExcluirE o livro é um dos mais difíceis, é meio arrastado, a J.K tem uns momentos José de Alencar, que só quem leu Iracema entende...
Mas como prometi levar o irmãozinho ao filme, faço o sacrifício, rsrsrs E torço para a saga terminar melhor.
Não concordo com absolutamente nada do que dizes em tua crítica. Mas isso tu já o sabias, certo?
ResponderExcluirSinceramente, achei-a bem rasa, como o filme, é verdade.
Contudo, de quem menos gosto é de Steve Kloves! Quem leu os livros (mas, principalmente, quem não os leu!), não pode tolerar as adaptações dos episódios 5 e 6! O sexto rende por si só uma aula de "como não se deve fazer um roteiro adaptado"... Só para citar um exemplo: acompanhar as duas missões dada por Voldemort a Malfoy, a de assassinar Dumbledore e a de trazer um armário sumidouro para dentro de Hogwarts rende páginas e páginas, e, quanto à segunda missão, não há, nem no roteiro nem no filme, justificativa narrativa compatível. Ou Você-Sabe-Quem queria ver os Comensais da Morte passeando pelo castelo ou ele ele queria mesmo era atazanar o coitado do Malfoy... Totalmente desprezível!
Enfim, já sabes que ainda continuo a preferir o 3º episódio: um show de entretenimento, sem descuidar da estética!
No Feelings! rsrsrsrsrsrs
Grande abraço.
;)
Alan: É isso aí. Abs
ResponderExcluirWander: Valeu Wander. Quem gosta de Harry Potter não sairá insatisfeito do cinema. Abs
Luis: Espero que vc goste Luis, mas reitero o aviso, é o mais fraco de todos.Abs
Aline: Nem me fale em Iracema!rsrs.Pois é, a história lembrará deste como o Harry Potter mais fraco. Quem viver verá! Bjs
Cássio: Que isso rapaz! Toda a opinião é bem vinda. Ainda mais opiniões dissonantes. Já sabia da sua predileção por este filme e já havia indicado que não concordava com vc. Bem, acho que eu abordei isso na crítica. Quem era fã do Potter dos livros (e da narrativa detalhada de J.K. Rowling) irá, por razões óbvias, apreciar mais esse filme. Negligenciados foram os fãs angariados pelos filmes que receberam um produto um tanto capenga. Agora, isso nada tem a ver com o fato do filme ser arrastado, sem um climax legítimo e entre outros pontos que eu citei. Isso se dá pelo fato de fazer um filme de duas horas e 20, quando podia-se tranquilamente arrematar a história desse parte 1 em hora e meia.
Em termos de estética, O prisioneiro de Askaban é mesmo triunfante. Cuáron pautou o trabalho de Yates por exemplo. Mas considero um filme menor da saga de Potter. E já que a coisa é ranking: Vamos ao meu de Potter:
1- A ordem da fênix
2- O cálice de fogo
3- A câmera secreta
4 - A pedra filosofal
5- O enigma do príncipe
6- O prisoneiro de Askaban
7- As relíquias da morte - parte 1
Grande abraço meu amigo!
Como apenas espectador, e não leitor, da saga HP, concordei em gênero, número e grau com a crítica, Reinaldo!
ResponderExcluirAbs
Obrigado pelo endosso Diego. Veio em boa hora!
ResponderExcluirGrande abraço!