Exite uma teoria corrente no cinema, em voga desde o surgimento da Nouvelle Vague, de que os diretores são os autores de um filme. Se há uma pessoa no mundo que pode relativizar essa, que é a mais consistente e mais aceita, teoria do cinema, essa pessoa é Charile Kaufman. O roteirista Nova iorquino de 50 anos sempre chama mais atenção do que o diretor, ou mesmo atores, dos filmes. Seus roteiros são tidos como únicos e sempre são uma atração a parte.
Kaufman começou escrevendo para tv. Foram especiais, jornalísticos e seriados de tv. Até que em 1999 o mundo parou ante um filme de premissa amalucada. Quero ser John Malkovic trazia uma Cameron Diaz feia e um John Cusack hiper ativo que haviam descoberto uma passagem secreta para a cabeça do ator, e passaram a comercializa-la. O filme foi recebido com louvores pela critica e indicado a muitos prêmios. Colocou Kaufman no mapa. Seu celular começou a tocar.
Contudo, o roteirista não aceitava projetos já encaminhados. Gostava de criar. De ser o responsável direto pelo brilho do filme. Se isso é compensador é também muito desgastante. A natureza quase humana, filme experimental que escreveu para o francês Michel Gondry dirigir em 2001, não repetiu o sucesso de Quero ser John Malkovic e muitos passaram a ter Koufman como um engodo.
Em 2002, o roteirista viveria uma dicotomia muito particular em sua carreira. Escreveu Confissões de uma mente perigosa para que George Clooney, uma das figuras mais queridas em Hollywood, pudesse estrear na direção. O filme foi recebido com reservas e Koufman e Clooney se desentenderam profundamente. Há registros de discussões e trocas de ofensas. Houve inclusive algumas farpas trocadas entre os dois, através da imprensa, na ocasião do lançamento do filme. Tudo porque Clooney teria recusado creditar Kaufman como autor supremo da fita. Uma questão de ciúmes, enfim. Fato é, que Kaufman até hoje carrega o estigma de ser a única inimizade de Clooney no mundo de Hollywood.
Ainda em 2002, o roteirista daria a volta por cima. Adaptação, nova parceria com Spike Jonze, de Quero ser John Malkovic, fez grande carreira comercial, agradou muitos críticos e participou de muitas premiações, ganhando inclusive alguns prêmios. Em Adaptação, o roteirista aproveitou-se de um infortúnio. Tinha que adaptar um livro, mas estava se sentindo bloqueado. Fez então um roteiro sobre esse bloqueio. Inseriu-se como personagem e ainda criou um irmão fictício com todas as características que gostaria de ter. Nicolas Cage viveu os dois no filme. O filme foi um sucesso e protagonista de uma gafe da acadêmia. Que o nomeou a categoria de melhor roteiro adaptado - quando tratava-se de um roteiro original, sobre a dificuldade de se adaptar a obra a Orquídea selvagem. Não importava. Kaufman havia conseguido recuperar seus status.
Da esquerda para a direita: Michel Gondry, Kate Winslet, Kaufman e os oscars por Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Em 2004, viria o Oscar. Brilho eterno de uma mente sem lembranças, nova colaboração com Michel Gondry, é ,talvez, a história de amor mais triste e romântica já produzida. No filme Kate Winslet participa, após romper namoro com Jim Carrey, de um tratamento revolucionário. No qual pode apagar memórias indesejadas. Carrey, ciente disso, resolve fazer o mesmo. Durante o processo se arrepende e tenta esconder as memórias. O filme ganhou o Oscar de roteiro original e muitos outros prêmios. É saudado como um dos melhore filmes da década e é, de fato, o melhor trabalho de Kaufman que ali atingira um índice de popularidade impensável para um roteirista.
Confiante e ambicioso, Kaufman se lançou em um novo desafio. A direção. Sinedoque Nova Iorque (2008) é um filme muito pessoal. Preserva as idiossincrasias comuns a sua persona, mas de alguma maneira a escrita de Kaufman acabou diluída. Percebe-se então, que para o texto de Kaufman brilhar tanto, é necessário um diretor que saiba filtrá – lo parcimoniosamente. Kaufman mostrou-se incapaz disso. A declaração de amor ao teatro e a reavaliação das escolhas tomadas presentes em Sinedóque Nova Iorque não tem a propulsão dos outros temas aventados por Kaufman.
Kaufman momentaneamente não está envolvido em nenhum projeto. Após a má acolhida da critica a seu último filme, imagina-se que esteja reavaliando, tal qual seu alter ego em Sinedoque, suas escolhas. Kaufman é sem dúvida alguma um autor. Perturbado e amargurado, como manda o figurino. Esperamos apenas que volte logo de seu retiro.
Em 2004, viria o Oscar. Brilho eterno de uma mente sem lembranças, nova colaboração com Michel Gondry, é ,talvez, a história de amor mais triste e romântica já produzida. No filme Kate Winslet participa, após romper namoro com Jim Carrey, de um tratamento revolucionário. No qual pode apagar memórias indesejadas. Carrey, ciente disso, resolve fazer o mesmo. Durante o processo se arrepende e tenta esconder as memórias. O filme ganhou o Oscar de roteiro original e muitos outros prêmios. É saudado como um dos melhore filmes da década e é, de fato, o melhor trabalho de Kaufman que ali atingira um índice de popularidade impensável para um roteirista.
Confiante e ambicioso, Kaufman se lançou em um novo desafio. A direção. Sinedoque Nova Iorque (2008) é um filme muito pessoal. Preserva as idiossincrasias comuns a sua persona, mas de alguma maneira a escrita de Kaufman acabou diluída. Percebe-se então, que para o texto de Kaufman brilhar tanto, é necessário um diretor que saiba filtrá – lo parcimoniosamente. Kaufman mostrou-se incapaz disso. A declaração de amor ao teatro e a reavaliação das escolhas tomadas presentes em Sinedóque Nova Iorque não tem a propulsão dos outros temas aventados por Kaufman.
Kaufman momentaneamente não está envolvido em nenhum projeto. Após a má acolhida da critica a seu último filme, imagina-se que esteja reavaliando, tal qual seu alter ego em Sinedoque, suas escolhas. Kaufman é sem dúvida alguma um autor. Perturbado e amargurado, como manda o figurino. Esperamos apenas que volte logo de seu retiro.
Fotos: divulgação
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