Quando dois astros se encontram
É sempre um evento. Quando dois astros ou estrelas da mais fina estirpe se juntam em um projeto, é como se o mundo parasse á aprecia-los. É um frenesi coletivo, um alvoroço generalizado e um acontecimento pop. Quando dois atores de fama e talento maiores do que a mortalidade se enfrentam, geralmente é um enfrentamento mesmo, o mundo do entretenimento e toda a indústria que o gravita põem- se a admirar.
Nesse fim de semana estréia O sequestro do metrô 123, refilmagem de um filme de 1974, que tem como grande atrativo o duelo entre os astros John Travolta e Denzel Washington. Travolta faz o bandido e Denzel o mocinho. É geralmente assim que funciona. Bandidos e mocinhos. Bons e maus. Vilões e pacifistas. Mas esses " star reunions" não se resumem apenas às fitas de ação. Nas comédias, especialmente as românticas, e em alguns dramas esse também é um recurso bastante comum para atrair uma bilheteria mais pluralizada.
Poster japonês de O sequestro do metrô: Frenesi global
Esse coringa que produtores e diretores, e os próprios atores, lançam mão vez ou outra tem um objetivo cristalino, embora se desdobre em algumas variantes, fazer dinheiro. Se você é um produtor, tem uma boa história mas não tem investimento, uma boa maneira de vender o projeto para um estúdio seria promovendo um encontro de astros, para viabilizar o projeto. Os atores por sua vez, teriam a vaidade afanada e a exposição acentuada. Pelo lado dos diretores, um encontro de astros significa mais atenção da mídia e oportunidades diversas para esconder as limitações (do roteiro, ou até mesmo as suas) da constante critica inquisidora.
Para os atores são muitas as razões que os levam a colaborar com colegas de grande estatura artística. Pode ser amizade, dinheiro, um roteiro imperdível, uma carreira em baixa, etc e etc. Fato é que independentemente das razões que levam esses encontros a tomarem forma, eles sempre exercem uma fascinação que não encontra par fora do cinema. Talvez a música ofereça momentos de excitação semelhantes, mas o alcance universal e multi midiático que os astros do cinema ostentam é algo ímpar.
Denzel Washington e John Travolta, que medem forças em O sequestro do metrô 123, já estiveram em "grandes encontros" com outros astros. Denzel dividiu a cena com Russel Crowe no hypado O gangster há dois anos atrás. O curioso aqui, é que Washington e Crowe já haviam dividido a cena em Assassino virtual, ficção de 1995, quando apenas Washington gozava de alguma notoriedade. O resultado dos filmes não poderia ser mais diferente. Em um belo exemplo do quanto uma celebridade, ou melhor duas, podem ajudar a levantar o ibope de um filme.
Travolta foi o vilão e Nicolas Cage foi o mocinho em A outra face, clássico filme de ação high tech de John Woo que foi grande atração do verão de 1997. O poster do filme focava nas faces dos dois protagonistas. O filme, cujo mote era troca de identidades, teve no confronto de astros seu grande acerto.
John Travolta em outro momento de antagonismo estrelado
Amores & estrelas
Se tem um gênero que continua precisando muito dos atores é a comédia romântica. Se robôs e heróis mascarados dominam a cena nas franquias de ação, o público das comédias gosta de ver determinados atores em determinados papéis. Meg Ryan que por muito tempo ostentou o título de namoradinha da América teve suas melhores bilheterias dividindo a cena com outro rei das bilheterias. Tom Hanks foi seu parceiro em Sintonia de amor, simpática fita de 1993 dirigida por Nora Ephron. A mesma Nora Ephron chamou Hanks e Ryan para reprisarem a parceria em Mensagem para você. A bilheteria dobrou. Já que ambos estavam mais famosos.
Sandra Bullock, outra veterana da comédia romântica recorreu ao mesmo expediente. Surgiu para o mundo ao lado de Keanu Reeves em Velocidade Máxima, de 1994. Doze anos depois, reeditou a parceria com Reeves no romance A casa do lago. Que se não teve o resultado de bilheteria esperado, serviu para lhe proporcionar exposição de sobra.
Recentemente Kate Hudson e Matthew McConaughey viveram situação semelhante. Após o sucesso acachapante e todo o buzz a respeito da química entre eles em Como perder um homem em 10 dias, de 2003, muita gente, inclusive ambos os atores, tentou capitalizar em cima da memória do público com Um amor de tesouro, que trazia os dois juntos novamente, no ano passado.
Sandra Bullock e Keanu Reeves em A casa do lago: Eles tentaram reeditar a química de outrora com o estrelato já consolidado, não deu tão certo
A despeito da repetição de parcerias, nem sempre surtindo o efeito desejado, o "star reunion" é algo que as vezes justifica um filme. Ano passado, essa foi a razão de ser de As duas faces da lei. Filme, cuja única proposta era fazer Al Pacino e Robert DeNiro dividirem a cena mais uma vez. O "star reunion" também é um elemento usado para polarizar o discurso pretendido por um diretor. Algo que Michael Mann já havia feito com De Niro e Pacino em Fogo contra fogo e tornou a fazê-lo esse ano em Inimigos públicos, opondo Christian Bale e Johnny Depp.
Na realidade muito particular do mundo dos famosos, astros e filmes se retroalimentam de maneira a permitir a perpetuação do encanto centenário que o cinema exerce sobre nós mortais.
Pacino e De Niro em As duas faces da lei: O filme foi concebido para que os dois pudessem dividir a cena
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