sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cantinho do DVD

Woody Allen está em alta nos cinemas brasileiros. Tudo pode dar certo pode não levar multidões aos cinemas como o fazem Homem de ferro 2 e Alice no país das maravilhas, mas o último Woody Allen é o filme mais bem cotado no quadro de críticos de jornais como Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil. Nada mais oportuno do que recuperar um ótimo Woody Allen dos anos 90 (uma das épocas em que seu cinema menos chamou atenção). Poderosa Afrodite concorreu a três Oscars (levou o de atriz coadjuvante para a ótima Mira Sorvino) e foi mais um exemplar na filmografia do diretor americano a dialogar com a mitologia grega, contante inspiração de Allen. Aqui, esse componente aparece de forma muito bem ajambrada na narrativa. Uma piada típica de Woody Allen. É bem verdade que o humor de Poderosa Afrodite é menos acessível do que o vislumbrado em Tudo pode dar certo, mas ainda assim é uma excelente e sofisticada pedida.




Crônica & Poesia

Woody Allen é daqueles diretores capazes de criar personagens fortes até mesmo em filmes aparentemente banais. Em Poderosa Afrodite (Mighty Afrodite EUA 1996), o diretor, que também protagoniza a fita, conta o drama de Linda Ash (Mira Sorvino) moça que vinda do interior e devido a falta de oportunidades aliada a desinformação acabou se tornando prostituta. Linda depois de ter um filho lhe entrega para adoção. Essa criança foi adotada pelo casal vivido por Helena Bohan Carter e Woody Allen. O personagem de Allen intrigado com a inteligência da criança decide rastrear suas origens. Chega então a Linda e decide ajudá-la a sair daquela vida, mesmo que ela rejeite a ajuda a principio.
Poderosa Afrodite é salutar por trazer em seu escopo todas as referências do cinema de Allen. Estão lá os elementos da mitologia grega (dessa vez incorporados de forma engenhosa à narrativa), os personagens femininos fortes e marcantes, a neurose que caracteriza o diretor, a Nova Iorque cosmopolita e contraditória, a autoparódia com os judeus; enfim Allen rememora sua obra ao agregar mais um exemplar de cores vivas a ela.
Sem grandes pretensões artísticas, Poderosa Afrodite traça o retrato de personagens envoltos com banalidades cotidianas. A burguesia retratada por Allen ganha nesse filme, porém, um elemento romântico dos mais tenazes. Allen extrai poesia de uma situação envolvendo bebês, compadecimento e sexo por carência. O cronista social cede espaço ao poeta. Para entender essa poesia, só vendo o filme.

2 comentários:

  1. Para mim, um dos trabalhos mais primorosos de Allen - ainda que poucos concordem comigo.


    Mira Sorvino mereceu o Oscar, gosto da composição dela neste filme.

    Abraço

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  2. Não colocaria este filme entre os trabalhos mais primorosos de Allen, embora o considere um de seus melhores da década de 90.

    E quanto a Mira, concordamos em absoluto.
    ABS

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