terça-feira, 11 de agosto de 2009

Perfil: Philip Seymour Hoffman

Homem de mil faces
Nascido em 23 de julho de 1967 no estado de Nova Iorque, Philip Seymour Hoffman começou a chamar a atenção para si em 1997 no primeiro filme do diretor Paul Tomas Anderson. Muito antes disso já dividia a cena com grandes nomes do cinema, como Al Pacino em Perfume de mulher de 1992.
Hoffman é daqueles atores que vai bem em qualquer papel. Isso em parte tem a ver com seu tipo fácil, gordinho, loiro, de traços simples e bem delineados. Contudo, é o talento que favorece indiscriminadamente o camaleônico Hoffman. O ator é dotado de uma sensibilidade ímpar, de uma intuição poderosa e um senso critico dos mais felizes. Essa combinação tem feito com que Hoffman seja o ator americano mais interessante do momento, superando até mesmo legendas ainda em atividade.
Se existe um tipo comum a sua filmografia são os personagens sob os quais paira algum tipo de desvio. Seja moral, seja de sexualidade, seja de conduta. Enfim Hoffman parece viver personagens desajustados com grande naturalidade, o que não quer dizer absolutamente nada sobre o ator como pessoa, mais um mérito de suas itinerantes criações.
Sempre compondo de dentro para fora, pode - se verificar a acuidade do trabalho do ator ao pegar um tipo de personagem que ele já tenha interpretado e fazê-lo de maneira totalmente diferente. Hoffman não se repete, mesmo que os personagens tenham muitas características em comum.
Por exemplo, o ator já viveu personagens gays inúmeras vezes. Boogie Nights - prazer sem limites, O talentoso Ripley, Ninguém é perfeito, Magnólia e Capote são apenas os filmes mais famosos em que o ator interpretou homossexuais. Em todos os casos o tom do registro é diferente. Seja na postura ou no tom de voz, o ator sempre lança mão de um recurso novo e muitas das vezes surpreendente. Como em Capote que lhe valeu entre tantos prêmios, o da acadêmia. Ali o ator incorpora trejeitos do biografado e alcança um timbre de voz totalmente diferente do seu. A integridade de sua atuação é notável. Ele cria um tipo efeminado, mas não afetado, debochado, mas não grosseiro - além de outras nuanças que o personagem pedia. Em Boogie nights- para estabelecer uma base de comparação- ele cria um tipo imaturo, afetado, atrevido até, em um caminho diametralmente oposto daquele contemplado em Capote.
E é justamente a partir de Capote que Hoffman tem se preservado mais e selecionado com mais apreço seus trabalhos. Depois da consagração artística, o ator parece disposto a adentrar a galeria dos grandes. Uma a uma suas atuações se aglomeram como melhores e melhores seja qual for o critério para aferi-las. Desde o oscar em 2006, o ator já voltou duas vezes a cerimônia por Jogos do poder em 2008 e Dúvida em 2009. Isso, porque houve uma peneira, informal obviamente, para que se chegasse a um denominador comum em relação ao filme pelo qual o ator seria indicado. Em 2007, além de Jogos do poder, o ator foi visto com a habitual competência em A família Savage e, devastador, em Antes que o Diabo saiba que você está morto. Ano passado além de Dúvida, Hoffman esteve brilhante em Sinédoque Nova Iorque.
O ator que já se experimentou em comédias (Quero ficar com Polly), também emprestou sua sofisticação ao Blockbuster Missão impossível 3. Aí está outra base para analisar a capacidade camaleônica de Hoffman. Ele vive com a mesma contundência um sujeito grotesco e pamonha como na comédia em que dividiu a cena com Ben Stiller e um terrorista internacional de fino trato na franquia capitaneada por Tom Cruise.
É prazeroso assistir Hoffman em cena. Ator capaz de hipnotizar uma platéias das mais dispares. Cheio de recursos e extremamente inventivo, Hoffman não parece se intimidar com desafios. Está sempre propenso a conquistar mais e enfileirar conquistas profissionais. Merece ser acompanhado de perto por quem gosta de cinema.


O ator no Oscar desse ano

Foto: Divulgação

2 comentários:

  1. Para mim ele é o melhor da atualidade.
    Excelente matéria sobre ele!
    Claquete está de parabéns!

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  2. Michael Carvalho Silva10 de novembro de 2015 às 18:39

    Descanse em paz, fofinho. Um charmoso gordinho louro e americano incrivelmente sexy, talentoso, versátil e carismático que deixou sua marca na história do cinema mundial e também no coração de seus inúmeros fâs espalhados pelo mundo afora. Só mais uma coisa, o Elden Henson é o ator perfeito para interpretar o próprio Philip Seymour Hoffman em uma cinebiografia.

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