domingo, 9 de agosto de 2009

A nova onda dos vampiros

Quem não conhece um vampiro? Lestat, Drácula, Edward Cullen, Bill Campton, Angel, Blade ... Muitos são os vampiros que ao longo dos anos ajudaram a popularizar o mito no cinema. Como as calças xadrez e as blusas de golas altas, os vampiros e todo o seu universo são suscetíveis aos caprichos da moda. E se por diferentes momentos da humanidade os vampiros capitanearam a ficção nas páginas dos livros e nas telas dos cinemas. Porém, nenhum desses momentos se assemelha em barulho e frenesi como o que se vive atualmente.
Goethe, Anne Rice e Bram Stoker são alguns dos gênios que abordaram e ajudaram a constituir o imaginário vampírico. Suas obras influenciaram e continuam a influenciar novos autores que com estilos próprios contribuem para a renovação desse já rico e pluralizado universo.
É o caso da escritora americana Stephanie Meyer que conjugou elementos sobejamente explorados no universo dos vampiros com elementos genuinamente novos. Surgia então a série Crepúsculo (Twilight no original), um marco da ficção americana contemporânea.
Em Crepúsculo acompanhamos a saga amorosa da humana Bella e do vampiro Edward. São quatro livros que estão sendo adaptados com extremo sucesso para o cinema, possibilitando que mais pessoas tenham acesso a obra de Meyer.
Contudo, se Crepúsculo capitania a nova onda dos vampiros, está muito bem amparado por outro fenômeno midiático, em especial nos EUA. A série original da HBO True Blood também tem o amor entre a humana Sookie e o vampiro Bill como mote, mas seu cerne é menos romântico do que o de Crepúsculo, o que não a faz menos interessante.


Vampiro: Representação aterradora e unidimensional

Romeu e Julieta da nova geração
Toda geração tem um casal simbolo. A obra de Shakespeare, e sua tragédia de amor atemporal, é projetada de tempos em tempos para diferentes gerações. Se nos anos 90 Jack( Leonardo Di Caprio) e Rose ( Kate Winslet) mantiveram essa chama acesa em Titanic (Maior sucesso da história do cinema). Nos anos 2000, cabe ao vampiro Edward e a doce Bella ostentar esse simbolo em Crepúsculo, nos livros e agora, em muito maior escala,nos cinemas.
“Fui ao cinema ver o filme e já no outro dia comprei o livro Twilight. E me apaixonei. Então não parei mais. Essa é uma história que mexe com você”, declara Thuany Gonçales, moderadora da principal comunidade de crepúsculo no Orkut com mais de 400. 000 membros. “ a história de um romance, um amor 'quase' impossível e situações envolvendo família e amigos chama a atenção e abre asas a imaginação” pondera Anny Ribeiro, outra fã ardorosa de Crepúsculo, mas que teve seu primeiro contato com a obra de Stephenie Meyer pelos livros. “ Conheci a série através de uma amiga de trabalho que lia na hora de almoço todo dia este livro, então despertei a curiosidade quando vi que muitas pessoas estavam lendo.”
Mas a febre colossal que cerca Crepúsculo é mais recente e data de julho do ano passado, quando 20 minutos do filme foram apresentados na Comic Com(evento anual realizado em San Diego, Califórnia, que promove os principais lançamentos de fantasia e ação da temporada). Ali a obra de Meyer se popularizou em escalas inimagináveis. Um movimento que apenas antecipava o fenômeno midiático que estava para se instalar.
Um bom exemplo do alcance do universo criado pela autora é Robert Pattinson. Que em meses passou de 'aquele cara que fez um Harry Potter' para um dos homens mais sexies do mundo. Semana passada as leitoras da revista Gloss britânica elegeram em enquete o Edward de Crepúsculo o mais sexy do planeta. “Acho que quando falamos em Edward Cullen não tem mais como não imaginar o ator Robert Pattinson” exclama Thuany.




Vampiro: Representação mais sexy e tridimensional

Vampiros?
Crepúsculo serve-se dos vampiros é verdade, mas seu foco é a relação entre aqueles personagens pertencentes a mundos tão diferentes. “ O amor proibido como o de um leão e um cordeiro, como o próprio Edward diz a Bella, além dos medos que cada um deles passam por cima para poder ficarem juntos”, exemplifica Thuany.
Mas se o amor é impossível ou bem próximo disso é porque Edward é um vampiro. Mas não um vampiro qualquer. “Os vampiros de Twilight são diferentes. Eles brilham na luz do sol, eles não dormem em caixões, são 'vegetarianos', tem alguns poderes, como ler mentes e prever o futuro, força... eles são algo que nunca vimos antes. Não é aquele filme, aquela história que só tem sangue e morte. Eles amam. Por isso foi um grande sucesso”, explica Thuany.
A intrínseca, editora de Crepúsculo no Brasil comemora os números vultosos que a obra de Meyer( em destaque na foto ao lado) ostenta também no Brasil. Os quatro livros estão na lista dos mais vendidos há meses e Amanhecer, último livro da série, foi lançado com a tiragem inicial recorde de 400 mil exemplares, mais que o dobro da de Crepúsculo. Mais de 23 coquetéis foram organizados em junho para celebrar o lançamento do livro em todo o país.
Independentemente do legado que Crepúsculo deixe na cultura pop e na década que caminha para o seu fim, a saga já adentrou o rol de favoritos de muitas garotas ao redor do mundo. E em Novembro, Lua nova- segundo filme da saga no cinema- chega para chacoalhar tudo de novo.
Uma série que nasceu para o culto
Além de Crepúsculo, outra criação que traz os vampiros em seu cerne, é True Blood. A série original da HBO, escrita e produzida por Alan Ball( roteirista vencedor do Oscar por Beleza americana) mostra um mundo em que os vampiros convivem com os humanos após os japoneses desenvolverem um sangue sintético que 'liberta' os vampiros de sua sina sugadora. Assim, como em Crepúsculo há um casal formado por uma humana de forte personalidade e um vampiro que luta para manter sua humanidade em evidência. “A principal diferença de True Blood para tudo que já foi produzido sobre vampirismo na TV mundial é a abordagem. É o selo HBO. A série é um drama adulto, antes mesmo de ser ficção científica (ou fantasia, como você preferir). E ao ser adulta ela constrói a sua fama usando e abusando de alguns recursos típicos do gênero - a possibilidade de usar o sexo e a violência como chamariz de audiência. É curioso que devem existir milhares de filmes B de vampiros com romance, nudez e sangue na tela, mas na TV é a primeira vez que isto acontece. A série é original neste sentido”, explica Paulo Serpa Antunes, editor do site sobre seriados Teleséries.
A despeito de adentrar com um misto de originalidade e tradição o universo dos vampiros, seu criador ainda encontra espaço para provocar reflexões, antes tidas como improváveis para um produto de tal natureza. “Alan Ball é mestre em pegar temas aparentemente banais e fazê-los ecoar, reverberarem na tela, mostrar como uma situação individual se reflete em toda uma sociedade. Foi isto que fez Beleza Americana um dos melhores filmes de todos os tempos”, esclarece Paulo.
O que impressiona em True Blood é seu potencial para atingir um público diversificado com uma premissa a primeira vista simplista. “(True Blood) é uma salada de elementos completamente heterogêneos. Tem crime pra quem gosta de procedural dramas e descobrir quem é o assassino (e americanos adoram crimes), tem mitologia pra quem gosta de fantasia, tem mistérios para quem gosta de juntar peças, tem um amor impossível para quem gosta de romance, tem o subtexto racial que faz o telespectador encontrar valor intelectual na série, tem humor negro, tem um lado cultural excêntrico e fascinante na ambientação da história em uma comunidade cajun (coisa rara na TV americana), tem terror para quem gosta de tomar sustos e ver cenas com muito sangue e, claro, tem o vampirismo”. Paulo lembra ainda que apesar do sucesso surpreendente da série em solo americano, a estréia de sua segunda temporada registrou a maior audiência da HBO desde o encerramento de Família Soprano, True Blood é por vocação uma série destinada ao culto por uma platéia mais restrita.” True Blood está surpreendendo em termos de audiência nos EUA. Mas ainda assim eu acredito que ela está destinada a fazer parte daquele grupo de série de culto e não série de consumo de massa”.
Bill e Sookie em cena de True Blood: Amor impossível?


Vampiros para que te quero
True Blood e Crepúsculo podem hoje ser os carros chefes da nova onda do vampiros. Contudo, em parte devido ao sucesso de suas franquias, logo terão que dividir a cena com outros produtos que vêm para beliscar um pouco desse momento tão propenso ao vampirismo.
A CW, emissora de TV americana, aposta alto em Vampire Diaries, espécie de Crepúsculo reloaded que deve estrear por lá em Setembro. Por aqui o Warner channel já confirmou a estréia para Novembro. Enquanto isso, nos cinemas uma invasão de filmes com ou sobre vampiros. Além de Lua Nova, Daybreakers(o trailer está disponível aqui em Claquete desde o dia 18 de julho), filme em que os vampiros são a raça dominante do planeta, também promete alvoroço.
A nova onda dos vampiros está a todo vapor. Haja sangue.


A nova série Vampire Diaries: A onda dos vampiros continua

Fotos: Divulgação

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