sábado, 18 de fevereiro de 2012

Oscar Watch 2012 - A peleja dos atores

Gary Oldman (O espião que sabia demais), Brad Pitt (O homem que mudou o jogo), George Clooney (Os descendentes), Jean Dujardin (O artista) e Demián Bichir (Uma vida melhor)



Ele fala!

Não em O artista. A bem da verdade, no filme sensação da temporada, Jean Dujardin tem uma única fala. Bem no final do filme. Mas Dujardin tem falado muito. Tanto em discursos de agradecimento – quando premiado pelo papel do ator de cinema mudo George Valentin – como em todo e qualquer programa americano, uma vez que virou um darling da temporada. Carismático e boa pinta, o francês parece ser o que os americanos adoram classificar como “the next best thing”. O Oscar pode ser só o começo da história.

Prós:
- Estrela o filme sensação da temporada
- No ano passado, a academia optou por casar o prêmio de melhor filme e melhor ator. Prática recorrente historicamente.
- É a alma do filme e a academia costuma reconhecer esse tipo de atuação. Alguns exemplos são Sean Penn em 2009 por Milk, Jeff Bridges em 2010 por Coração Louco e Colin Firth por O discurso do rei.
- Existe o “exotismo” de apresentar uma atuação sem o recurso da fala. Isso pode impressionar e conquistar muitos votantes
- Ganhou alguns dos principais prêmios da temporada como o SAG (prêmio do sindicato dos atores), Globo de ouro e Bafta.
- É uma opção charmosa ao charmoso George Clooney

Contras:
- Concorre contra George Clooney. E, bem, é George Clooney...
- É estrangeiro e pode ser prejudicado por algum “bairrismo” da maioria dos votantes que tem dois astros americanos como opções
- Existe o “exotismo” de apresentar uma atuação sem o recurso da fala. Há quem possa ser resistente a premiar esse tipo de trabalho

 Primeira indicação

Não exatamente um latin lover

Pense em três filmes com Demián Bichir. Não conseguiu certo? Não se condene. O ator não era mesmo conhecido. Puxando a memória, os fãs de Weeds se lembrarão dele como um traficante que marcou a vida de Nancy (Mary Louise Parker). O próprio ator brincou com o fato de estar na mesma categoria de astros mundialmente conhecidos como George Clooney e Brad Pitt. Bichir não deve se tornar um astro, mas ninguém rouba dele o desconcertante momento que vive na carreira pelo reconhecimento do trabalho no filme Uma vida melhor.

Prós:
- Conta, notadamente, com o apoio e o entusiasmo da classe dos atores que bancou sua nomeação ao Oscar
- É o azarão e tem quem goste de apostar em azarões
- Seria uma opção corajosa da academia e prestigiaria o cinema realmente independente, ou seja, aquele que não é patrocinado por braços dos grandes estúdios hollywoodianos

Contras:
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Mesmo após a indicação, há o risco de muitos acadêmicos não verem sua performance
- É uma categoria essencialmente equilibrada e a vaga de “estrangeiro charmoso" já foi preenchida por Jean Dujardin

 Primeira indicação

O ator oculto

Um ator que sofre preconceito é Brad Pitt. Também pudera, diriam muitos, lindo do jeito que é! Pois Brad Pitt pôs a beleza de lado e revelou-se um ator meticuloso, com ótimas estratégias de carreira, excelente timing cômico e um incrível talento para se desafiar artisticamente. Por O homem que mudou o jogo vai pela terceira vez ao Oscar, a segunda em quatro anos. Já tem na bagagem um leão de ouro em Veneza e outra porção de atuações elogiadas pela crítica. Muitos críticos, aliás, o elegeram o melhor ator do ano, caso do prestigiado círculo de críticos de Nova Iorque. Fica a dica para o ex-rival Tom Cruise.

Prós:
- Tem dois filmes na disputa de melhor produção do ano e apresenta atuações consistentes em ambos
- Coleciona um impressionante número de boas atuações em ótimos filmes nos últimos anos. Está ficando difícil ignorar Brad Pitt
- Ganhou alguns prêmios da crítica na temporada
- Pode se beneficiar de uma divisão nos votos entre Jean Dujardin e George Clooney
- É daquele tipo de atuação que apela ao aspecto sentimental dos votantes. Isso pode contar

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio expressivo na temporada
- Na escala dos astros, perde para George Clooney
- A resistência e inveja que muitos têm do "Brangelina" pode privá-lo de alguns votos
- A percepção de que ele pode ser premiado mais adiante na carreira joga contra seus interesses também

Terceira indicação:
Indicações anteriores:
Melhor ator coadjuvante por Os doze macacos em 1996
Melhor ator por O curioso caso de Benjamin Button em 2009


Camaleão britânico

Já virou lugar comum se embasbacar com o fato de só aos 53 anos Gary Oldman, um ator estupendo, ter sido indicado ao Oscar. Essa peculiaridade esconde o fato de que em O espião que sabia demais, o ator está absoluto. Talvez não fosse merecedor da indicação pelo papel – existiam atores em melhor forma na disputa por uma vaga – mas não se discute o mérito de seu trabalho. Oldmam é quem menos tem chances de ganhar. Mas de todos os concorrentes, é o que há mais tempo faz por merecer a distinção que só o Oscar é capaz de prover.

Prós:
- É um ator historicamente negligenciado por prêmios e um Oscar nesse momento da carreira repararia essa injustiça
- O espião que sabia demais se constrói inteiramente sobre seu personagem e Oldman dá conta do recado. Performances assim já renderam prêmios a atores como Forest Whitaker (O último rei da Escócia) e Philip Seymour Hoffman (Capote)
- É britânico e atores britânicos costumam ser premiados pela academia
- A velha guarda da academia pode preferir o seu trabalho pausado e reflexivo às performances dos favoritos ao prêmio

 Contras:
- Não ganhou nem mesmo o Bafta, prêmio concedido pela Academia de Cinema Britânica
- Não foi indicado aos principais prêmios da temporada como SAG, Globo de ouro e Critic´s Choice Awards
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Não é a melhor atuação do ano, nem de sua carreira. Portanto, seria ilógico premiá-lo

Primeira indicação


Mais Clooney, menos Clooney

Parecia improvável, mas George Clooney se superou novamente. Em 2011 dirigiu, produziu, escreveu e atuou em Tudo pelo poder, thriller político de primeira linha, pelo qual recebeu indicação ao Oscar de roteiro adaptado; e esteve a frente do elenco de uma pequena jóia do cinema independente chamada Os descendentes. São dois projetos que ratificam, mais uma vez, o tremendo talento e visão de Clooney enquanto artista de cinema.
Em Os descendentes ele apresenta uma de suas melhores atuações na figura de um homem maduro diante de adversidades que o redefinirão. A atuação em si já é notável, o conjunto da obra é muito mais do que isso.

Prós:
- É George Clooney
- Foi premiado em 2006 (quando tinha indicações por Syriana – a indústria do petróleo e Boa noite e boa sorte) e volta ao Oscar com dobradinha (Tudo pelo poder e Os descendentes)
- A safra que Clooney apresenta em 2012 é mais encorpada do que a que dispunha em 2006
- É o favorito ao prêmio e nos últimos anos o favorito tem prevalecido
- É a alma do filme e a academia tem reconhecido trabalhos assim nesta categoria nos últimos anos
- Vem colecionando grandes trabalhos em ótimos filmes e a ideia de premiá-lo novamente é muito difundida na indústria
- É uma figura querida pela academia
- Ganhou o Globo de ouro e o Critic´s Choice

Contras:
- É George Clooney
- O Oscar relativamente recente e o fato de estar sendo constantemente indicado ao Oscar podem afugentar alguns votos decisivos
- O próprio já admitiu que as melhores atuações do ano são dos concorrentes Brad Pitt e Jean Dujardin
- Perdeu o prêmio do sindicato dos atores

Sétima indicação
Indicações anteriores:
Melhor ator coadjuvante por Syriana – a indústria do petróleo em 2006
Melhor roteiro original por Boa noite e boa sorte em 2006
Melhor direção por Boa noite e boa sorte em 2006
Melhor ator por Conduta de risco em 2008
Melhor ator em Amor sem escalas em 2010
Vitória anterior:
Melhor ator coadjuvante por Syriana – a indústria do petróleo

3 comentários:

  1. Dos desepenhos que vi até agora - Dujardin, Clooney, Oldman e Pitt -, acredito que o francês realmente mereça por justiça, já que sua atuação é a mais interessante; por outro lado, penso que Pitt é o ator mais propenso a vantagens, já que ele está num excelente momento da carreira e ainda garantiu uma indicação, já tendo sido indicado duas outras vezes, mostrando que está cada vez mais consolidado. Bichir é realmente o azarão e penso que somente o fato de estar ali já significa que a Academia o reconheceu - e que provavelmente não vão além mesmo.

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  2. Eu acho muito legal ver nomes estrangeiros indicados ao Oscar. Dá a quela sensação de que o Oscar cumpriu o seu papel, dando atenção a filmes que a gente nem saberia que existem, como "A Better Life".
    Tô torcendo pelo Jean Dujardin, acho que ele é a opção mais interessante, afinal de contas um oscar pro Clooney seria meio que um desperdício, primeiro por que ele já ganhou uma vez, segundo porque não faria diferença em sua carreira tão bem sucedida.
    Sinceramente, não gosto do Brad Pitt. Ela nunca me convence, e não foi dessa vez. O Jonah Hill dá um show nele, discreto, comedido... por causa dele valeu a pena assistir "Moneyball".
    Valeu pela cobertura do blog! Tá demais!

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  3. Luís:Boas reflexões Luís. Particularmente, tb acho que Dujardin será o vencedor.
    Abs

    José: Grande José. Prazer em tê-lo aqui novamente. Obrigado pelos elogios quanto a cobertura do Osca. É trabalhoso, mas muito recompensador. Vem mais por aí!
    Não acho, de maneira alguma, que um segundo Oscar para o Clooney fosse caracterizar desperdício. Mas entendo sua lógica. Muitos, aliás, se orientam por percepção muito similar.
    De qualquer maneira, Dujardin é mesmo o melhor ator do ano. Seguido bem de perto por Pitt e Clooney. Pelo menos, se nos ativermos aos cinco finalistas do Oscar.
    Abs

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