segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar Watch 2012 - Cenas de cinema (Oscar 2012)

"Eu tenho o sentimento de que será uma noite francesa"
    George Clooney, no tapete vermelho ao ser indagado sobre suas expectativas para a noite do Oscar



Fim de semana preto e branco
Começou na sexta. O artista, presumivelmente, ganhou os principais prêmios no César, o chamado “Oscar francês”. Filme, direção, figurino e trilha sonora entre eles. No sábado foi a vez do filme triunfar no Independent spirit Awards. Mais quatro troféus: filme, direção, ator e fotografia. E veio o Oscar. Conforme o esperado, O artista foi o grande vencedor da noite. Levou as estatuetas de filme, direção, ator, trilha sonora e figurino. Foi uma vitória justa e que encerra uma das campanhas mais vitoriosas de um filme na história do cinema.

Alguns recordes de O artista
É o primeiro filme a vencer o Spirit Awards e o Oscar em 25 anos. É a primeira produção não anglo-saxônica a vencer o Oscar de melhor filme na história da premiação. É o primeiro filme mudo a ganhar o Oscar principal desde o primeiro filme a vencer o Oscar em 1929. É o primeiro filme em preto e branco a ganhar o Oscar de melhor filme desde o triunfo de A lista de Schindler. Representa a quinta vitória na disputa de melhor filme para os irmãos Weinstein em 17 anos.

Uma deferência a Meryl...

Aconteceu. Meryl Streep ganhou, finalmente, seu terceiro Oscar pelo desempenho como Margaret Thatcher em A dama de ferro. Se é preciso pontificar que Meryl Streep não era a melhor atriz na disputa, é preciso – mais do que reconhecer a premência desse terceiro Oscar – a deferência feita pela academia ao honrá-la com a terceira estatueta em um ano com interpretações femininas tão maravilhosas. Se tivesse a premiado em 2010 por Julie & Julia, por exemplo, um trabalho infinitamente inferior em relação ao qual concorreu este ano o sabor seria menos palatável. A concorrência, naquele ano, também era mais fraca. Da maneira como ocorreu, Meryl Streep foi exaltada como deveria ser: soberana entre todas as atrizes em atividade. 


O Oscar da nostalgia cede a nostalgia...
Já era sabido que a edição de 2012 era pendente à nostalgia, em virtude dos candidatos favoritos. Contudo, o tom nostálgico estava presente desde o cenário do Hollywood and Highland Center (ex-Kodak theather), até a distribuição dos prêmios. Os dois favoritos da noite dividiram os prêmios irmãmente, ainda que O artista tenha prevalecido nas categorias mais nobres, e teve prêmios para Meryl Streep (uma lenda já sacramentada e há muito negligenciada), Woody Allen (quer coisa mais nostálgica do que premiar Woody Allen?), Christopher Plummer (ator longevo que se configurou como o mais idoso a vencer um Oscar competitivo) e Billy Crystal fazendo aquilo que ele já fazia há 20 anos atrás. Foi um Oscar saudosista de tempos passados, ainda que mais enxuto e dinâmico em sua extensão.


Dujardin, o incrível...
A vitória era, até certo ponto, esperada. Além de merecida. Quando subiu ao palco para agradecer pelo Oscar de melhor ator, Jean Dujardin se mostrou ainda mais charmoso e mais a vontade com seu inglês que, notadamente, evolui. “É como ganhar uma copa do mundo”, disse o ator no backstage para os repórteres. Na França, as vitórias de O artista e Dujardin foram comemoradas até mesmo pelo presidente Nicolas Sarkozy. 
Nos últimos três anos, o detentor da Palma de ouro de melhor ator em Cannes concorreu ao Oscar. Em 2010, o austríaco Christoph Waltz levou o prêmio de coadjuvante por Bastardos inglórios; ano passado Javier Bardem disputou com o espanhol Biutiful e Dujardin, em 2012, sagrou-se o primeiro francês premiado com um Oscar de interpretação na categoria principal. Dujardin, além de derrotar os astros outrora favoritos George Clooney e Brad Pitt, o fez sem dar um pio. Ou quase...

Dujardin em êxtase: um merci bocu para vocês...

As pernas de Angelina...
Angelina Jolie estava surpreendentemente bem humorada. Os sorrisos quando flagrada pelas câmaras da transmissão ansiosas por ela e seu marido (Brad Pitt) eram mais amenos e naturais e quando subiu ao palco demonstrou inesperado senso de humor. Reencarnou a verve de mulher fatal que tanto lhe serviu nos anos 90 e deixou a fenda do vestido falar por ela. Exibindo a perna direita propositadamente e fazendo voz sexy, Angelina respondeu por um dos bons momentos da cerimônia. E as pernas de Angelina já têm mais seguidores no twitter do que você.

Como um garoto...
Christopher Plummer, a maior unanimidade entre os intérpretes na temporada, destilou graça e sofisticação em seus discursos de agradecimento no curso da Oscar season. Não foi diferente no Oscar. Ao receber seu prêmio, saudou a estátua lembrando que é apenas dois anos mais novo do que ela e indagando onde esteve o Oscar durante toda a sua vida. Na sala de imprensa, quando questionado sobre aposentadoria, saiu-se com a seguinte: “morrerei em um set de filmagens”. Era júbilo puro!

Comodidade e monotonia
Reparem que só agora o host Billy Crystal recebe um tópico. Se não é exatamente um desprestígio, tão pouco é sinal de excitação. Billy Crystal fez o que dele se esperava. Conduziu uma cerimônia morna, sem grandes arroubos egocentrados e com algumas piadas certeiras como a que dirigiu para Nick Nolte (antecipando pensamentos confusos do ator que tem fama de beberrão). Elegeu George Clooney como o “novo Jack Nicholson” e cutucou a academia por deixar os principais blockbusters do ano de fora da festa. Se não foi o salvador da pátria que muitos esperavam, o comediante foi a “cara” do tom do Oscar 2012: um apelo à nostalgia.

O Oscar continua
Nesta terça-feira, 28 de fevereiro, será publicada em Claquete a crítica da 84ª edição do Oscar com uma análise detalhada do significado histórico do Oscar 2012, bem como uma análise pormenorizada da distribuição dos prêmios.

9 comentários:

  1. Não esperava uma edição sem surpresas, mas foi muito bom ver O Artista consagrado. Só lamento a ausência de alguns filmes na premiação.

    Meus comentários sobre o Oscar 2012 também estão no ar: http://peliculacriativa.blogspot.com/

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  2. "quer coisa mais nostálgica do que premiar Woody Allen?" - pois é, só o fato dele não ir novamente a premiação, hehe.

    O momento que mais comemorei na noite foi a vitória de Meryl, mais do que merecida e bastante ameaçada. Mas, gostei muito também da consagração de O Artista.

    bjs

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  3. Realmente, deu aquilo que todos esperavam, Reinaldo. A vitória de “O Artista”, que é um belíssimo filme e teve um desempenho sensacional nesta temporada de premiações. Fico feliz também que o longa francês dividiu as atenções com “A Invenção de Hugo Cabret”, que é um filme muito bonito e merecedor também das cinco estatuetas que conquistou.

    Eu fiquei muito feliz pela Meryl, especialmente pelo fato de que a vitória dela veio por uma performance incontestável. Era um papel feito para ganhar o Oscar e que foi defendido pela Meryl com a competência de sempre.

    A nostalgia foi mesmo o grande tema da cerimônia, mas eu confesso que, em alguns momentos, apesar do ritmo ágil, achei tudo muito forçado.

    Dujardin é sensacional e muito carismático. Espero e torço que ele não seja o ator de uma nota só, de um papel só. As pernas da Angelina foram a imbecilidade da noite. Pra que aquilo? ADOREI quando o roteirista de “Os Descendentes” ficou imitando a pose dela no palco. rsrs

    Aguardando a sua crítica sobre a premiação desse ano!

    Beijos!

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  4. Oi, Reinaldo, tudo bem?

    Achei a festa do Oscar, se compararmos às edições anteriores, bem bacaninha. As premiações previsíveis? Sim, mas e daí? Estamos falando da Academia. Gostei muito dos seus comentários e também gostei muito de alguns premiados. Acredito que a justiça foi feita em alguns casos, talvez para compensar a loucura dos últimos anos (Guerra ao Terror ter vencido, assim como a Rede Social ter perdido). Amei a Meryl ter vencido por uma razão: pode não ser a interpretação da vida dela, mas o prêmio foi pelo conjunto da obra, sem dúvida. E acredito que ela subirá ao palco mais uma vez algum dia. Não posso falar sobre "O Artista", pois ainda não assisti, mas as cenas que tenho visto me agradam muito. Ansiosa também pela sua crítica da premiação.

    Abração!

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  5. Reinaldo,

    Andei afastado mas voltei só pra falar do Oscar! rsrs

    Também gostei da premiação! Só não foi um Oscar sem nenhuma surpresas pq os Oscars de Montagem e Efeitos Visuais foram para filmes que não eram esperados! Mas de resto foi previsível!

    Quem não vibrou com a vitória de Meryl Streep??? Acho que 10 entre 10 cinéfilos começaram a pular me casa!! Eu fui um! rsrs Ainda não assisti A Dama de Ferro, mas vi Histórias Cruzadas e Viola estava, como disse Colin Firth, excepcional!

    Achei que foi um Oscar bem justo. Excetuando-se o Oscar de Hugo em efeitos visuais e o fato de Harry potter acabar sem nenhum Oscar, de resto gostei bastante!

    Tbm gostei da cerimônia em geral! Se Crystal não foi inovador, pelo menos as piadas não eram ruins e trouxe um formato já consagrado que não ficou chato! Outra coisa que gostei foi que a cerimônia ficou bem dinâmica, sem tanta enrolação, mais rápida! Se teve um ponto fraco foi aquelas tomadas aereas focando os musicos e as mulheres distribuindo pipoca! Nisso concordo com o Rubens Filho de que podiam ter dado mais tempo para os discursos! A parte da cerimônia que mais gostei foi a das pernas da Jolie! AHHAHAHAHAHA

    Abraço

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  6. Ah, vá! Sua cobertura, ainda que pontual, está bem melhor que 80% das matérias que eu li por aí. Adorei seu comentário sobre as pernas da Angelina Jolie (que tava vampira demais pro meu gosto) e sobre o inglês do Dujardin. Moço, você tem muito talento, conforme-se com isso :P
    Bjs

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  7. Qual você acha que era a melhor dentre as indicadas a Melhor Atriz?

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  8. Meryl streep vencer entre tantas concorrentes à altura, foi uma consagração REAL, mas convenhamos, achar que o Artista é o melhor filme e que Michel Hazanavicius é melhor do que Scorcese...é de perder a crença total em Oscar.
    Fala sério! Quanto a Jean Dujardin é esperar para ver se ele faz mais alguma coisa no futuro e que possa ser comparado com um Gary Oldman por exemplo.

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  9. Película criativa: Tb lamento a ausência de alguns filmes no Oscar,mas -em linhas gerais - foi o Oscar mais justo dos últimos anos.
    bjs

    Amanda: tb gostei dessas vitórias, ainda que não considerasse a performance de Meryl a melhor entre as indicadas.
    Bjs

    Kamila: Obrigado pelo comentário Ka. De fato, foi um Oscar histórico pela consagração de O artista e de Meryl Streep.
    Bjs

    Melissa: Realmente "A rede social" não ter ganho entra na categoria loucura, né? Tb achei esse o Oscar mais justo desde 2008 - como argumento na crítica que já está postada. Vc vai adorar "O artista" Melissa. É um filme apaixonante.
    Bjs

    Eri Jr: Valeu pelo retorno aqui meu caro.Pois é, o Oscar de montagem para "Os homens que não amavam as mulheres" foi justíssimo ainda que surpreendente. Não tem como discordar do prêmio a Meryl, mas todas as outras atrizes da categoria apresentavam trabalhos superiores a ela.
    Abs

    Aline:rsrs. Obrigado Aline. Assim vc me envaidece...
    bjs

    Anônimo: Acho que era Rooney Mara. Glenn Close era a segunda melhor na categoria.
    Abs

    E: Essa expectativa em torno de Jean Dujardin é o que mais mobiliza a indústria nesse momento. Bem, se formos aplicar a lógica que prevaleceu na categoria de atriz, Scorsese ganharia seu segundo Oscar com sobras. Mas analisado friamente, o trabalho de Hazanavicius era o melhor entre os cinco indicados.
    Abs

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