quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Oscar Watch 2012 - A peleja das atrizes

Viola Davis (Histórias cruzadas), Michelle Williams (Sete dias com Marilyn), Rooney Mara (Os homens que não amavam as mulheres), Meryl Streep (A dama de ferro) e Glenn Close (Albert Nobbs)


MARAvilhosa

É um assombro. Tudo bem que a personagem ajuda, mas o fato do espectador sair da sessão de Os homens que não amavam as mulheres tem mais a ver com Rooney Mara do que com Lisbeth Salander. Aos 26 anos, Mara  - com a providencial orientação de David Fincher – demonstra um domínio tal da personagem que faz a ótima atuação de sua intérprete original (Noomi Rapace) diminuir de tamanho e status. É uma atuação cheia de energia, física e emocionalmente desgastantes e dotada de uma percepção sensorial aguda. Traduzindo:  a grande atuação do ano.

Prós:
- É jovem e atrizes jovens costumam vencer na categoria
- É uma atuação que exige mudanças físicas e submete a intérprete a cenas fortes. A academia aprecia isso

Contras:
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- É jovem e este é apenas o seu terceiro trabalho para cinema
- O filme não é construído sobre sua personagem e apresenta outras atrações
- Não foi indicada a importantes prêmios como SAG, Bafta e Critic´s Choice Awards
- Com três excelentes atrizes veteranas no páreo, muitos votantes podem entender ser de “mau tom” optar por uma atriz jovem e pouco experiente

Primeira indicação

Ainda fatal

Fazem 23 anos que Glenn Close concorreu ao Oscar pela última vez. De lá para cá os papéis não exatamente rarearam no cinema, ainda que ela tenha encontrado um dos melhores personagens de sua carreira na tv (a advogada inescrupulosa Patty Hewes de Damages), mas se tornaram mais banais. Close, então, foi em busca de um projeto pessoal e confiou ao amigo Rodrigo Garcia a direção de Albert Nobbs. No final, deu tudo certo e, ainda que não fosse esse o objetivo primal, Close voltou ao Oscar.

Prós:
- É uma atuação contida e há quem aprecie esse perfil de interpretação
- Precisa atuar travestida e a academia já premiou atores e atrizes por esse tipo de papel
- É veterana, talentosíssima e há o consenso de que a academia lhe deve
- É muito querida pelo grupo de atores, que compõem o maior colegiado da academia

Contras:
- Existem atuações mais hypadas em competição
- Não foi indicada ao Spirit Awards (premiação do cinema independente) em demonstração do pouco fôlego de sua candidatura
- Com o fim programado de Damages, deve retornar “com mais critério” ao cinema e muitos acadêmicos podem optar para ver “que bicho vai dar”
-Se tem alguém na fila e que está na frente dela é Meryl Streep e isso pode pesar

Sexta indicação
Indicações anteriores:
Melhor atriz coadjuvante por O mundo segundo Garp em 1983
Melhor atriz coadjuvante por O reencontro em 1984
Melhor atriz coadjuvante por Um homem fora de série em 1985
Melhor atriz por Atração fatal em 1988
Melhor atriz por Ligações perigosas em 1989

A hora é agora?

17. Isso mesmo. São 17 indicações ao Oscar em categorias de atuação. Um recorde que cada vez mais parece imbatível e que Meryl Streep não parece nem um pouco disposta a deixar de incrementar. No entanto, outro recorde a preocupa: o de ser, também, a maior detentora de derrotas entre intérpretes. Nada que um terceiro Oscar não amenize. A busca por ele já bate nos 29 anos e, como não se sabe se ela voltará à disputa no trigésimo aniversário, a pergunta que se impõe, mais uma vez, é se o momento finalmente chegou. Em teoria, a personagem que defende em A dama de ferro é perfeita para uma nova consagração. Mas a teoria, na prática...

Prós:
- Defende uma personagem britânica histórica e elas costumam render Oscar
- É Meryl Streep e esse nome tem um peso...
- O consenso de que é preciso premiá-la novamente já está fazendo bodas de prata
- Combinação de sotaque e maquiagem costuma ser imbatível no Oscar
- O excelente retrospecto recente de indicações ao Oscar pode pesar na escolha em seu favor
- Carrega o filme nas costas e esse tipo de trabalho costuma ser reconhecido pela academia

Contras:
- A percepção de que já é hours concours no Oscar pode lhe prejudicar
- O fato do filme ter recebido péssimas críticas e ter qualidade bastante duvidosa pode lhe roubar alguns votos
- O lobby em favor de Viola Davis talvez seja grande demais para ser contornado
- Já tem dois Oscars e isso, para muitos, já é reconhecimento suficiente

Décima sétima indicação
Indicações anteriores:
Melhor atriz coadjuvante por O franco atirador em 1979, melhor atriz coadjuvante por Kramer VS Kramer em 1980, melhor atriz por A mulher do tenente francês em 1982, melhor atriz por A escolha de Sofia em 1983, melhor atriz por O retrato de uma coragem em 1984, melhor atriz por Entre dois amores em 1986, melhor atriz por Ironweed em 1988, melhor atriz por Um grito no escuro em 1989, melhor atriz por Lembranças de Hollywood em 1991, melhor atriz por As pontes de Madison em 1996, melhor atriz por Um amor verdadeiro em 1999, melhor atriz por Música do Coração em 2000, melhor atriz coadjuvante por Adaptação em 2003, melhor atriz por O diabo veste Prada em 2006, melhor atriz por Dúvida em 2009, melhor atriz por Julie & Julia em 2010

Vitórias anteriores:
Melhor atriz coadjuvante por Kramer vs Kramer em 1980 e melhor atriz por A escolha de Sofia em 1983


Poderosa

Viola Davis é uma baita atriz. Um Oscar daria dimensão a seu talento. É o que pensa muita gente na indústria e por isso, não somente por sua soberba atuação em Histórias cruzadas, ela é favorita à estatueta. Sempre distinta em cena, ela prova com um papel menor e mais simples do que o de suas concorrentes o porquê de ser a grande força interpretativa que é.

Prós:
-  O lobby pela premiação de uma atriz negra está grande. Vale lembrar que seria apenas a segunda vitória de uma negra na categoria principal. A primeira foi Halle Berry por A última ceia há dez anos
- É uma performance que alterna sutilezas com grandes momentos “solo” e esse perfil de interpretação agrada aos membros da academia
- Venceu o Critic´s Choice Awards e o prêmio do sindicato dos atores
- Faz parte do elenco mais prestigiado do ano e essa é uma senhora de uma vantagem
- É a única concorrente detentora de um lobby capaz de submergir o lobby pelo terceiro Oscar de Meryl Streep
- Defende uma personagem extremamente simpática e isso pode lhe beneficiar

 Contras:
- O filme não se foca em sua personagem e ela conta com menor espaço de tela do que suas concorrentes
- Há quem possa se incomodar com os fortes lobbies na categoria e opte por uma terceira via
- Mais do que concorrer contra Meryl Streep, concorre contra um lobby que a cada ano que passa fica mais forte
- Defende uma personagem relativamente banal em face das defendidas por suas concorrentes

 Segunda indicação
Indicação anterior:
Melhor atriz coadjuvante por Dúvida em 2009

Simplesmente Michelle

Parece difícil crer que Michelle Williams, atriz franzina e bem introvertida, seja a melhor escolha para se viver Marilyn Monroe nos cinemas. Após conferir poucas cenas do filme parece impossível supor que outra atriz pudesse ser a escolha para viver a diva maior da história do cinema. Michelle Williams é uma atriz que se reinventa a cada trabalho agregando fãs e admiradores e construindo uma filmografia sofisticada, perene e capaz de, quiçá, inscrevê-la em capítulo mais nobre da história do cinema do que o ícone que vive em Sete dias com Marilyn.

Prós:
- Vive um ícone do cinema e isso pode lhe ser favorável
- É a única de todos os atores indicados que também disputou no ano passado. Isso pode ser uma vantagem
-Seria uma opção viável e digna a quem resiste aos lobbies por Viola Davis e Meryl Streep
- É jovem, bonita e talentosa. Combinação mais do que favorável a um Oscar
- A academia costuma reconhecer performances em que os intérpretes desaparecem em seus personagens em filmes biográficos. Exemplos recentes foram os Oscars para Jamie Foxx (Ray), Sean Penn (Milk – a voz da igualdade) e Nicole Kidman (As horas)

Contras:
- Seu filme não caiu no gosto da crítica e isso pode privar-lhe alguns votos
- Concorre contra os fortes lobbies em favor de Viola Davis e Meryl Streep
- Competiu no ano passado e pode haver quem entenda o “prestígio” de voltar à disputa consecutivamente como “reconhecimento suficiente”
- Assim como a concorrente Glenn Close, está em um filme independente em uma categoria com atrizes nomeadas por “filmes de impacto midiático”

Terceira indicação
Indicações anteriores:
Melhor atriz coadjuvante por O segredo de Brokeback mountain em 2006
Melhor atriz por Namorados para sempre em 2011


4 comentários:

  1. O categoria de melhor atriz é um dos motivos pelos quais a disputa esse ano está muito melhor do que vem sendo nos ultimos tempos: dessa vez não temos a certeza dos vencedores, pelo menos nas categorias principais...ano passado, apesar dos filmes indicados serem ótimos, era tudo barbada, não teve graça.
    Meryl, Viola ou Michelle...pra mim, qualquer das três vencendo, ficarei feliz! Mas, claro, o Oscar pra Viola teria um sentido todo especial, né?! E eu continuo achando que um Oscar é uma honra gigante, algo que marca uma vida e uma carreira... se eu fosse votante, não prestigiaria com um novo prêmio quem já ganhou no passado! Apesar de que Meryl merece tudo, né! Só ela! (Ouviram, George Clooney, Woody Allen, etc.?) rsrs
    Abraço

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  2. Mais uma vez, adorei os seus breves textos sobre os motivos pelos quais as atrizes podem ou não ganhar. Acredito mesmo que a disputa esteja entre Viola Davis e Meryl Streep, apesar de que não me surpreenderia se os membros, saudosistas, concedem à imagem de Marilyn Monroe, portanto a Michelle Williams, a estatueta. E acho que Glenn Close será uma Geraldine Page: só quando estiver bem velha é que vão lhe dar o prêmio. Aliás, faz 23 anos que ela concorreu pela última vez, não 13.

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  3. Wow, quanto amor à Mara! xD
    Mas hey de concorda, ela estava realmente Maravilhosa como Lisbeth. Porém, confesso que não sei qual escolheria como a melhor Lisbeth, até pq Mara foi muito beneficiada pelo diretor que a orientou em cena, já a versão sueca, Rapace sambou praticamente sozinha ali, é meio evidente q a condução e o clima do sueco nem se compara à versão cerebral e sedutora de Fincher. Enfim. Gosto muito das duas. Mesmo.

    Close tá aí pra preencher espaço. Odeio o filme e não curto o rumo de sua personagem na história. Mas é uma boa atuação, sim.

    O q tu diz qt a considerarem Meryl hors concours é bem verdade. Tsc. Pra mim, ela deixa as outras comendo poeira. Daria o Oscar pra ela fácil.

    Viola e Michelle são muito amor em seus respectivos filmes.


    Pra mim, a ordem fica: Meryl > Viola > Michelle > Rooney > Close.
    Qualquer uma que não a Cruela levar, estará em boas mãos =D


    abrass!

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  4. José: Realmente não temos certeza de quem irá prevalecer nas categorias de atuação principais, ainda que tenhamos uma boa ideia...
    Abs

    Luís:Obrigado Luís. Inclusive pela boa chamada matemática. rsrs. Comi bola.Abs

    Elton Telles: Vc observou bem sobre a orientação de Fincher. Mas se, na hora de concedermos um Oscar, desconsiderarmos o diretor do filme, então vai sair cada abacaxi... rsrs
    O que mais me chama a atenção é que em 2012 temos ótimos desempenhos femininos. Ainda ficaram de fora performances fantásticas como a de Tilda e Charlize. Enfim, considero essa uma nota bem positiva. Geralmente a categoria de atriz não tem essa "bagagem" toda...
    abs

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