segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Oscar Watch 2012 - A peleja dos atores coadjuvantes

Christopher Plummer (Toda forma de amor), Jonah Hill (O homem que mudou o jogo), Kenneth Branagh (Sete dias com Marilyn), Max Von Sydow (Tão forte e tão perto) e Nick Nolte (Guerreiro)



O recordista?

Parece irrevogável a vitória do veterano Christopher Plummer no Oscar. Ator tarimbado que se não ostenta papéis memoráveis, apresenta uma filmografia de fôlego invejável e regularidade ímpar. A performance em Toda forma de amor, de alguma maneira, é sintomática dessa condição. Como o viúvo que assume sua homossexualidade na terceira idade, Plummer deve se tornar o ator mais velho a ganhar uma estatueta. Aos 82 anos ele superará Jessica Tandy que, aos 80 anos, sagrou-se a mais idosa a vencer um Oscar de atuação por Conduzindo miss Daisy.

Prós:
- Ganhou a maioria dos prêmios da temporada
- Triunfou em todos os chamados prêmios majors (Critic´s Choice Awards, Globo de ouro e SAG)
- A indissociável percepção de que seria um Oscar em homenagem a carreira, mas sem deixar de reconhecer o ator em competição
- A academia costuma premiar atores por personagens gays
- Plummer é dos atores mais ativos, apesar da idade, em Hollywood e isso certamente lhe conta pontos a favor

Contras:
- Não é a melhor atuação do ano e todo mundo sabe disso
- Já que o prêmio deve ser decidido pelo viés da homenagem, a concorrência nas figuras de Nick Nolte e, principalmente, Max Von Sydow é preocupante

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por A última estação em 2010


O discípulo de Bergman

Outro veterano ator de 82 anos. Só que o sueco Max Von Sydow tem o que Plummer não tem: atuações espetaculares em filmes não menos formidáveis. A carreira de intérprete legendário foi consolidada com as frequentes colaborações com um dos maiores cineastas de todos os tempos, o também sueco Ingmar Bergman. Nos últimos tempos, Von Sydow tem aparecido no cinema americano em pontas. O mesmo ocorre em Tão forte e tão perto, em que surge silenciosamente e cativa com sua presença poderosa. O Oscar coroaria a vistosa carreira que ostenta mais de 140 filmes.

Prós:
- É um ator idolatrado pela classe artística internacional
- É dono de um daqueles papéis pequenos, mas de poderosa intervenção interpretativa. A academia já premiou (e frequentemente indica) atores por trabalhos como esse
- Não foi lembrado por nenhuma premiação major preliminar e a contemplação no Oscar pode lhe valer alguns “votos homenagem” que estariam destinados a Christopher Plummer

Contras:
- O filme o qual representa não goza de prestígio crítico. Dificilmente fitas assim são premiadas
-  Há muitos europeus concorrendo e muitos europeus ganharam nas categorias de atuação recentemente. E já que, novamente, europeus triunfarão em importantes categorias do Oscar nesse ano, o protecionismo pode privar-lhe de alguns votos
- Não foi lembrado por nenhuma premiação major e é raro o Oscar premiar atores que não tenham sido premiados por algum de seus principais termômetros

Segunda indicação
Indicação anterior:
Ator por Pelle, o conquistador em 1989  


O guerreiro

É um tanto emblemático que Nick Nolte seja indicado ao Oscar pelo papel de um ex-alcoólatra em um filme chamado Guerreiro. O ator é um daqueles que já viu de tudo e já passou por tudo em Hollywood. Já foi preso, indicado ao Oscar, eleito homem mais sexy do mundo e outras particularidades de quem vive ao extremo no cosmo hollywoodiano. Em Guerreiro ele faz um pai que deixou fortes sequelas emocionais em seus dois filhos e quer se redimir, mas não sabe como. É um trabalho sutil e muito bem calcado nas marcas da face de Nolte. Se o mundo fosse justo, o Oscar seria dele.

Prós:
- Conseguiu a nomeação mesmo estando em um filme independente e pouco visto. Prova de que tem fãs fieis e ardorosos na academia
- É uma atuação sutil e atuações mais agressivas têm triunfado na categoria
-Pode ser a opção mais viável para quem rejeita a ideia de conceder um Oscar sob a pecha de homenagem
- É o mais “americano” dos indicados. Até porque apenas Jonah Hill também é americano...
- É o chamado “comeback of the year”. Isso geralmente resulta em Oscar

 Contras:
- O vencedor do Oscar de coadjuvante do ano passado (Christian Bale) também defendia um papel de um homem com problemas de dependência química em um filme de luta
- É uma atuação sutil e atuações mais agressivas têm triunfado na categoria
- É o chamado comeback of the year”. O último – que teve até apelo maior – foi Mickey Rourke. Ele ficou sem Oscar
- Tem menos idade do que Plummer e Von Sydow e, teoricamente, mais tempo de cinema e para homenagens

Terceira indicação
Indicações anteriores:
Ator por O príncipe das marés em 1992
Ator por Temporada de caça em 1999


Sir em tempo integral

É a quinta indicação ao Oscar de Kenneth Branagh, notoriamente o mais shakespeariano de todos os intérpretes ingleses da atualidade. E ela veio pela caracterização do mais shakespeariano intérprete de todos os tempos, Laurence Olivier. Por Sete dias com Marilyn, no entanto, Branagh concorre apenas pela segunda vez ao Oscar em uma categoria de atuação. O prestígio desse inglês cinquentão com seus pares, porém, é colossal. Sempre ótimo em cena, Branagh já era uma certeza entre os finalistas na categoria antes mesmo do início da temporada de premiações. O Oscar não deve vir, mas nem precisa.

Prós:
- É inglês e todo mundo sabe que a academia adora os ingleses
-Vive uma lenda da atuação e isso pode contar a favor
- Vive um personagem real
- Pode ter sua candidatura inflada pelos eleitores dos quadros do Bafta (academia de cinema inglesa) que também integram a academia de Hollywood

Contras:
- Muitos acadêmicos podem estar fartos de premiar ingleses
- O filme pelo qual está indicado não colheu muitos elogios e o próprio prestígio e o da figura que interpreta podem não ir além da indicação já assegurada
- Pouca gente pode ter visto o filme, que é independente e teve distribuição restrita, e tê-lo indicado na conta do já referido prestígio


Quinta indicação
Indicações anteriores:
Ator por Henrique V em 1989
Diretor por Henrique V em 1989
Curta-metragem por Swan song em 1993
Roteiro adaptado por Hamlet em 1997



Supergood

Sim. O gordinho de Superbad emagreceu (mas não muito) e surge em um papel dramático (mas não muito) em O homem que mudou o jogo. Dividindo a cena com Brad Pitt, Hill deixou para trás alguns nomes mais prestigiados para conseguir essa improvável indicação ao Oscar. Um feito e tanto para o ator que até pouco meses era associado a produções descerebradas para adolescentes. Jim Carrey é que deve estar mais confuso do que nunca.

Prós:
- É o azarão e tem quem goste de apostar em cavalo azarão
- A curiosidade que seu nome entre os finalistas pode ter despertado em muitos acadêmicos para conferir sua performance mais detalhadamente

Contras:
- Vem da comédia e há profunda resistência a comediantes assumidos em papeis dramáticos
- É o mais jovem em uma disputa notadamente entre veteranos
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Sua indicação foi a mais contestada de todas
- É sua primeira atuação dramática relevante. Pouco para os padrões do Oscar. Por esse critério, a indicação já é muita areia para o caminhãozinho dele...

 Primeira indicação



6 comentários:

  1. A minha aposta nesta categoria está sendo Christopher Plummer, mas é mais por "afinidade" mesmo já que eu não conferi nenhum dos indicados, rs

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  2. Perfeito mostruário dos coadjuvantes, Reinaldo. E concordamos muito desta vez haha. Em relação a Plummer, adorei o "Não é a melhor atuação do ano e todo mundo sabe disso" hahaha. Não é mesmo! Acho que o personagem foi o que mais cativou as pessoas, mas Plummer não tem chances ali de mostrar uma bela atuação como teve, por exemplo, em "A Última Estação" como Tolstói. É bem sutil sua presença no filme, bacana, mas pra mim, "Toda Forma de Amor" engrandecia qd resolvia focar no envolvimento de McGregor e Laurent, esta última, sim, merecia uma indicação.

    Não vi Branagh, nem von Sydow, mas se esse último ganhar, ahhhh, vou me embebedar hahaha!

    Jonah Hill roubou a vaga de Albert Brooks, cara, ele não faz nada em "Moneyball", só é o contrapeso (sorry, rs) do Bra Pitt, que está excelente. Já Nick Nolte rouba "Guerreiro" pra si, isso que Tom Hardy e o outro ator lá estão ferozes também. Como vc, Nolte tem a minha torcida e teria meu voto.


    Abração!

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  3. Bom, Christopher Plummer foi o único que vi até agora dos indicados, então, é até covardia eu opinar, hehe. Mas, gostei do balanço que fez. Agora a interpretação dele é boa, não chega a ser um absurdo seu favoritismo.

    bjs

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  4. Ótima análise, Reinaldo, mas a gente já sabe que o Oscar dessa categoria tem dono, né?? :)

    Beijos!

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  5. Alan:Mas vai dar Christopher Plummer mesmo Alan. E isso não tem nada a ver com a qualidade da atuação. Ao meu ver, as melhores performances do ano na categoria ficaram de fora.
    Abs

    Elton:Obrigado meu caro. "A peleja" já tradicional dentro do oscar watch. Ainda essa semana pita por aqui a das atrizes coadjuvantes.
    Pois, Jeremy Irons, Albert Brooks, Kevin Spacey, Ryan Gosling em Amor a toda prova... muitas boas performances esquecidas.
    Abs

    Amanda:A atuação dele é boa sim. Isso é inegável. Mas não a vejo como digna de Oscar. Sinceramente não. Como a categoria, em linhas gerais, não está muito forte, a vitória não seria "abismal". Além, é claro, de considerarmos o aspecto "homenagem"...
    bjs

    Kamila: rsrs. Já sabemos.
    Bjs

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  6. Outro panorama excelente. Eu, até o momento, só vi dois indicados: Jonah Hill, que achei bastante eficiente na sua interpretação, e Christopher Plummer, que é a alma do filme Toda Forma de Amor. Mas, para um filme tão chato, ser o atrativo não é muito difícil e talvez o que mais chame a atenção no filme seja o fato de que o personagem é homossexual e não que o ator o tenha interpretado bem. Se ele ganhar, acredito que será por homenagem mesmo.

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