quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ESPECIAL OS MERCENÁRIOS - Crônica de uma filmagem no Rio de Janeiro

Correria: Stallone acelera em uma das primeiras imagens de bastidores divulgadas da produção


Com a proximidade da estréia de Os mercenários, o noticiário pop e cultural nacional é invadido por denúncias de calote, piadas sem graças, revanchismos e outros “ismos” envolvendo a produção do mais recente filme estrelado e dirigido por Sylvester Stallone.
Não se pode negar as razões de todos os lados e frentes dessa batalha informal. Estão certos os brasileiros ao chiarem de um gringo que faz piada com as tradições (?) alheias e está certo o gringo ao fazer uma crítica, ainda que sem sal e azeite, a um país com complexo de vira lata e a um povo que não sabe receber com humor o humor, ainda que o humor em questão seja pobre.

O terceiro mundo é aqui: locações cariocas remetem a ilhota latino americana fictícia



É preciso lembrar que o filme, Os mercenários, é um coro da América da Era Reagan, deslocada de seu espaço tempo. A verve de Bush pai (e filho em consequência) resplandece no Rambo que recusa a aposentadoria. É preciso levar a democracia aonde a luz não alcança. No cinema também. O Brasil tem feito de tudo para ser anfitrião de filmagens. Seja de produções estrangeiras (de preferência) ou nacionais. O festival de Paulínea, cuja mais recente edição se encerrou no mês passado, serve apenas para esse propósito. A O2 de Fernando Meirelles firmou contratos internacionais prevendo que produções estrangeiras venham filmar no Brasil. O próprio Fernando Meirelles fez isso com seu Ensaio sobre a cegueira. Stallone veio ao Rio de Janeiro atraído por todos aqueles tambores que provocam os gringos e também pela promessa de um orçamento barato e custos operacionais dentro do satisfatório (partindo do ponto de vista americano aqui). Como toda a produção, o planejado não avança aos fatos. Pequenas bifurcações são feitas pelo caminho. A primeira delas, pelo menos a mais midiática, foi a respeito da “mocinha local”.

Jason Stathan é flagrado saindo do hotel para mais um dia de gravações no Rio de Janeiro



Stallone bate aquele papo com o cineasta brasileiro Fernando Meirelles: hoje há ressentimento, processos judiciais e troca de acusações de falta de profissionalismo


Stallone queria uma brasileira para viver a donzela em perigo. Juliana Paes, notada em uma capa de revista, foi a primeira escolha. Um bate papo e um screen test depois e Stallone perguntava sobre outra bela morena. A morena em questão era Cléo Pires. Cléo fez o teste e também bateu o papo. Stallone gostou do que viu. Mas Cléo não entrou para o casting porque não obteve liberação da Globo, já que o cronograma de filmagens da fita batia com o da novela em que ela estava no momento. Cléo ficou azeda e a Record ganhou mais uns pontinhos na disputa, que crê poder ganhar algum dia, travada com a emissora carioca. Gisele Etié, a Bela feia que não é feia (para quem não sabe), foi a escolhida. A atriz que não é brasileira (mas isso é só um detalhe) faz a coisa nossa no filme tão contestado de Stallone (um dos poucos filmes que a crítica brasileira parece malhar com gosto). Ah! Tem as florestas do Rio de Janeiro também! Mas no filme, que até tem macaco, elas não são nossas...

Gisele, Stathan e Stallone em um intervalo das filmagens: descontração

5 comentários:

  1. Discordo de vc, eh exatamente este complexo de vira latas (que eu não tenho), que os brasileiros estão querendo se livrar, ao rejeitarem este humor pobre de Stallone. Vira latas, são os brasileiros que riram da piadinha infame. Um atorzinho que não respeita nossa hospitalidade, não a merece. Boicote a este filme. A dor no bolso ainda é o melhor remédio para curar imbecilidades

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  2. Pois bem Olivério, não sei se vc reparou na crônica, eu não tomo partidos. Aliás o alcançe da crônica é muito maior! Relativizo as consquências do que,afinal foi uma piada. De mau gosto. Sim, mas nós não as fazemos com os portugueses? Essa é uma visão "gringa" para com o Brasil que não irá mudar tão cedo. É preciso ter consciência disso. Ademais, os americanos fazem piadas assim entre os seus tb. Não sei se vc tem o hábito de assistir tal shows americanos. Eles chegam a ser cruéis com suas celebridades, políticos e regiões remotas do país. Enfim,polêmica, no fim das contas dá dinheiro e esse boicote não vai levar a nada...
    Agradeço sua presença e seu comentário e se gosta de filmes de ação, espero que supere esse ressentimento bobo e assista a esse filme bacana.
    Grande abraço!

    Marcelo:Estreou rapá! abs

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  3. Palavras......Simplesmente palavras...
    Palavras que induzem...Palavras que machucam...Palavras que ferem...Palavras que provocam...Por essa razão, por amar a minha Pátria verdadeiramente, que não pretendo assistir ao filme do grande "Stallone"

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  4. Pois é Cecília. Sua opção é legítima e como tal deve ser respeitada e eu a respeito. No entanto, não acho que essa atitude gere nenhum ponto positivo. Tão pouco irá pepercutir de alguma forma com Stallone. Um cara de visão de mundo pequena como mostrei neste trecho da crônica: "É preciso lembrar que o filme, Os mercenários, é um coro da América da Era Reagan, deslocada de seu espaço tempo. A verve de Bush pai (e filho em consequência) resplandece no Rambo que recusa a aposentadoria."
    Enfim, Os mercenários não é para ser levado a sério. Nem Stallone. E tem muuuuuita gente levando ambos a sério...
    bjs

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