domingo, 1 de agosto de 2010

ESPECIAL A ORIGEM - Insight

Por que todo mundo para quando surge um filme conceito?



É inevitável. Há filmes que são verdadeiros eventos midiáticos. Arrastam multidões aos cinemas e invadem variadas plataformas, de vídeo games a HQs, e mídias, de revistas a redes sociais. O fenômeno pode até mesmo parecer recente, devido ao imediatismo proporcionado por Facebook, Twitter e afins, mas na verdade não é. O que acontece é que o desenrolar de um hype se dá de forma muito mais ágil e veloz na era da internet.
É preciso separar os filmes hypados dos filmes conceito. Filmes hypados são aqueles muito antecipados que geram um grande buzz e são, eminentemente, adaptações de outras mídias, sequências ou remakes. Já os filmes conceitos não deixam de ser necessariamente hypados, mas apresentam uma ideia original, geralmente ligada a ficção cientifica e tecnologia. Não obstante são filmes que pegam meio mundo de surpresa e só são descobertos em sua segunda encarnação, como ocorreu com Blade Runner – o caçador de andróides (1982). Foi justamente Blade runner que reformulou o paradigma da recepção de um filme conceito nos cinemas. Hoje eles são hypados e aguardadíssimos como A origem, ou surpresas tão arrebatadoras quanto dotadas de poder de influência como Matrix. O filme dos irmãos Watchoski ao derrubar outra produção conceitual e para lá de hypada em 1999, o Star wars de George Lucas, deflagrou um novo status quo para as produções do gênero. A origem, por exemplo, é frequentemente comparado a Matrix, já que conta com um visual arrebatador, um roteiro um tanto hermético e aparatos tecnológicos capazes de dar vida aos sonhos ou ao menos de caprichar na projeção deles.

Em Blade Runner, a inteligência artificial é a metáfora suprema para a humanidade ...



... já em O exterminador do futuro 2, há avanços notáveis na forma de dar vida a essa metáfora.


A concepção de filme conceito também foi incrementada com a chegada de O senhor dos anéis. A produção, hypada por excelência, estabeleceu novos parâmetros para a produção de trilogias e o desenvolvimento de seus argumentos em Hollywood. A própria trilogia Matrix se mostrou um reflexo de Senhor dos anéis. Mirando-se no exemplo do modelo de produção de Peter Jackson, os dois últimos filmes da saga de Neo foram gravados de uma só vez. Em um arroubo narrativo que não colou tão bem, a própria história foi contada de forma itinerante. O que de certa forma se ajustava a trilogia de Tolkien, não caiu bem na saga cibernética dos Watchoski. Bruckheimer tentou aproveitar a ideia, embora o tenha feito por razões financeiras, nos dois últimos filmes Piratas do caribe e Johnny Depp só teve que se vestir como Jack Sparrow por uma vez para rodar O baú da morte e No fim do mundo.

A dança das balas: em Matrix surgia um novo conceito de cinema de ação pós moderno



Não, não é Matrix: no mundo dos sonhos de A origem a arquitetura da mente é o eixo central


Filmes conceito são isso mesmo que você está imaginando. Eles lançam conceitos. Ditam tendências. Seja o bullet time de Matrix, a imersão na inteligência artificial propagada a partir de Blade runner, a revolução nos efeitos especiais atingidos por Exterminador do futuro 2, o upgrade da animação em Toy story ou a um modelo de produção mais econômico e organizado, como o de O senhor dos anéis. Filmes hypados vem e vão, como Salt estrelado por Angelina Jolie, mas os filmes conceituais marcam época. São eles os divisores de água nos cinemas. Existe o cinema de antes e o posterior a determinado filme conceito. Resta saber como ficará a sétima arte depois de A origem.

8 comentários:

  1. OI Reinaldo gostei deste Insight e como cinéfilo adoro o gênero Sci-Fic. e tenho todos os filmes que você aborda, exceto o aguardado A ORIGEM, que já pelos trailers, sei que será um obra interessante, tudo bem não posso dizer ainda que será prima. Tenho que assistir e saber se haverá muitas transmutações de obras alheias e outros gêneros na fita de Nolan (mesmo sabendo pelas prévias da extraordinária aquisição de efeitos especiais, som, efeitos de câmeras etc), embora nos dias de hoje isso seja quase impossível. Um filme 100% em todas as nuances, ser original!

    Blade Runner é de fato o divisor de águas e um exemplo nato do boca a boca, que atualmente é discutido em redes sociais. O exemplo de Blade é mais, eu diria, interessante e real.

    Abs,
    Rodrigo

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  2. Bom resgate e análise. E acada texto que leio sobre Origem, a expectativa cresce. Vamos ver o que nos aguarda essa semana.

    bjs

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  3. Gostei do que você disse sobre os filmes conceituais e concordo plenamente com isso. "A Origem" me parece ser um filme conceitual. Mal posso esperar para conferir, apesar de achar que é o tipo de obra que pede várias visitas, de forma a compreendermos ela de forma plena.

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  4. Dae Reinaldo!
    eu já comentei com você que a seção que mais gosto no blog é a Insight, não é? Aproveito o espaço para parabenizá-lo pelas pesquisas e análises muito relevantes que tu levanta nos textos. Excelente! Eu acabo aprendendo muito e até revendo alguns conceitos com suas apresentações, como justamente essa diferenciação de "filme hype" e "filme conceito". É burrice discordar =)

    Tudo indica que "A Origem" será um filme conceito, já que não é adaptação de nada, mas acho que isso deve ser avaliado posteriormente - como o próprio "Blade Runner" o foi -, pois podem aparecer "teorias conspiratórias" tc e tal e acho que apenas o tempo vai esclarecer tudo isso. Mas, convenhamos, o cinema de Christopher Nolan só aumenta ainda mais nossa confiabilidade no cara. Um dos melhores cineastas que surgiu nos últimos anos, sem sombras de dúvida.


    abs!

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  5. Pois é, essa diferença entre hype e conceito é mesmo bem interessante porque acontece nas mais diversas esferas do conhecimento: sabe aquela sensação de estar vivendo um "momento histórico"? Bem, aquele clichê de quem esteve presente e simplesmente não viu que o circo pegava fogo, enquanto entrevistava o palhaço. Bem, eu baterei meu cartão na sala escura na próxima sexta, rsrsrs E claro, apareço aqui no fds seguinte pra conferir sua opinião.

    Beijos

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  6. Marcelo Cândido: Estamos na contagem meu brother. Abs

    Rodrigo: Obrigado pela repercussão do texto Rodrigo. Concordo com vc. Lembremos que Tarantino, que para muitos é original, é contestado pro tantos outros por ser um liquidificador pop. Acho que a originalidade de A origem pode não estar apenas onde imaginamos (e esperamos). Falta pouco para descobrir. Abs

    Amanda: Obrigado Amanda. Vamos ver! bjs

    Kamila: Obrigado Ka. Desconfio que terei o maior prazer em rever A origem. rsrs. bjs

    Elton:

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  7. Então Elton, vc já havia comentado comigo sua preferência pela seção Insight, mas francamente, fico feliz por vc se sentir entusiasmado a reeditar o comentário. É uma senhora deferência!
    Quanto ao fato de A origem ser um filme conceito, conrodo com vc. O tempo é o melhor dos juízes. Porém, em uma coisa e isso já é possível constatar desde já, A origem se mostra conceitual. Devolverá a Hollywood a crença em projetos originais em um momento que tudo gira em torno de adaptações. Essa já é uma contribuição palpável da fita. Mais sobre isso na reportagem que eu publico hoje aqui em Claquete. Abs

    Aline: Obrigado pela valorização da minha opinião Aline. A crítica será publicada no começo da semana que vem. bjs

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