sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Critica - Te amarei para sempre


Pela força das metáforas!
Existem diretores que acreditam piamente na força das imagens. Outros que acreditam na força das idéias. Robert Schwentke, diretor de Te amarei para sempre (The time´s traveler wife, EUA 2009), acredita na força das metáforas. São elas que pautam o filme. Se no romance, do qual o filme foi adaptado, A mulher do viajante no tempo de Audrey Niffenegger, a história era mais imaginativa e as metáforas se impunham com naturalidade, no filme elas são despejadas. Muitas das vezes de forma inconseqüente.
Te amarei para sempre não é um filme ruim. Emociona e é impossível não se cativar pela tragédia de Henry (Eric Bana). Privado de uma vida normal, pois viaja involuntariamente pelo tempo. Henry no momento que vislumbra a chance de amar, se agarra a ela. É algo essencialmente humano.
A despeito de alguns erros de continuidade e algumas solenes omissões do roteiro, Te amarei para sempre funciona como uma boa crônica dos percalços do amor. Do estágio inicial, mera fantasia, até o amadurecimento do sentimento, quando se está pronto para realizar sacrifícios; e também versa sobre a escolha de retornar a fantasia. Contudo, o filme não explora essa linha narrativa a contento. As metáforas que pipocam na tela parecem um capricho intelectual de diretor e roteiristas. Algumas são muito interessantes. Como a de Henry ficar pelado sempre que viaja no tempo, que é bastante eficiente em demonstrar sua vulnerabilidade cada vez que aquilo acontece. Também a que Clare (Rachel McAdams) trai o marido com uma outra versão dele mesmo, mas que pode lhe dar aquilo que ela busca. Essa última, como um sintoma do que acontece nas relações modernas.
Mas essas talvez sejam as duas boas metáforas que surgem no filme. E já vinham do livro. A bem da verdade, a adaptação não foi bem conduzida. Como a história é bonita e edificante, apostou-se cegamente em seu sucesso. Algo que o próprio atraso em lançar a fita (prevista inicialmente para o fim do ano passado), já escancarava não ser o caso.
Misturar elementos de ficção científica a uma história de amor, embora possa causar estranheza para alguns, não é algo novo. Recentemente o roteirista Charlie Kaufman e o diretor Michel Gondry saíram-se muito bem no mesmo território com o inesquecível Brilho eterno de uma mente sem lembranças.

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