quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Perfil: Russel Crowe

Adorável rabugento

Há sempre uma confusão com sua nacionalidade. Para alguns ele é americano. Pois é um legitimo hollywood star. Para outros é australiano, pois é de lá que vêm e onde estrelou seus primeiros filmes. Russel Crowe, no entanto, é neo zelandês. Contudo se naturalizou australiano ainda cedo, o que colabora para toda a confusão acerca de sua naturalidade. O ariano Crowe nasceu em 7 de abril de 1964 na pacata Wellington. Mudou-se jovem para a Austrália onde decidiu seguir a carreira de ator.
Até chamar atenção com o neo nazista do filme Skinheads - a força branca (1992), o ator já havia estrelado pelo menos 5 filmes no país que escolheu para viver. Ao dar vida ao desvirtuado e homicida personagem de A força branca, Crowe impressionou Sharon Stone que buscava em terras estrangeiras um nome para estrelar junto a ela o primeiro filme que produziria; Rápida e mortal (1994). Recrutado pela atriz que gozava de grande influência em Hollywood na ocasião, Crowe viveu um fora da lei misterioso e de poucas palavras. Tipo que tornaria a interpretar outras vezes e que contribuiria para sua fama de carrancudo.
Após contracenar com Sharon Stone, um jovem Leonardo DiCaprio e o veterano Gene Hackman, o ator fez frente ao astro em ascensão Denzel Washington na ficção científica Assassino virtual (1995). Dando vida a um cyborgue, que adivinhem, era bem envoquadinho. Contudo o reconhecimento artístico ainda viria. Los Angeles, cidade proibida (1997) neo- clássico noir dirigido por Curtis Hanson trazia Crowe roubando cada cena em que aparecia como o policial honesto e explosivo Bud White. Com cara de mau, Crowe ficava cada vez melhor.
E depois de aparecer tantas vezes como esquentadinho ele mudou um pouco de ares. Realizou duas comédias pouco vistas, mas muito agradáveis. Amor em chamas(1997) e Esquentando o alasca (1999).

O ator fazendo o tipo sexy

Cada vez mais estabelecido nos Estados Unidos, do ponto de vista profissional, Russel Crowe se recusava a fixar residência no país. Morava na Austrália, onde entre idas e vindas ( tanto físicas quanto do coração) mantinha um relacionamento com a também atriz Danielle Spencer.
E os louros de Los Angeles, cidade proibida começaram a render. Em O informante(1999), Crowe viveu Jeffrey Wingand, um ex- funcionário de uma empresa tabagista disposto a romper o silêncio e revelar todo o malcaratismo das companhias de cigarro. O filme queridíssimo pela critica, foi indicado a 10 oscars. E Russel Crowe também conheceu o olimpo hollywoodiano ao ter sido incluído entre as cinco melhores performances do ano.
A glória, contudo, viria no ano seguinte. Gladiador, é um marco para o neo zelandês por muitas razões. Marca o inicio da parceria com o diretor e amigo Ridley Scoot, que ano que vem chega ao quinto filme com Robin Hood, previsto para maio; marca o exato momento em que foi lançado ao estrelado incontornável. Ficaria para sempre conhecido como Gladiador, estigma que ainda o assombra, mas que dribla com habilidade monstruosa. Foi o filme que lhe conferiu status em Hollywood e também o Oscar que escapara no ano anterior. Gladiador não só recuperava um gênero em desuso na Hollywood de então; lançava um astro contemporâneo mas ao sabor dos grandes do passado. Foi com essa percepção, e talvez por recear não ser Crowe, um ator de tantos recursos, que a acadêmia o premiara com o Oscar tão prematuramente, como o próprio Crowe lograria mais tarde.
No ano seguinte, o ator estabeleceu um pequeno recorde ao ser indicado pelo soberbo trabalho em Uma mente brilhante. Nunca um ator havia sido contemplado com três indicações seguidas , tendo ganho uma delas, na categoria principal de atuação masculina. Um feito e tanto para um ator que supunha- se só saber fazer cara de mau. Seu trabalho em Uma mente brilhante era inegavelmente o melhor daquele ano, contudo, a acadêmia precisava enxergar outros além de Crowe que até então monopolizara a temporada de premiações. Deu Denzel Washigton, que curiosamente embora fosse muito mais famoso que Crowe e trabalhasse naquela cidade há mais tempo, só experimentou a consagração do Oscar de ator, já havia ganho como coadjuvante em 1989, depois do neo zelandês.



Ao lado de Al Pacino em O informante: Crowe teve de engordar 15 quilos para o papel

Russel Crowe protagonizaria em 2002 um incidente que em nada amenizaria sua fama de carrancudo. Hospedado em um hotel em Nova Iorque, o ator jogou um telefone em um funcionário após muito berrar, por não conseguir fazer uma ligação para sua namorada na Austrália. Saiu do hotel algemado. Fiança paga, vira e mexe aquela história suscita algum comentário mal intencionado sobre o lado emocional do ator. Em 2000, o ator viveu outra história curiosa de bastidores. Iniciou um romance com Meg Ryan nos sets de filmagens de Prova de vida ( filme que viria a se configurar um fracasso, que o ator creditou a perseguição incessante que os paparrazi lhe fizeram). O romance por si só já seria incendiário no fogaréu de Hollywood, mas considerando -se o fato de que Ryan tinha uma união sólida de mais de 15 anos com o ator Dennis Quaid, a fofoca ganhou dimensões continentais. E se considerarmos que após 8 meses de relacionamentos Crowe simplesmente partiu para a Austrália, terminou o relacionamento via imprensa dizendo que tinha que cuidar de suas vacas?
Pois é, Russel Crowe dava de ombros e o mundo se encantava com ele. Seguiram-se bons e intuitivos trabalhos como os de O mestre dos mares - o lado mais distante do mundo (2003) e A luta pela esperança (2004), filmes que lhe permitiram voltar às festas de premiação.
Daí em diante, Crowe passou a dividir seu tempo entre projetos desenvolvidos junto ao amigo Ridley scoot ( Um bom ano, O gangster e Rede de mentiras) e outros bons filmes. Os indomáveis ( 2008) e Intrigas de estado (2009).
Não há um único filme ruim estrelado por Russel Crowe. Pode parecer eufemismo. Pode parecer exagero. Pode parecer bajulação. Não. Crowe é extremamente cuidadoso e seletivo com o que trabalha. Suas composições não ficam atrás. Não há ator no mundo hoje que se reinvente tão organicamente quanto Crowe. Sua habilidade camaleônica ,essa sim, parece não conhecer limites. Astros tendem a carregar cacoetes que antes de servir a um filme, servem a eles próprios. Permitindo a seu séquito de fãs reconhecer no personagem o ator que tanto veneram. Crowe evita esse recurso com determinação espartana. É no ator, sempre surpreendente, que se vislumbra o âmago de cada personagem que dá vida. Mesmo que a face carrancuda teime em aparecer.

O ator que mantém uma banda de folk/rock como hobby: ele canta na trilha sonora de Um bom ano


Fotos: Divulgação

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