domingo, 11 de outubro de 2009

ESPECIAL BASTARDOS INGLÓRIOS - Insight


Quem é Quentin Tarantino?

É sempre aquele frenesi quando um filme dele estréia. A critica especializada se alvoroça e se rende a inflexões ora cerebrais, ora carregadas em emoção. Seus fãs se acotovelam e se transformam em pessoas monotemáticas. O mercado exibidor reage com distinção comparável a dispensada aos nobres de uma corte real. Quentin Tarantino, nascido em um 27 de março no Tennessee, tem esse poder. Mobiliza multidões e emana radioatividade com sua obra. Se há os que o veneram incondicionalmente, há também os que alimentam ódio mortal pelo diretor.
Tarantino tem uma formação alternativa como cineasta. Sua cultura cinematográfica se estabeleceu logo em seu primeiro emprego, como atendente de locadora. Assim como Spielberg, que só se formou em cinema nessa década, o diretor alcançou a fama e a consagração artística sem nenhuma preparação formal ou acadêmica para tanto.
Seu cinema é por força de definição um balaio de referências. Em sua obra admite, despudoradamente, suas influências e obsessões. O diretor costuma realizar colagens de gêneros em um mesmo filme. É o que ocorre no mais recente Bastardos inglórios. Um filme que se anuncia de guerra, mas é antes disso uma comédia. Também assume elementos de fantasia – uma vez que reescreve a História- e de um thriller de espionagem.




Tarantino em foto promocional: Ele faz o tipo ame ou odeie
Há quem implique com o excesso da violência nos filmes de Tarantino. Ele, no entanto, já disse repetidas vezes que não dá bola para esse tipo de critica. Faz os filmes que quer fazer, que gostaria de assistir e da forma como gostaria de assistir. Essa intransigência é uma característica forte de autores consagrados como Godard, Coppolla, Hitchcock, Truffaut, Werzog, entre outros. E é ela o combustível, até certo ponto, para tão desvairada adoração. E é ela também, a responsável para que Tarantino, a despeito de ostentar uma curta filmografia, já seja considerado um dos maiores autores/cineastas do cinema moderno.
Seus filmes além da violência estilizada e das referências pop, trazem outros elementos já batizados “ tarantinescos”. Esse elementos podem ser atores com quem gosta de trabalhar, Samuel L. Jackson, Uma Thurman, Michael Madsen e Harvey Keitel, figuras carimbadas, ou diálogos cheios de sarcasmo e ironia. Seus filmes sempre combinam ótima trilha sonora com cenas que vão do sublime ao ridículo. Tarantino gosta de iluminar a banalidade de certas coisas que não costumamos tomar como banais. Essa atitude para alguns é entendida como loucura, para outros como genialidade.


Com Pulp Fiction veio a consagração em Cannes e no resto do mundo

Meus filmes, minha arte
O primeiro filme de Tarantino rodou o mundo. Literalmente. Sucesso em Sundance, Cães de aluguel chegou São Paulo com seu diretor a tiracolo, para exibição na Mostra internacional de cinema da cidade. O filme que mostrava uma quadrilha de assaltantes as voltas com um golpe mal sucedido, era tão salutar quanto revolucionário. Além de mostrar toda a verve narrativa do diretor. Diálogos ácidos e inusitados ( um grupo de homens perigosos discutindo a carreira de Madonna, uma discussão filosófica sobre o ato de dar gorjeta), longos takes, close ups intensos, trilha sonora pulsante...
Cães de aluguel abriu o caminho para Tarantino revolucionar, a seu modo, o jeito americano de fazer cinema. Viria, em 1994, Pulp Fiction – tempos de violência. O grande divisor de águas da carreira do diretor. Filme celebrado em todo o mundo, vencedor da Palma de ouro em Cannes - lhe valeu também um culto exacerbado na reviera francesa, seus filmes sempre debutam lá – vencedor do Oscar de roteiro e muitos outros prêmios,o filme foi considerado por muitos, o melhor da década passada. Tarantino brincava com a noção de narrativa no cinema clássico americano, assim como com um de seus gêneros por excelência; o filme de gangster.
Seguiram-se Jackie brown, em que adaptou Elmore Leonard, e Kill Bill, saga de vingança que dividiu em duas partes. Tarantino perdia o status conquistado com seus dois primeiros trabalhos, mas preservava o prestígio adquirido.
Com Bastardos inglórios, filme que já é o maior sucesso comercial da carreira do cineasta, Tarantino faz as pazes com a critica, pelo menos parte dela. A critica americana, em sua maioria, torceu o nariz para o filme, mas a critica mundial abraçou a idéia, e mais importante ainda, a forma como Tarantino deu vida a ela.
Será tarantino um gênio? Um crianção que cede desavergonhadamente a impulsos fetichistas? Qual é, de fato, a diferença? Tarantino nem sempre acerta, na verdade, como já ficou provado, erra bastante. O próprio Bastardos inglórios demorou em ver a luz do dia por que já há a percepção no mercado de que Tarantino não move mundos e fundos como outrora. Contudo é um diretor de profunda paixão pelo cinema, algo imprescindível para o ofício e menos frequente do que se imagina, e disposto a sempre propor alguma excentricidade. Algo, que convenhamos, clama à curiosidade.
Não há nada de novo no horizonte do diretor. Ele fala sobre um possível Bastardos inglórios 2, sugere uma terceira parte de Kill Bill, mas seu próximo projeto não deverá ser nenhum desses. Ninguém ousa arriscar o que virá a seguir. Nem o próprio diretor. Estão todos salivando. Até a próxima comoção generalizada.


Jackie Brown, seu filme mais esperado e o que menos provocou encanto

Dica:
Quem tem vontade de saber um pouco mais sobre o hype que é Quentin Tarantino, vale a pena assistir um curta, disponível no you tube, sobre o diretor. Selton Mello e Seu Jorge comentam sobre a filmografia do diretor e fazem belos insights sobre sua obra. Tarantino´s mind se utiliza, para falar de Tarantino, da mesma linguagem e estilo inerentes à obra do cineasta. O link para o viedo segue abaixo:

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