quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Movie Pass

O Movie Pass de hoje destaca Duplicidade. Filme deliciosamente divertido estrelado por Clive Owen e Julia Roberts. Peraí, Julia Roberts em um filme cult? Pois é. Duplicidade recupera aquele momento do cinema em que pagamos para ver dois astros no auge do carisma e da química se divertirem atuando. Na fita dirigida por Tony Gilroy, diretor e roteirista do não menos interessante Conduta de risco, acompanhamos as idas e vindas pelo tempo de dois espiões, atuando na area privada, enamorados que planejam aplicar um golpe milionário em seus patrões, adversários históricos. Espionagem industrial, romance, ironia,sarcasmo e muita graça, tudo temperado por um texto muito inteligente e atores, os coadjuvantes também brilham intensamente, no melhor da forma.
Duplicidade não teve uma boa acolhida do público americano. Não chegou nem mesmo aos U$100 milhões. Seu plot talvez seja muito sofisticado para a média. Seu inegável apelo cult excede até mesmo a dificuldade de atrela-lo a um gênero. Por razões comerciais( hello Julia Roberts) a comédia é o mais lembrado. Duplicidade, porém, tem o mérito de não se ater a rótulos.

A seguir o trailer do filme e a minha critica:

OBS: Disponível em DVD, para locação, a partir da semana que vêm.




Qualidade elevada em fita prazerosa!
O novo filme de Tony Gilroy é uma delicia. E também é um primor de cinema. Ventila uma temporada de filmes de baixa atração com tudo que um bom filme tem que ostentar. Astros em grande forma, um roteiro esperto e muitíssimo bem escrito, diálogos ácidos e inventivos, e uma imensa vontade de entreter com inteligência.
Duplicidade ( Duplicity EUA 2009) têm entre seus trunfos o reencontro de Julia Roberts e Clive Owen que dividiram a cena em Closer de 2004, e na ocasião chamaram a atenção do público cinéfilo vigorosamente. A química demonstrada lá foi preservada e até mesmo incrementada pelo sagaz roteiro de Gilroy e pela leveza da trilha composta por James Newton Howard. Na trama, Owen vive um ex- agente do MI6 que se vê as voltas com uma ex- agente da CIA, vivida por Julia, agora que ambos atuam na área da espionagem corporativa.
Gilroy acerta no tom da narrativa. Leve, bem humorada e com retoques de paródia, mas sempre calcando sua história na verossimilhança. A competição desenfreada entre as empresas pelo pioneirismo, o investimento absurdo que as mesmas fazem em inteligência, o reflexo dessas ações no mercado financeiro e tudo o mais. O diretor/roteirista cerca-se de atores competentes, a maioria saída de seu primeiro filme como diretor Conduta de risco, para avalizar o seu texto. Que embora leve na tela, sem os atores corretos, assumiria seu aspecto mais complexo.
O filme avança em ritmo agradável e se constrói com uma simplicidade inversa ao argumento que lhe precede. Outro mérito de Gilroy que fascina cada vez mais. O roteirista é seguramente um dos pilares da nova ordem Hollywodiana. Na qual convergem arte e entretenimento. Movimento que O cavaleiro das trevas deflagrou. Tem tudo para seguir os passos de gente como Woody Allen e Clint Eastwood. Embora seja um realizador mais industrial, Gilroy mostra em seu segundo filme ser um diretor de muito potencial.
Duplicidade é um sopro de originalidade em um ano até aqui dominado pela banalidade. Assim como o fora Conduta de risco dois anos atrás. Gilroy estabelece assim uma pecha convidativa para si. A de nome confiável até mesmo quando a confiabilidade na produção hollywoodiana anda meio canhestra.

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