sábado, 25 de janeiro de 2014

Oscar Watch 2014 - #oscarfacts

Onde eu assino no Guinness?
 A figurinista Catherine Martin acaba de registrar um pequeno recorde com as indicações de 2014. Depois de ser nomeada em 2002 pelo figurino e direção de arte de Moulin Rouge – amor em vermelho, e ganhar os dois Oscars, ela repete o mesmo feito (as indicações, ao menos) em 2014 por O grande Gatsby. Ambos os filmes dirigidos por Baz Luhrmann. Houve outras indicações no ínterim, mas o recorde em questão é que ninguém, além dela, conseguiu ser indicada por figurino e direção de arte ao Oscar no mesmo ano, pelo mesmo filme, duas vezes.

A figurinista disse que sempre trabalhará com Baz Luhrmann e é compreensível, já que a parceria tem dado certo. Martin também foi indicada ao Oscar pelo figurino do contestado Austrália (2008)

Woody Allen e o roteiro
Woody Allen já tem quatro Oscars e continua com fome. Sua coleção de indicações, especialmente como roteirista, continua crescendo e ele não dá pistas de que esse cenário vá mudar. Por Blue Jasmine, ele conseguiu sua 16ª indicação na categoria. A segunda em três anos, desempenho que não conseguia repetir desde o alvorecer dos anos 90.

A nova poderosa chefona

Em 2011, Scott Rudin conseguiu um feito raro. Foi indicado duplamente ao Oscar de melhor filme, por A rede social e Bravura indômita. Ali, como produtora executiva do filme dos Coen, estava Megan Ellison. Filha de um bilionário do setor de tecnologia, ela se anuncia uma figura prodigiosa no universo dos produtores independentes. Depois de emplacar A hora mais escura na disputa em 2013, ela chega em 2014 com dois filmes selecionados na categoria principal. Ela e o badalado Trapaça. Analistas da indústria já a colocam como pedra no sapato do todo poderoso Harvey Weinstein. Não obstante, ela foi capaz de atrair David O. Russell, que rodara O lado bom da vida sob a guarda de Weinstein, para fazer Trapaça no selo independente da Sony. Atuando como produtora há apenas três anos, ela conseguiu algo que apenas Weinstein, Rudin e Francis Ford Coppola, titãs da indústria, conseguiram em 85 anos de Oscar.

A descoberta de Abi

Todo ano o Oscar promove uma estrela. Ou melhor, eleva ao panteão das maiores estrelas do mundo aquelas figuras que não exatamente pertencem a este universo. Há sempre algum debutante na atuação em cena ou alguém de fora do mainstream. Em 2014 essas características se concentram todas em Barkhad Abi. Não só ele não era ator antes de chocar o mundo, e eclipsar ninguém menos que Tom Hanks em Capitão Phillips, como era motorista. Além de ser somali, o que invariavelmente diminui seu apelo em termos de premiações.
Mas aí está o Oscar revelando para o mundo, com toda a justiça, um ator intuitivo de incrível energia e muito futuro.

Os maiores hiatos
Alguns artistas voltam ao Oscar depois de longos anos. Claquete destaca os dois casos mais emblemáticos nas categorias de atuação.
Bruce Dern foi indicado a melhor ator coadjuvante em 1979 por Amargo regresso e volta a disputar a estatueta em 2014 como ator por Nebraska. São 35 anos entre uma indicação e outra. Julia Roberts recebeu seu Oscar em 2001 por Erin Brockovic – uma mulher de talento. Justamente quando foi indicada pela última vez, 13 anos atrás.

When Judi meets Cate

Cate Blanchett já tem um Oscar e em 2014 conquistou sua sexta indicação ao prêmio. Judi Dench já tem um Oscar e em 2014 conquistou sua sétima indicação ao prêmio. No ano em que Cate Blanchett conquistava sua primeira indicação, em 1999, como atriz por Elizabeth, Judi Dench, então em sua segunda indicação, conquistava seu primeiro Oscar, como coadjuvante por Shakespeare apaixonado. Em 2007 elas foram indicadas ao Oscar pelo mesmo filme, Notas sobre um escândalo. Cate como coadjuvante e Judi como protagonista. Agora, em 2014, elas se enfrentam pela primeira vez no Oscar na categoria de atriz. O favoritismo é de Cate, mas muita gente aposta que Judi pode surpreender.

When Amy meets Meryl

Outra sinergia esquisita ocorre entre Meryl Streep e Amy Adams. Elas já estrelaram dois filmes juntas. Por ambos os filmes, Meryl Streep foi indicada ao Oscar. Pelo primeiro deles, Amy também foi. Os filmes em questão foram Dúvida (2008) e Julie & Julia (2009). Meryl Streep foi indicada ao Oscar seis vezes nos últimos dez anos. O melhor desempenho entre intérpretes, tanto em categorias masculina como feminina. O segundo melhor desempenho? Amy Adams que chega à quinta indicação em nove anos. Em 2014 será a primeira vez que elas se enfrentam no Oscar.

A primeira vez a gente nunca esquece
Michael Fassbender falou, em setembro último, que não faria campanha por uma indicação ao Oscar como coadjuvante por 12 anos de escravidão. Fassbender, que fez muita campanha em 2012 por uma indicação por Shame, acabou indicado pelo trabalho e, tal como Joaquin Phoenix no ano passado, às custas única e exclusivamente de seu trabalho em 12 anos de escravidão. Ator de muitos recursos e muito versátil, Fassbender que já merecia uma indicação ao Oscar desde Shame, deve voltar muito à festa da Academia. Mas o sabor da primeira vez fica.

A primeira esnobada a gente nunca esquece
Outro que goza de sua primeira indicação, e já na posição de favorito ao prêmio, é Matthew McConaughey. Só que McConaughey teve que amaciar a carne. Depois de uma consolidada carreira como galã de comédias românticas, o ator deu um giro de 180º em sua carreira que muitos pagavam para ver até onde iria. E pode ir ao Oscar e além, como sugerem seus créditos para os dois próximos anos. Nesta dourada jornada, McConaughey foi solenemente ignorado por performances arrasadoras em filmes como Killer Joe, Magic Mike e Amor bandido.

Agora vai?
Roger Deakins é um dos maiores perdedores da história do Oscar. Em todas as categorias, mas entre os diretores de fotografia a coisa fica mais chata. Todo ano ele recebe menção aqui no #oscarfacts de Claquete sob a expectativa de que o ano em questão pode ser, finalmente, o da redenção. Não deve ser em 2014, no entanto, que Deakins sairá da fila. Indicado pela arrebatadora fotografia de Os suspeitos, configurando sua quarta indicação em seis anos, suas chances são menores do que em outros anos. A indicação de Deakins é a única de Os suspeitos e há toda a celebração em cima da fotografia de Gravidade, de Emmanuel Lubezki, outro que nunca ganhou o Oscar, mas pode conquistá-lo em sua sexta indicação.

O fator Hanks                                                                 
Tom Hanks, que era dado como certeza na categoria de melhor ator por Capitão Phillips, acabou de fora e levou analistas da indústria a se depararem com a seguinte pergunta: a Academia superou Tom Hanks? Sim, porque desde 2001, o ator não é indicado ao Oscar, mesmo tendo apresentado meia dúzia de atuações mais do que dignas de nomeações. A hipótese permanece sem uma elaboração aceitável, mas parece que grande parte da Academia considera que os dois Oscars cedidos de maneira consecutiva no início dos anos 90 já qualificam distinção suficiente a Hanks na história e que não seria preciso elevá-lo a uma “Meryl Streep entre os homens”.


Quem foi mais esnobado? 
Leonardo DiCaprio tem dez indicações ao Globo de Ouro e em 2014 conquistou sua quarta nomeação ao Oscar. Tom Hanks, por seu turno, ostenta oito nomeações ao Globo de Ouro e apenas uma a mais que DiCaprio no Oscar, apesar das duas consagradoras vitórias. Claquete faz a análise das análises, quem desses dois grandes atores americanos foi mais esnobado pela Academia?


Leonardo DiCaprio está mesmo com tudo ou por fora, dependendo da perspectiva. DiCaprio, no crivo de Claquete, apresenta mais performances dignas de indicação ao Osca ( e que não foram nomeadas) do que o venerável Tom Hanks. Foram oito os trabalhos de DiCaprio solenemente ignorados pela Academia e seis os desempenhos de Hanks que foram excluídos do Oscar. Atenção para um detalhe: os trabalhos esnobados estão com o ano de seu lançamento e os trabalhos nomeados com o ano da nomeação.


Scorsesiano

Ao que parece, Martin Scorsese caiu de vez nas graças da Academia. Embora esta ainda lhe deva uns três Oscars, para fazer jus à grandeza do cineasta americano, a academia tem destacado Scorsese mais do que qualquer outro cineasta do cinema atual contemporâneo. Dos anos 2000 para cá, Scorsese realizou seis longa-metragens ficcionais. Ele foi indicado ao Oscar de direção por cinco deles. Só ficou de fora por Ilha do medo (2010), que é um de seus melhores trabalhos de direção em todos os tempos, mas o filme é, também, uma homenagem aos filmes de terror B; o que minou suas chances na academia.
De qualquer maneira, Scorsese é o cineasta mais indicado ao Oscar de direção nos últimos 15 anos. Uma distinção justa para um dos maiores diretores de todos os tempos. Ao todo, Scorsese tem 11 indicações ao Oscar. Oito delas como diretor.


Rancor ou verdade? 
Robert Redford disse que acabou de fora da corrida pelo Oscar por que o estúdio responsável por Até o fim, a Lionsgate, não acreditou no filme e não fez campanha. A fala de Redford, que disse que seria ótimo ser indicado, mas que não fica triste por não ter conquistado essa que seria sua primeira indicação ao prêmio como ator, escancara uma das principais características de toda a corrida pelo Oscar. A força das campanhas. Por trás da indicação de Leonardo DiCaprio, está o fato de que o ator se engajou na campanha por O lobo de Wall Street, do qual também é produtor. DiCaprio, vale lembrar, não costumava se engajar nas campanhas pelo Oscar.
A declaração de Redford, no entanto, vale para ele também. Redford tem o tipo de estatura na indústria que não precisa da sombra do estúdio.

Ator e produtor
Leonardo DiCaprio e Brad Pitt concorrem ao Oscar como produtores de O lobo de Wall Street e 12 anos de escravidão respectivamente. Ano passado, George Clooney e Ben Affleck ganharam o Oscar como produtores de Argo. Pitt concorreu no ano anterior como produtor dos filmes A árvore da vida e O homem que mudou o jogo. Não se fazem mais atores como antigamente em Hollywood e neste caso, isso é uma boa notícia. 

American darlings

Alexander Payne e David O. Russell travam uma batalha particular no Oscar 2014. A briga é pelo posto de quem é o maior darling da composição atual do colegiado da Academia. Ambos costumam colecionar indicações como roteirista e diretor, Payne ainda assombra como produtor. Mas isso é o de menos. Ambos foram indicados ao Oscar pelos seus últimos três trabalhos. Payne tem ligeira vantagem. Além de ter mais indicações (7 contra 5), venceu duas vezes – pelos roteiros de Sideways (2004) e Os descendentes (2011). Russell, no entanto, conseguiu o feito de ter seus atores principais indicados nas quatro categorias principais por dois anos seguidos. Demolidores de estatísticas nas hostes do Oscar, os dois se enfrentam pela primeira vez na categoria de direção. 

4 comentários:

  1. Agora que aumentou o número de indicados a melhor filme fica mais fácil que um produtor tenha mais de uma nomeação no mesmo ano. Para mim isso era um grande feito quando havia só 5 vagas.

    Para mim o mais esnobado do Oscar com certeza é o Leonardo DiCaprio. Tom Hanks nunca havia sido esnobado "de verdade", pois as atuações depois de "Náufrago" nem foram tão boas e comentadas. (Muito bom seu quadro comparativo!)

    Preferia que Spike Jonze fosse indicado no lugar de Alexander Payne. Payne já esteve na categoria há menos tempo por "Os Descendentes", não seria uma esnobada tão injusta!

    Para chegar ao Oscar não basta nome e prestígio, tem que fazer campanha! Se o filme não tá tendo um "buzz" muito grande, o ator tem que partir pra campanha individual. Como você mesmo disse, era isso que o Robert Redford tinha que ter feito!

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  2. Um "giro de 360º" deixa a pessoa no mesmo lugar. O correto é um giro de 180º.

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  3. Ótima matéria, Reinaldo. Só achei curioso você apontar Woody Allen não se cansando de Oscar enquanto ele nem sequer vai a premiações. rs. Mas, entendo a colocação.

    Acho que Tom Hanks merecia uma indicação desta vez, principalmente pelo que fez na última parte do filme. Mas, fico feliz que seu companheiro de cena, Barkhad Abi tenha sido reconhecido.

    bjs

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  4. Amanda: Não acho que Hanks merecesse indicação, diferentemente de Abi. Gostei da configuração final da categoria de ator. Quanto a Woody, é aquela coisa. Ele não faz filmes para ganhar Oscars, mas não faz para não ganhá-los também... rsrs
    Bjs

    Anônimo: Vc atentou para o giro correto, me equivoquei. Obrigado pela correção.
    Abs

    Anônimo:Meu anônimo favorito! rsrs. Obrigado pelo comentário. É verdade, por isso que o feito de Coppola, que foi indicado no mesmo ano por "A conversação" e "O poderoso chefão II" é ainda mais notável. Tb preferia Spike Jonze, mas ele não se ajusta no quadro de "favoritos da Academia" e neste ano essa máxima foi decisiva. De qualquer jeito, Payne e Scorsese, indicados no ano que vc se refere, voltam a competir.
    Abs

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