quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Especial O lobo de Wall Street: Fuck! Fuck! Fuck! - o delirante microcosmo de Wall Street



É o filme com mais palavrões da história do cinema americano. O lobo de Wall Street está à altura desse mito tão pouco lisonjeiro quanto arrebatador no prisma que oferece dos propósitos do novo petardo de Martin Scorsese, dos diretores mais completos, rebuscados e inventivos à disposição do cinema americano moderno.
Não se trata do primeiro filme a mostrar Wall Street como uma selva hostil e cheia de tentáculos, mas na visão horizontal, plena e cínica de Scorsese, esse ultrajante mundo de delírios, cobiça e ganância ganha uma reflexão pós-moderna entremeada por uma jornada alucinante ao colapso do espírito humano e por uma crítica esperta, silenciosa e para lá de debochada que emerge de todo o carnaval, e há de bacanais a jogo de anões ao alvo, que se vê na tela.
Scorsese reconhece que Oliver Stone foi o primeiro a atentar para o mundo oculto, cheio de interesses e poder de atração que se escondia nos arranha-céus de Wall Street e discretamente insere essa referência em seu filme. Referências transbordam em O lobo de Wall Street, que se abriga na alegoria, e nem todas gozam de plena aceitação. Há quem conteste a virulência com que o universo de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) é exposta. Sexo no escritório, doses homéricas de drogas diárias e um total desprezo pelo próximo. Há um divórcio no filme de Scorsese do politicamente correto. Não há a assepsia da última visita de Stone a Wall Street, tampouco o interesse de entender a engendragem do sistema como no espetacular e não menos atordoante Margin call – o dia antes do fim. O objetivo de Scorsese aqui é enfiar a mão nas entranhas de um sistema corruptor e entender a ganância pelo avesso. É ir à epiderme dessas figuras que se reinventam como melhores, mas muito piores, versões de seus sonhos mais loucos e intangíveis e escravizam um sistema financeiro e todos os que a ele estão vinculados.  
Entender esse microcosmo de ganância e malandragem, em que a sobrevivência do mais forte é uma regra que não permite hesitação, move Scorsese.

Os solavancos da crise financeira detonada em 2008 naturalmente são uma sombra tanto para a realização como para o olhar que se pretende lançar sobre O lobo de Wall Street. Scorsese não só não ignora essa realidade como a utiliza para amplificar os efeitos de seu filme. O lobo de Wall Street mostra que a perversidade prescinde de instrumentos costumeiramente atribuídos a ela e, nesse sentido, escancara a face mais nefasta e chocante do ser humano.

3 comentários:

  1. Ainda não assisti a "O Lobo de Wall Street", mas todos dizem se tratar de um dos melhores filmes de Martin Scorsese. Vamos ver se estão certos...

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  2. Kamila: É um dos melhores filmes de Scorsese e, já me adiantando, da década que vivemos.
    Bjs

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  3. A Margot Robbie,(Naomi) é mto gata !!

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