terça-feira, 16 de outubro de 2012

Filme em destaque: Ruby Sparks - a namorada perfeita

Coisa de casal
Os diretores de Pequena miss sunshine estão de volta com uma fábula agridoce sobre o parceiro romântico ideal e sobre como essa busca pode transformar a própria essência do amor



Filmes que abordam escritores vivenciando crises criativas existem aos montes. Alguns versam sobre o inexorável bloqueio do segundo livro. Filmes que buscam extrair humor da relação entre criador e criatura com um pingo de fábula moral são outra variante hollywoodiana bastante frequente. Desde o clássico vintage Mulher nota 1000 ao recente e desbocado Ted. O que Ruby Sparks – a namorada perfeita (Ruby Sparks, EUA 2012), em cartaz nos cinemas brasileiros, propõe é uma bifurcação dessas figuras de linguagem cinéticas em um filme que quer divertir tanto quanto fazer refletir.
Calvin (Paul Dano) é um escritor em agonia por não conseguir finalizar seu segundo romance. A inspiração flui quando ele começa a escrever sobre a garota de seus sonhos. E ele, novamente, experimenta uma crise ao perceber que está se apaixonando por algo intangível. No entanto, para a surpresa de Calvin, em um belo dia, Ruby (Zoe Kazan), a personagem por ele criada, se materializa em frente a seus olhos.
A namorada perfeita e a relação perfeita estão ao alcance de Calvin. Tudo que ele precisa fazer é escrever essa história. A partir de então, Ruby Sparks - a namorada perfeita trabalha com um questionamento pertinente a todo tipo de relação amorosa. Queremos alguém para amar apesar dos defeitos ou alguém que só aceitamos amar nos nossos termos? Outra questão que interessa aos cineastas Jonathan Dayton e Valerie Faris, os mesmos por trás do sucesso indie Pequena miss sunshine (2006), é a capacidade de transmutação em uma relação amorosa e até que ponto isso é sadio.
“Na primeira vez que ela me apresentou o roteiro, eu logo perguntei: Zoe, você está escrevendo isso para a gente?”, informou Paul Dano à revista Serafina. Paul e Zoe, assim como os diretores Valerie e Jonathan, são um casal. E o fato de Ruby sparks – a namorada perfeita ser construído essencialmente por dois casais vivendo a plenitude de relações amorosas, constitui um irresistível paralelo.
Foi Paul Dano quem sugeriu a namorada que eles levassem o roteiro para Jonathan e Valerie. Dano acreditava que os diretores de Pequena miss sunshine eram os ideais para o texto da namorada. Por sua vez, Jonathan e Valerie estavam à espera de algum material genuinamente interessante e que pudesse ser produzido no metiê que eles estavam aprumados: a cena indie americana.
O filme então foi apadrinhado pela mesma Fox Scearchlight que distribuiu Pequena miss sunshine e o resto é história. O filme talvez não chegue ao Oscar. Certamente não se configurou na sensação do filme de 2006, mas vem bem recomendado pelos críticos e é um filme sobre casais, feito por casais para casais. Quantos desses há por aí?

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