domingo, 7 de outubro de 2012

Insight

As particularidades da corrida pelo Oscar 2013


Estamos nos aproximando de mais uma temporada de premiações no cinema. Mas essa safra 2012-2013 tem algumas peculiaridades que chamam à atenção. A mudança mais profunda diz respeito ao calendário de premiação e como a mudança proposta pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para a data dos indicados ao Oscar afetará toda a lógica promocional dos filmes e artistas pleiteantes ao prêmio. É uma mudança com um grande potencial de alterar significativamente as peças do tabuleiro, a forma e a velocidade como elas se movem. O primeiro reflexo disso, que talvez não fosse pretendido, é aumentar a importância do Globo de ouro – que vinha sendo cada vez mais distinto do Oscar - na triagem que este faz dos filmes premiáveis. As indicações para o Globo de ouro estão marcadas para 13 de dezembro. A entrega dos prêmios, pela primeira vez em muito tempo, será depois do anúncio dos indicados ao Oscar: em 13 de janeiro.
Em termos práticos, a corrida começa no final de novembro, quando as primeiras associações de críticos anunciam os seus escolhidos, mas a Academia mudou o panorama. Vale lembrar que desde o ano passado, as famosas screenings (sessões de gala para membros da academia promovidas pelos estúdios) estão proibidas depois do anúncio dos indicados. Esses dois aspectos aliados à novidade de que este ano será a primeira vez que os votos serão submetidos eletronicamente, indica a possibilidade de forte choque de convicções dentro da Academia. A princípio, os filmes lançados em festivais saem na frente. Daí a possibilidade de muitos estrangeiros figurarem na lista. Além de obras já experimentadas como O mestre, de Paul Thomas Anderson, Argo, de Ben Affleck, Silver Linings Playbook, de David O. Russell e Amour, de Michael Haneke. Quem sai perdendo, obviamente, serão as produções independentes. Com menos tempo para vender seu peixe.
As razões da academia são nobres. Quer, principalmente, combater a previsibilidade da temporada do Oscar e diminuir o grau de influência de outros prêmios sobre seus membros. Outro foco das mudanças é diminuir, também, a efetividade de ações de marketing sobre o voto dos acadêmicos. Mas talvez não seja por aí.

Cenas de O mestre, à esquerda, e Indomável sonhadora: destaques dos festivais de Veneza e Sundance, respectivamente, e muito comentados para o próximo Oscar. Enquanto o primeiro tem o maior guru do Oscar a seu serviço, o segundo terá menos tempo para se tornar conhecido entre os acadêmicos


É cedo para dizer. Qualquer análise mais contida e certeira só poderá ser feita em quatro ou cinco anos (isso se esse calendário for mantido), mas a princípio essas mudanças só precipitam a corrida para quem já tem bala na agulha nesse momento. Ou seja, gente como Harvey Weinstein, que promove O mestre, não será necessariamente minado pelas mudanças propostas pela academia. Apenas terá que se adaptar a esse calendário mais estreito.
A academia parece tomar para si a autoria do dito popular “o inferno está cheio de boas intenções”.

4 comentários:

  1. é... o inferno tá mesmo cheio de boas intenções... hehe. Mas, vamos esperar pra ver no que dá...

    bjs

    ResponderExcluir
  2. Uma coisa que me chama a atenção no Oscar é que sempre temos mudança nas regras da premiação. Acho isso interessante se for dar dinamismo à premiação, mas não sei se esse foi o caso desta mudança em particular. Especialmente se ela dá importância ao Globo de Ouro, que é um show de premiação que perdeu sua relevância ao longo dos anos, especialmente e principalmente por causa dos critérios de votações pra lá de estranhos e bizarros do membros da HFPA. Eles não merecem esse crédito todo.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  3. Amanda: Pois é... esperando. Com aquela ansiedade!
    Bjs

    Kamila: Não é de hj que a academia está em crise. Querendo se posicionar melhor em relação à indústria, ao público e a crítica. Não é uma equação fácil de resolver. Vamos ver o impacto dessas novas medidas.
    Bjs

    ResponderExcluir
  4. Vamos acompanhar, né?
    É uma ano de experimentações e eu aprovo essas mudanças da Academia. Pareceram-me bem interessantes as novas jogadas que eles propõem. A mudança mais significativa, na minha concepção, é a mudança dos votos para o meio eletrônico. Isso pode render mudanças favoráveis aos futuros indicados.

    Abraço!

    ResponderExcluir