domingo, 28 de outubro de 2012

Insight

O lado B dos filmes teen

Duas produções que estrearam nos cinemas brasileiros neste mês de outubro colocam em evidência a opção por um cinema de verve mais artística no tocante a ambientação da fase adolescente. Moonrise Kingdom e As vantagens de ser invisível, no entanto, se diferem da obra de Gus Van Sant sobre o tópico por terem a capacidade de preservar algumas características alinhavadas ao universo pop. Wes Anderson, diretor do primeiro, dono de uma filmografia cult é um tipo estranho e, certamente, um gosto a se adquirir. Já Stephen Chbosky é um diretor estreante, mas não um estranho ao mundo do cinema. Já produziu e roteirizou, por exemplo, o musical Rent – os boêmios (2005) – por sua vez uma atualização de uma bem sucedida peça da Broadway- e a série de TV "Jericho" – cult em seu próprio eixo.
Há pouco mais de dois anos na extinta seção Contexto, Claquete abordou a questão sob um prisma mais abrangente. “Quando a adolescência é ofoco” discutia a boa safra de filmes, capitaneada pelo brasileiro As melhores coisas do mundo, que discutia a adolescência como algo factível e buscava se comunicar com o público retratado nas telas; fosse com bom humor, originalidade ou mesmo boas doses de ironia.
Moonrise kingdom e As vantagens de ser invisível elevam o status dessa discussão. Primeiro porque foram idealizados por dois diretores escritores altamente criativos e recém-ingressos na casa dos 40 anos. No caso de Chbosky, a experiência é ainda mais profunda, já que ele adapta a si mesmo de outra mídia, no caso o livro homônimo que escreveu para remontar sua própria vivência adolescente.
Esses filmes não buscam o diálogo com os adolescentes, mas também não o alienam- como o faz a obra de Gus Van Sant. Eles buscam abrigo na memória de quem já se despediu dessa fase da vida. Por essa beleza nostálgica e por encampar a adolescência em todo o seu esplendor de caos e expectativa, os filmes encontraram aplausos na crítica e respaldo de um público de procedências e faixa-etárias diferentes.
Os dois filmes, justamente por essa característica híbrida, podem representar um oásis na produção hollywoodiana. Fica a expectativa de que reverberem e que a proposta encontre eco entre produtores e diretores. Porque público, definitivamente, ela já encontrou.

4 comentários:

  1. "Moonrise Kingdom" ainda não estreou por aqui, mas estou bastante ansiosa, apesar de não gostar muito do cinema do Wes Anderson, pois, no elenco desse longa, tem o Edward Norton, meu ator declaradamente favorito. :)

    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Ainda preciso ver Moonrise Kingdom, mas gostei muito de As Vantagens, tomara que venham outras propostas assim...

    bjs

    ResponderExcluir
  3. Artigo bem pensado, Rei. Penso que filmes teen mais indie tem mais condições de falar com publico adulto. São dramaticamente bem humorados para mim.

    ResponderExcluir
  4. Kamila: Tb não sou aquele fã do cinema de Anderson, mas "Moonrise kingdom" merece ser descoberto!
    Bjs

    Amanda: Tomara!
    Bjs

    Madame: Obrigado madame. Essa produção busca mesmo o diálogo com um público adulto, mas o mais interessante mesmo é fazer isso sem alienar seu público alvo.
    Bjs

    ResponderExcluir