sábado, 5 de outubro de 2013

Crítica - Aposta máxima

Blefe bem feito!

Depois de impressionar com o modesto, mas bem urdido O poder e a lei (2011) – que de quebra recolocou o ator Matthew McConaughey na rota da consagração artística, Brad Furman lança esse Aposta máxima (Runner runner, EUA 2013) que mistura a sofisticação do mundo empresarial à lógica do mundo das apostas, fundidas pela mentalidade do mundo do crime.
A estrutura é muito parecida com a de seu filme anterior. Não só no desenvolvimento narrativo, como nos arquétipos emulados pela dramaturgia e no desenho dos personagens. O Ritchie Furst de Justin Timberlake, assim como o advogado vivido por McConaughey naquele filme, parte de um quadro de ingenuidade para a expertise no trato com um mundo desleal e perigoso.
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Furst é um estudante de pós-graduação com um vício. Ele é viciado em pôquer, mas não necessariamente naquela percepção convencional de vício. E é dessa particularidade que Furman alimenta seu filme. Descolado, inteligente, mas ingênuo, Furst procura Ivan Block (Ben Affleck), um magnata das apostas on-line sediado na Costa Rica, para lhe informar que seu site tem brechas que incitam trapaças. Block, como agradecimento ou forma de exercer controle, oferece um emprego para Furst. É a partir dessa relação de poder e imagem que este eficiente thriller se estabelece.
Não que Aposta máxima seja um filme inventivo. Seu desenvolvimento é até certo ponto preguiçoso tendo como referência o fato de que acolhe os clichês com muita energia e desprendimento. Mas é um filme que aposta no ritmo acelerado da ação e nos seus atores principais. Gemma Arterton, cuja função na fita é ser bonita, está especialmente linda. Timberlake opera a habitual combinação de carisma e charme que lhe é tão característica e se sai muito bem. O grande atrativo da fita, no entanto, é mesmo Ben Affleck se divertindo como um kingpin do crime. Affleck faz pose de canastrão, fala espanhol, e surge falando “pussy” em uma sauna logo no início do filme. Ele convence como gângster sofisticado como poucos criam ser possível. Demonstração de que Affleck está muito mais relaxado nessa coisa de atuar do que pensamos que ele poderia em virtude das críticas que recebe nesse ofício.
O resumo da ópera é o seguinte: Se Aposta máxima viesse antes de O poder e a lei, Furman não suscitaria a boa impressão que capitalizou. O filme é ligeiro, despretensioso e consegue fazer com que você saia da sessão achando que é até mesmo superior ao que de fato é. Um blefe que não demora muito a ser percebido.

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