Sandra Bullock não era a primeira opção para estrelar
Gravidade. A Warner Brothers, estúdio por trás do filme, suficientemente
receosa com a proposta ousada do filme de focar quase que inteiramente em uma
personagem feminina ao relento no espaço, queria uma atriz jovem para o papel –
reiterando aquela máxima de que atrizes acima dos quarenta anos são logo
escanteadas em
Hollywood. Natalie Portman , então na crista da onda com Cisne
negro, era a opção do estúdio. Mas a atriz, grávida, declinou da proposta.
Jessica Chastain, outro nome da moda, foi testada antes do papel parar no colo
de Sandra Bullock – que hesitou em aceitá-lo por ser este física e
psicologicamente desafiante para ela que havia acabado de adotar um bebê.
Ser mãe, no final das contas, acabou ajudando na concepção
de sua personagem – enlutada justamente pela perda de uma filha.
Sandra sentiu-se adornada pela coragem do diretor Alfonso
Cuarón em bater o pé e exigir o protagonismo para o papel feminino – o estúdio
já exercia pressão para que o papel fosse reescrito para um homem. “É um
elefante na sala, mas se os estúdios perceberem que as mulheres podem trazer
audiência para os cinemas, o que é uma tendência momentânea pode virar norma”,
comentou Sandra Bullock no painel sobre o filme na última edição da ComiCon em San Diego, na Califórnia.
A ficção científica tem, pelo menos, uma grande personagem
feminina que originalmente seria interpretada por um homem: a tenente Ellen
Ripley da franquia Alien. A personagem de Sigourney Weaver não foi uma sombra
para Sandra compor Ryan Stone, nome até certo ponto unissex de sua personagem
em Gravidade, segundo a atriz.
Rotina exaustiva: Sandra em um tanque de água filmando cenas que seriam tratadas digitalmente depois |
Cotada para o Oscar, Sandra Bullock quebra uma escrita que
acomete atrizes vencedoras do Oscar. Elas não conseguem mais obter sucesso de
crítica após o triunfo no Oscar. Gwyneth Paltrow, Halle Berry, Julia Roberts,
Reese Whiterspoon e Nicole Kidman são alguns dos exemplos. Depois da
questionável vitória em 2010 por Um sonho possível, Sandra Bullock retorna ao
cinema em 2013 com o sucesso comercial de As bem armadas – atualmente nos
cinemas – e o êxito crítico de Gravidade. Voltar à disputa pelo Oscar talvez
fosse algo que a pequena participação em Tão forte e tão perto (2011)
insinuasse, mas que não parecia ao alcance.
A vontade de trabalhar com Cuarón e o desejo de
provar para o estúdio, com o qual mais fez filmes, que uma mulher pode e deve
ser a protagonista de uma ficção científica criativa e exigente como Gravidade podem
levar Bullock novamente ao Oscar. Dessa vez, sem margem para dúvidas.
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