domingo, 1 de novembro de 2009

Insight

O boom das revistas de cinema no Brasil

Enquanto há uma quantidade abundante e diversificada de revistas de cinema nos mercados editoriais da Europa e Estados Unidos, no Brasil esse segmento nunca foi bem estabelecido, apesar de inúmeras tentativas. Muitas revistas nasceram e morreram com um ímpeto que não permitiu que fizessem memória.
O cinema, como a cultura em geral, no país não recebiam uma atenção satisfatória da mídia impressa. Eram os jornais diários, que também não priorizavam essa cobertura, os responsáveis pelo pouco que se abordava de cinema no Brasil. É óbvio que os semanários brasileiros(Veja, época, Isto é) cobriam o cinema, mas sempre com uma pauta voltada para o pontual. Um lançamento importante, um escândalo no mundo do pop, coisas do gênero.
Surgiu em 1987 a primeira revista que venceria as barreiras do mercado e se estabeleceria como a principal revista de cinema do mercado brasileiro. A revista SET, hoje recém adquirida pela editora Aver, já passou por muitas casas como a editoras Peixes, Abril e Azul. SET superou desafios, limites orçamentários e previsões de fracasso e se sedimentou como a principal revista do segmento no país. Contemporaneamente a revista surgiu a Bravo, com um enfoque mais amplo, além do cinema, cobria também teatro, artes plásticas, música e literatura.
Durante sua vida a SET teve sua linha editorial ajustada aos gostos dos editores chefes que por ela passaram. José Emilio Rondeu, Isabela Boscov e Roberto Sadovski são os mais destacados. Sadovski é quem ocupa o posto há mais tempo. Sua linha editorial tem sido criticada por privilegiar blockbusters hollywoodianos e adaptações de Hqs.


A capa da SET de novembro que deve chegar as bancas na próxima semana


Foi justamente dessa critica, aliada a queda nas vendas da revista, que o mercado editorial brasileiro de cinema sofreu profundas mudanças. Primeiro, a própria SET com 21 anos de vida ficou ameaçada de extinção. A crise financeira que assolou o mundo fez com que a editora Peixes, que publicava SET, fechasse as portas. Seu repertório de publicações foi vendido. A SET, a principio ficou a cargo do grupo empresarial de Nelson Tanure, que edita entre outros, o Jornal do Brasil, e depois foi adquirida pela editora Aver. A primeira edição na nova casa foi a de outubro, com o filme Bastardos inglórios na capa.
Dessa apreensão generalizada de jornalistas especializados em cinema, editoras, fãs e cinéfilos sugiram duas novas opções no mercado. A primeira delas, pode ser considerada um espólio da SET editada pela Peixes. Jornalistas e colaboradores da revista como Ricardo Matsumoto, Suzanna Uchôa Itiberê e André Gordirro levaram a editora Nova Sampa a proposta de uma revista de cinema mais plural do que aquela encarnação da SET. Preview nascia com arrojo e uma proposta bem fundamentada. Trazia um conceito melhorado e reproduzia o que de melhor a SET antiga tinha.


Preview 2 e 3: Mais contextualização sem largar o jeitão pop


Movie, a segunda opção á SET, é um projeto mais elaborado, do ponto de vista da concepção. É uma revista independente que se viabilizou aos poucos, principalmente na base da convergência das mídias. É na internet que tenta capitalizar seu público. Seja por promoções (são muitas), seja pelo corpo a corpo bastante estimulado pelo idealizador da revista, o jornalista André Forastieri.

Aprendendo a conviver
É uma situação inédita no Brasil. Três revistas de cinema, de boa qualidade, brigando por espaço entre si e com a internet. Obviamente, elas terão que criar soluções. Buscar exclusividade em determinados tópicos já não é mais suficiente. Será preciso seguir o exemplo dos jornais. Contextualizar o leitor. Oferecer um olhar mais plural sobre determinados filmes. Além de curiosidades e mimos, como pôsters, cards e promoções . Essa competição já está a toda prova e tem sido fundamental nos constantes atrasos para o lançamento das revistas. Ainda há a necessidade de se estabelecer estratégias e planejamentos mais longos. Para se ter uma idéia, nunca houve a preocupação de que filme por na capa (a escolha era sempre óbvia). Agora esse diferencial, que jornais e semanários tem frequentemente no Brasil, fará parte da rotina das revistas de cinema brasileiras.


Movie 0 e 1: Uma revista que quer falar de tendências, equipamentos e personalidades. Não só de filmes...

Há aqueles que preveem que não há demanda no Brasil para três revistas de cinema. Há sim. Basta dar uma olhada na profusão de sites de cinema e blogs especializados no assunto. Além da crescente bilheteria, que a despeito dos ingressos caros, só aumenta no Brasil. A TV por assinatura também registra recordes. Foi divulgado balanço da NET( maior operadora de tv a cabo do país) na semana passada que apontava aumento de 25% do corpo de assinantes. E é público e notório que canais de filmes como TNT, Telecine e HBO são os preferidos e campeões de audiência.
É preciso investir em qualidade, priorizar a informação contextualizada e seduzir o leitor com jornalismo de qualidade. Essas são as melhores receitas para que SET, Movie e Preview tenham vida longa.
Claquete saúda essas revistas e informa, as seguirá de perto.

2 comentários:

  1. Pensei que a SET tinha acabado, rsrsrs. Mas irei dar uma olhadinha nestas "Movie" e "Preview".

    Beijos! ;)

    ResponderExcluir
  2. Oi Reinaldo!

    Recentemte um amigo blogueiro, comentou que a revista Set estava voltando a ativa com força, depois de um período de crise. Fiquei feliz com a notícia.

    Quando eu era pequena, meu pai que trabalhava com jornais e revistas sempre trazia em seu material edições dessa revista. Eu adorava e até o início da adolescência acompanhava suas publicações. Depois com o tempo parei de ler e nunca mais vi nenhuma de suas edições.

    Assim que saiu a edição com o filme "Bastardos inglórios" eu comprei e li. Muito boa. Gostei pra caramba e olha ler seus textos embora atuais em trouxe grandes recordações de uma época muito boa de minha vida. Saudades!

    Quanto a seu texto, não sabia que tinham estas outras revistas que falam sobre cinema. Acredtio que público para elas tenha. O que vai diferenciar uma da outra será a qualidade de suas mátérias. A que for a melhor neste aspecto, com certeza permancerá no mercado.

    Vou procurar por elas para dar uma conferida.

    Um abraço.
    PS. obrigada pelos comentários super bacaninhas lá no blog.
    E olha vc me passou uma informação que desconhecia sobre o Paul Newman. Muito bom saber que ele dedicou uma parte de sua vida a luta contra o "cancêr". Um mal que tem afetado muitas pessoas. Atualmente estou vivenciando este problema em minha família e tenho observado o quanto devemos estar preparados para as dificuldades que as vezes a vida nos impõe.

    ResponderExcluir