sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cantinho do DVD

Hoje estréia nos cinemas brasileiros uma adaptação de uma HQ cult. Kick ass é baseado nos quadrinhos criados por Mark Millar. E se eu ou você resolvessemos ser super heróis? A partir dessa premissa, o texto ultra pop de Millar destila referências e faz uma das mais eloquentes demonstrações sobre força de espírito. Aproveitando a estréia de Kick ass -quebrando tudo, convém trazer avante a crítica da última adaptação de uma HQ cult a invadir os cinemas. Baseado na Graphic Novel de Alan Moore, Watchmen foi aguardado com extrema expectativa por fãs, crítica e cinéfilos de todo o planeta. A recepção foi dividida e a bilheteria, uma decepção.
Na seção Cantinho do DVD desta semana, a crítica de Watchmen para você.




Salada mal temperada!
Zack Snyder não é Christopher Nolan. Ok! Todo mundo sabe disso. Mas a despeito da tentativa do marketing de aproximar Watchmen (EUA 2009) de Batman – o cavaleiro das trevas, a comparação se faz ingrata para a produção de Snyder. Baseado calculadamente na cultuada graphic novel de Alan Moore, que para variar execrou e desautorizou essa adaptação, Watchmen é o inferno das boas intenções.
Snyder falha redondamente em tentar reproduzir o clima anárquico emulado por Moore em sua obra. O aspecto político também nunca ultrapassa uma incômoda superficialidade. É bem verdade que Snyder tinha um trabalho ingrato pela frente. O volumoso e intrincado trabalho de Moore era tido como inadaptável. Só que Snyder, com o filme pronto, acabou por ratificar essa percepção.
Não é preciso dizer que o visual do filme impressiona. Não era de se esperar algo diferente do diretor que concebeu o visualmente arrojado 300. Mas duas horas e meia de uma paleta de cores sofisticada e movimento de câmeras elaborado não fazem de Watchmen algo digno do material de origem. O pior é que mesmo para quem não conhece a obra original, o filme é cansativo.
Na trama, Nixon se elege para um terceiro mandato e os superheróis são reais. A guerra fria se aproxima de um desfecho trágico e os EUA vencem no Vietnã com a ajuda do insuperável Dr. Manhattan. Os heróis são postos de lado quando uma lei é sancionada proibindo a atividade mascarada. No entanto, quando o comediante, super-herói aposentado que colaborava com o governo Nixon, é assassinado, seus ex-colegas passam a sentirem-se ameaçados.
É, sem dúvidas, uma trama riquíssima e que possibilita metáforas mil. Moore fez uma obra atemporal e de imenso potencial reflexivo. Infelizmente, o filme de Snyder peca ao se perder no contexto político, ao apresentar poucas e insatisfatórias cenas de ação e personagens pouco carismáticos. Jeffrey Dean Morgan e Jackie Earle Haley se esforçam e conseguem alcançar bons resultados com seus papéis, mas no geral o resultado é decepcionante.
Como o material é muito bom, o final resgata um pouco do interesse do espectador, mas até que este chegue, Watchmen já terá se tornado uma imposição, não mais um prazer. Essa mudança de percepção da platéia para com o filme ajuda a entender a péssima recepção do filme junto a público e crítica.

2 comentários:

  1. Nunca li a HQ, então não posso compara-lo, mas como filme eu gostei, achei interessante, roteiro, atuações, fotografia, efeitos, tudo bem amarradinho!

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  2. Achei um entretenimento bem feitinho Saulo. Mas a expectativa era por algo bem maior do que isso. Mas eu entendo o teu ponto de vista.
    abs

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