terça-feira, 14 de maio de 2013

Crítica - Somos tão jovens



Olhar inconformista

Somos tão jovens (Brasil 2013), recorte sobre os anos de formação de Renato Russo como músico, é daqueles filmes que se agigantam na polarização que insinuam. É, sob certo aspecto, um filme homenagem que reveste seu protagonista de carinho e fala diretamente aos fãs – geralmente desprovidos do senso crítico. Em um segundo momento, é, também, um filme sobre um dos últimos movimentos genuinamente criativos com marca nacional – ainda que situado em um espaço-tempo de prolificidade de movimentos de rebeldia e inconformismo tutelados pela juventude no mundo.
Somos tão jovens, na direção enérgica de Antonio Carlos da Fontoura, concilia essa aparente dicotomia de maneira muito orgânica. É um filme vibrante, não apenas por retratar a gênese de um dos mais celebrados músicos da história do Brasil, mas também por buscar entender o momento em que Renato Manfredini Junior se torna Renato Russo.
É nessa investigação que Somos tão jovens, até então um registro cheio de vida, cai na mesmice. O roteiro de Marcos Bernstein adota os caminhos conhecidos e menos ousados e torna Somos tão jovens um produto que flerta perigosamente com a trivialidade enquanto cinema. Se essa entrega ao óbvio não acontece de todo é em virtude do talento messiânico de Thiago Mendonça que vive com coração e minúcia Renato Russo. Desde trejeitos característicos do cantor até a composição emocional robusta de suas aflições existenciais.
Mendonça afia o baixo e se revela o às de Somos tão jovens
Mendonça destaca-se ainda por uma proeza improvável. Quando Renato Russo começa a cantar, seja nos vocais do Aborto elétrico, como trovador solitário ou na Legião urbana, Mendonça se conecta à memória de Russo redefinindo-a com vibração, afinação e carisma que, talvez, não sobejassem dessa maneira em Russo.
Esse fator, que poderia ser um problema em certa ótica, acaba reforçando o olhar inconformista pretendido pela realização para essa geração brasileira, no geral, e brasiliense, em particular, que resolveu protestar via Rock´n roll.
Somos tão jovens ainda é capaz de exercer uma nostalgia diferenciada, justamente por apresentar uma juventude tão distinta da que existe hoje. Nesse sentido, ao som das músicas tão envolventes de autoria de Renato Russo, o filme adquire certa amargura.  

2 comentários:

  1. Estava lendo seu texto, esse http://cabinecultural.com/2013/05/05/thiago-mendonca-o-que-ha-de-melhor-em-somos-tao-jovens/ e mais outro e percebi que o grande trunfo do filme foi conseguir agregar ao elenco um ator como Thiago Mendonça, que conseguiu transmitir bem toda atmosfera que rondava o universo de Renato Russo.

    Luis Alberto Gonçalves

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  2. Pode-se dizer seguramente que Thiago Mendonça é o grande trunfo do filme Luis. Obrigado pelo comentário!
    Abs

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