sábado, 18 de maio de 2013

Crítica - Homem de ferro 3

Futuro incerto


Homem de ferro 3 (Iron man 3, EUA 2013) é um filme de transição. Depois de consolidar o universo Marvel no cinema, é a hora de consolidar o universo Tony Stark. Esse terceiro filme se presta a esse intuito. Robert Downey Jr. pode ou não renovar para mais uma bateria de filmes, mas é preciso pensar além do futuro imediato e a Marvel – como deixa claro o “Tony Stark will return” depois da cena pós-créditos – vê no personagem o seu James Bond.  Tudo em Homem de ferro 3, seus defeitos e qualidades, convergem para a consolidação desse “universo Tony Stark”. O filme, seguramente mais frágil do que os anteriores, escala a megalomania característica dos vilões ‘bondianos’ na figura de Aldrich Killian (Guy Pierce); investe mais em Tony Stark na tela do que no Homem de ferro e até enseja as “stark girls”, ainda que timidamente nesse primeiro rascunho, na figura da personagem de Rebecca Hall. O cálculo está muito bem feito. O perigo é que Homem de ferro integra outro universo, o Marvel, e essa dupla pretensão pode gerar desequilíbrios no longo prazo. Além do mais, ainda resta a incógnita se o personagem conseguiria sobreviver sem Robert Downey Jr. Não é porque Bond sobreviveu sem Sean Connery, que o mesmo aconteceria aqui.
A questão, no entanto, merece uma análise à parte. O filme, ainda que decepcione na comparação com seus predecessores – em especial o primeiro, se firma como um blockbuster digno. Sob muitos aspectos, como filme evento, Homem de ferro 3 é um triunfo. Há um roteiro que se passa muito bem por inteligente, ainda que não o seja, personagens cativantes (os novos e os de sempre) e Robert Downey Jr. provando que consegue se manter no auge mesmo com a pressão maior sobre seus ombros. Mais tempo em tela com menos cenas de ação e um personagem já conhecido e relativamente desgastado não diminuíram a força de Downey Jr. para autoparódia e muito menos tornaram seu cinismo menos efetivo. O ator continua responsável pelo melhor que Homem de ferro tem a oferecer como cinema, o que põe em dúvida se a série tem condições de evoluir sem o ator.

Robert Downey Jr. em cena do filme: ele ainda vale o ingresso

Os efeitos especiais, desnecessário dizer, são de brilhar os olhos. O clímax do filme, em que diversas versões do Mark (nome de batismo do traje do Homem de ferro) funcionam automaticamente e Tony migra de um para outro conforme as circunstâncias exigem talvez seja o mais próximo da HQ – no sentido visual – que um filme da Marvel já chegou.   
Homem de ferro 3, com sua massiva bilheteria, esconde um esgotamento criativo da Marvel. Os vingadores não foi a coca-cola que se esperava e a transição ensejada por Homem de ferro 3 talvez já seja reflexo disso. É cedo para dizer. Certo é que a Marvel precisa mais do que nunca de Robert Downey Jr., que já não precisa mais da Marvel. É a resolução dessa história que decidirá o futuro do personagem daqui para frente.

2 comentários:

  1. Bom, só discordo um pouco em relação a Os Vingadores não ser essa coca-cola toda. Acho que é exatamente o contrário, depois do ápice, fica difícil manter o fôlego. Mas, são discussões interminável.

    Você fez uma ótima avaliação da situação do personagem e acho que temos mesmo muitas perguntas a partir desse filme. Vamos ver o que nos aguarda.

    bjs

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  2. Amanda: Eu adorei "Os vingadores", mas não é um filme tão bem adornado quanto os primeiros da Marvel. E tem, para todos os efeitos, uma história fraca. Mas vamos acompanhar o desenvolvimento da Marvel. Agora é que tá ficando bom!
    Bjs

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