domingo, 8 de maio de 2011

TOP 10 - Os dez queridinhos de Cannes

No mês do mais charmoso e importante festival de cinema do mundo, a seção TOP 10 se rende aos dez queridinhos de Cannes. Cinco deles estarão presentes na edição 2011 do festival, os outros também estariam se tivessem filmes programados para 2011. Claquete te convida a descobrir quem são os dez cineastas mais festejados em Cannes.




10 – Abbas Kiarostami


O iraniano é uma das grandes referências do cinema do oriente médio em Cannes. Já venceu a Palma de ouro uma vez, pelo filme Gosto de cereja (1997), e concorreu ao prêmio outras três oportunidades, com os filmes Através das oliveiras (1994), Dez (2002) e Cópia fiel (2010). Desde que surgiu na riviera francesa, em 1994, sempre esteve lá com algum lançamento. Se não estivesse em competição, integrava a mostra Um certo olhar ou a quinzena dos realizadores. O único trabalho não exibido em Cannes foi O vento nos levará (1999) que, selecionado para o festival de Veneza, valeu o leão de ouro a Kiarostami.


9 – David Lynch

E Cannes adora um americano. Não à toa eles são maioria aqui nessa lista e também no acumulado de vitórias no festival. David Lynch mimetiza, em parte, o que o festival aprecia no cinema de autor (teoria cravada pelos franceses a partir da observação do cinema americano). Lynch já venceu a Palma de ouro, em 1988 pelo filme Coração selvagem e voltou outras três vezes a croisette. Em 1992 com Twin Peaks: os últimos dias de Laura Palmer; em 1999 com História real e em 2001 com Cidade dos sonhos, quando ganhou o prêmio de direção.


8 – Emir Kusturica

O sérvio, nascido na antiga Iugoslávia, é outro favorito do festival. Com cinco passagens por Cannes, Kusturica já venceu como diretor, levou o prêmio do júri e a Palma de ouro - essa por duas vezes. A primeira vitória veio logo na estréia em Cannes com Quando papai saiu em viagem de negócios (1985), apenas seu segundo longa metragem. Vida cigana (1988), seu terceiro longa, lhe valeu o prêmio de diretor. Voltou a competir em Cannes com seu quinto filme, após ter sido premiado em Berlim com o quarto filme (Um sonho americano), e voltou a ganhar a Palma de ouro com Mentiras de guerra (1995).
Na última década, o sérvio voltou à disputa pela Palma em duas oportunidades. Em 2004 levou o prêmio do júri por A vida é um milagre e em 2007 saiu milagrosamente sem nenhum prêmio por Zavet.



7 - Irmãos Dardenne

Os belgas são crias do festival. Premiados com a Palma de ouro em seu filme de estréia Rosetta (1999), a exemplo do que ocorre com outros cineastas dessa lista, todo trabalho da dupla debuta em Cannes. Eles voltariam a triunfar na disputa com A criança (2005). Em 2002 levaram o prêmio do júri por Le fils e em 2007 ficaram com a Palma de roteiro por O silêncio de Lorna. Em 2011 voltam à disputa com The kid with the bike. Importante frisar que, até o momento, não saíram da riviera francesa sem algum prêmio.



6 – Michael Haneke

O austríaco, naturalizado alemão, é dos cineastas mais premiados e festejados do mundo. Com cinco participações em Cannes, a exemplo de Kusturica, Lynch, Tarantino e Kiarostami, também já presidiu o júri no festival. A primeira vez que integrou o festival chocou a crítica com Violência gratuita (1997). Quando retornou a croisette faturou o prêmio ecumênico do júri por Código desconhecido (2000). Desde então, além de não deixar de exibir seus filmes no festival, saiu premiado de todas as edições que disputou. A terceira participação lhe valeu o grande prêmio do júri por A professora de piano (2001). Em 2005 estupefou crítica e júri com Cachê e, além do prêmio de melhor diretor, levou pela segunda vez o prêmio ecumênico do júri (até hoje é o único cineasta que detém essa façanha). Em 2009 viria a grande conquista. Haneke conquistou, de forma inquestionável em uma das melhores disputas dos últimos anos, a Palma de ouro por A fita branca.



5 – Nanni Moretti

O italiano participará do festival pela sexta vez em 2011. Dos que integram esse Top 10 é dos mais longevos. Debutou na riviera francesa em 1978 com Ecce bomb (filme inédito no Brasil), mas foi em 1994 – em sua segunda participação – que foi premiado pela primeira vez. Por Caro diário recebeu o prêmio de melhor diretor. Quatro anos mais tarde voltaria a competição pela Palma de ouro com Abril. A conquista do prêmio máximo viria em 2001 pelo arrebatador O quarto do filho. Em 2004 Moretti recebeu um prêmio especial em homenagem a sua carreira, denominado Golden Coach. Mas não era o ponto final. Disputou a Palma em 2006 com O crocodilo, ótima crítica ao governo Silvio Berlusconi, e retorna este ano com Habemus papam.



4 – Pedro Almodóvar

Cannes foi o último dos grandes festivais a descobrir o cinema do diretor espanhol. Mas quando o fez, não quis mais saber de dividi-lo com Veneza e Berlim. Tanto o é, que o organizador do festival, Thierry Fremaux, pôs a lista do evento em suspensão até ter garantias de que Almodóvar terminaria de editar seu filme para exibi-los na croisette.
A pele que eu habito marcará a quarta participação do diretor no festival francês. Apesar de já ter sido premiado em Cannes, é o único da lista que não recebeu uma Palma de ouro. Em 1999, na sua primeira incursão na riviera francesa, faturou os prêmios ecumênico do júri e de direção por Tudo sobre minha mãe. Voltou a ser premiado, em sua segunda passagem, pelo roteiro de Volver. Em 2009 competiu com Abraços partidos.



3- Lars Von Trier

O diretor dinamarquês, auto intitulado o melhor cineasta do mundo, é daquelas figuras que remetem a Cannes. Em 2011 vai para sua nona participação no festival. Sempre apoteótico nas declarações, Von Trier agrada pelo experimentalismo de seu cinema e por uma postura de afronte ante as convenções. Há quem enxergue nele uma falácia, há quem o perceba como um gênio irresoluto. Melancholia, o filme que exibirá no festival desse ano, pode dar sequência ao viés polarizante do diretor na croisette. Desde que foi multipremiado por Europa (prêmio do júri, de contribuição artística e de conquista técnica) em 1991, todos os seus lançamentos ocorrem em Cannes. Antes de Europa ele havia exibido, sem grande repercussão Elemento de um crime (1984). Antes de ganhar a Palma de ouro, em 2000, por Dançando no escuro, o dinamarquês exibiu em Cannes Ondas do destino (1996) e Os idiotas (1998). Depois da Palma foi a vez da interrompida trilogia sobre a América com Dogville (2003) e Manderlay (2005). Em 2009 voltou a causar frisson com Anticristo.



2 – Gus Van Sant

O americano é outro que, embora descoberto tardiamente por Cannes (Berlim o saudava desde os tempos de Drugstore cowboy) caiu no gosto do festival. Ao ponto de protagonizar um ineditismo: Palma de ouro e prêmio de direção em uma mesma edição. Ocorreu em 2003 com o inesperado Elefante, uma dramatização sobre a tragédia da escola ginasial de Columbine. E o olhar aos jovens dispensado por Sant é o seu passe para Cannes. Retornou a disputa em 2005 com Últimos dias, uma “homenagem” ao roqueiro trágico Kurt Cobain e protagonizaria novo marco ao ganhar o prêmio especial da 60ª edição com Paranoid park.


1- Quentin Tarantino

Cria de festivais, seu primeiro filme Cães de aluguel brilhou em Sundance; pode-se dizer se a concepção de Quentin foi em Sundance, o parto foi em Cannes com Pulp Fiction –tempos de violência. A estréia na França alvoroçou o mundo do cinema e a Palma de ouro conquistada colocava aquele maníaco de locadoras como referência na linguagem cinematográfica moderna. Esteve presente em todas as edições do festival dali em diante. Fora de competição com o primeiro Kill Bill e Jackie Brown (que disputou o urso de ouro em Berlim) e em competição com À prova de morte (2007) e Bastardos inglórios (2009).
Tarantino é o mais cinematográfico de todos os diretores da lista. É quem melhor veste o personagem criado para si e faz de suas passagens por Cannes, digamos, um filme de Tarantino.

8 comentários:

  1. A panelinha de Cannes, rs Taranta merece estar a frente de todos, principalmente de Von Trier que é excelente, mas não o melhor.

    Abs :D

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  2. Adorei sua seleção.
    Mal posso esperar para ver os novos trabalhos de Lars Von Trier, Pedro Almodóvar e Gus Van Sant nessa nova edição de Cannes.

    http://peliculacriativa.blogspot.com/2011/04/aquecimento-cannes-2011.html

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  3. E que lista de queridinhos, hein???

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  4. Mas, convenhamos que é uma bela lista, heim? E Tarantino tinha que ser queridinho de algum grande festival já que o Oscar insiste em ignorá-lo.

    bjs

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  5. Excelente apuração, Reinaldo!
    E que lista de diretores, hein? 10 dos melhores em atividade no cinema contemporâneo, na minha humilde opinião.
    Eu mudaria um pouco a ordem, como Almodóvar lá mais pra trás e talz, mas o levantamento dos nomes e a pesquisa resultaram um belo ranking.
    Difícil torcer às cegas se a gente não viu o resultado do filme, mas Terrence Mallick é um diretor fantástico e sua vitória na Croisette esse ano seria comemorada por mim.

    abraços!

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  6. Grande Reinaldo!
    Tarantino na frente,mas a lista só tem feras. Gosto muito do Quentin, claro, mas Almodóvar me fascina mais! Meu favorito na verdade. Ansioso para La Piel Que Habito!
    Cannes é realmente outra vibe cinematográfica!
    Abs.
    RODRIGO

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  7. Alan: Valeu Alan. Procurei ser criterioso na escolha do ranking. Repare que não é só o número de inclusões na disputa pela Palma que dita o ranking. Se fosse assim, Von trier estaria no topo.
    Abs

    Película criativa: Obrigado. Tb estou curioso por esses trabalhos.Bjs

    Kamila: Uma senhora lista! Bjs

    Amanda:rsrs. Cannes cuida dos seus. rsrs. Bjs

    Elton: Valeu meu caro! Outros poderia ter entrado, como Eastwood, Yimou, Allen, Cronenberg, os Coen, mas esses aí tem o DNA da croisette mais perto dos 99% do que os outros...
    e Malick é uma boa aposta. Mas acho que ele não fica com a Palma não...
    Abs

    Rodrigo: tb gosto mais de Almodóvar Rodrigo. Mas em Cannes Tarantino é rei.
    A pele que eu habito é um dos filmes mais esperados por mim em 2011...
    Abs

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  8. A lista está QUASE perfeita. Mas deixar de incluir os irmãos Coen entre os 10 queridinhos é imperdoável. 3 vezes melhor direção, uma Palma de Ouro, e um feito único: Barton Fink levou a Palma, melhor direção e melhor ator pro Tuturro.

    Os Coen poderiam ser o primeiros colocados desse Top10 sem problemas.

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