terça-feira, 10 de maio de 2011

Crítica - A garota da capa vermelha

Dando gás na lenda!


A releitura da clássica história de chapeuzinho vermelho vem embalada pela aura do hit adolescente Crepúsculo. Mas isso o leitor/espectador já sabia. A diretora Catherine Hardwicke contava com isso para incrementar a audiência de seu filme, A garota da capa vermelha (Red riding hood, EUA 2011). O que o leitor/espectador não sabia é que o filme se pretende maior que a lenda. A grandiloquência de Hardwicke contrasta, não só com o caráter fabular de Chapeuzinho vermelho, como com o péssimo trabalho do elenco, a direção de arte amadora, a fotografia pouco imaginativa e o roteiro capenga. A sensualidade cortejada pelo argumento do filme perde em erotismo para a versão infantil do conto em mais uma profanação desse longa pouco feliz em entreter.
Valerie (Amanda Seyfried) está dividida entre dois garotos de seu vilarejo, um pobre (Shiloh Fernandez) e outro rico (Max Irons), a quem já está prometida. Enquanto trama uma fuga com seu amor pobre, o vilarejo volta a ser alvo dos ataques de um lobisomem. Para não perder o conto original de vista, Valerie tem uma ligação com sua avó (uma encabulada Julie Christie) que mora no coração da floresta.
O triangulo amoroso nunca convence. Shiloh Fernandez tenta emular Robert Pattinson através de caretas e gestos obtusos e algumas opções de Hardwicke reforçam a fragilidade do filme – como, por exemplo, focar os olhos de todo e qualquer personagem como tentativa de afligir a platéia sobre a identidade do lobo. Um recurso que rapidamente se esgota, mas Hardwicke parece não se dar conta disso.
São muitos os defeitos de A garota da capa vermelha, mas um inegável trunfo do filme, a despeito da péssima direção de atores, é Gary Oldman. Visivelmente hiperbólico, e naturalmente confortável nessa situação, Oldman cria um padre inquisidor caricato, mas aprazível. É o ator quem responde pelo mínimo de interesse que esse filme, que ainda assim é superior ao primeiro Crepúsculo como cinema, possa despertar.
O gás na lenda passou do ponto. Convém à diretora deixar a fantasia de lado e voltar à abordagem que fazia tão bem dos “jovens reais” em filmes como Aos treze (2003) e Os reis de dogtown (2005).

6 comentários:

  1. Mesmo já sabendo que é ruim [o que era de se esperar], estou afim de conferir. Consigo ficar curioso com esta versão da Chapeuzinho, mesmo sabendo que é genérico do Crepúsculo, rsrs

    Até mais!

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  2. Alan: Rsrs. Nisso vc é igual a mim. Quero ver todos os filmes. Mesmo aqueles que sei que serão ruins.
    Abs

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  3. Alan: Nisso vc é igual a mim! Eu sempre quero ver qualquer filme, mesmo sabendo que ele é ruim de doer...
    Abs

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  4. E aquela clássica cena: "você, por que esses olhos tão grandes?" hehe. Fico triste que a idéia parecia tão boa...

    bjs

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  5. Amanda: Essa cena é vergonhosa. Deixa o esdrúxulo para trás...
    Bjs

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  6. Discordo da crítica. A melhor atuação não foi a do inquisidor... foi a do lobo animado digitalmente. hahaha!

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