segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Crítica - Cavalo de guerra

Um clássico americano!

Steven Spielberg volta à boa forma com Cavalo de guerra (War horse, EUA 2011). Um filme um tanto inadequado na proposta, com emoções exacerbadas e um herói típico de filmes Disney: um cavalo. Mas Cavalo de guerra também é um filme de coração puro, técnica irrefreável e carisma renovado.
A opção de fazer um filme ambientado na primeira guerra mundial é, por si só, uma ousadia. Afinal, a primeira grande guerra é a menos cinematográfica de todas. Há o Iraque, o Vietnã, a Coréia e a segunda guerra. Colocar como principal eixo narrativo a trajetória de um cavalo é flertar perigosamente com o pieguismo. É preciso ser um diretor muito consciente de seus recursos e limitações para conseguir potencializar essa história já consagrada na Broadway com a peça vencedora do Tony.
Steven Spielberg é esse diretor. E Cavalo de guerra é um filme que desde já se inscreve como um clássico americano.
As primeiras cenas do filme, com o nascimento do potro Joey e a chegada dele à fazenda dos Narracott já demonstra que Steven Spielberg, na cadência e na narrativa, objetiva realizar um clássico. A cena final, com uma fotografia que remete aos dias de glória do technicolor fecha com chave de ouro uma história tocante sobre um animal que tocou a vida de todos aqueles com os quais cruzou o caminho. É essa a beleza do filme de Spielberg. Há sim um comentário sobre as agruras da guerra. Mas ele nunca surge viciado. Com os rumos de Joey, é possível testemunhar os efeitos devastadores da guerra em diferentes personagens. Sejam os soldados americanos, sejam dois jovens alemães ou uma menina doente em um vilarejo francês. Cavalo de guerra mostra, ainda, que o conceito de guerra é cruel com todos os envolvidos (incluindo os animais) e apresenta, pelo menos, uma cena extraordinária; quando uma bandeira branca é eriçada por um soldado inglês em pleno campo de batalha para que seja possível socorrer Joey, preso em um emaranhado de arame farpado. Um soldado alemão se aproxima com um maçarico para ajudar no resgate ao equino. A cena é pungente e repleta de emoção contida. É nela, como naquela primorosa cena final de O pianista, que o filme ganha musculatura e Spielberg alcança os tons menores em um filme desenvolvido para emocionar. Provocar emoção na platéia parece ser um dos nortes do diretor em Cavalo de guerra. A épica e melosa trilha sonora assinada pelo companheiro de longa data John Williams, se encarrega de conduzir o espectador pelo maremoto de lágrimas que Spielberg pretende provocar.
Mas o que difere Cavalo de guerra de outros tantos filmes com forte veia manipulativa é a honestidade da proposta. Em nenhum momento Spielberg sugere um filme diferente. Ou disfarça suas intenções. A ideia é entregar ao público uma comovente história de superação, entrega, guerra, devoção e fé. E por mais incrível que possa parecer, não há catalisador melhor para essa tarefa do que a extraordinária jornada do cavalo Joey. 

6 comentários:

  1. Tb achei um filme bom, apesar de achar q em alguns momentos força um pouco a barra, mas não me incomodou. Prestigia meu blog novo aí!..rs

    http://espectadorvoraz.blogspot.com/

    Abs!

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  2. Gostou mesmo hein, Reinaldo? Eu tenho um sério problema com filmes assim, com animais e tudo mais. Sei lá, sempre acho piegas e irritante, mas estou curioso para conferir este!

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  3. Nada piegas e excessivo em minha opinião Reinaldo. Acho que aqui Spielberg acendeu a chama de seu coração e principalmente seu profissionalismo como contador de história/cineasta, muito inspirado por sinal, algo que não acho que sejam somente "referências cinematográficas". Um filme tocante, engraçado, sapeca, lindo e dramático, além de ser um épico fantástico e que já estava dando saudade na obra de Spielberg e mesmo no cinema americano. Realmente é um clássico de Hollywood como você afirma.

    Embarquei na proposta do filme e principalmente montei nesta aventura com a assinatura Spielberg. Trilha, montagem e fotografia...sem palavras!

    Abraço!

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  4. Eu embarquei totalmento no filme...se a intenção do Spielberg era emocionar, funcionou comigo! rs
    Nem senti as mais de duas horas passarem...
    A cena com os soldados salvando o Joey é incrível mesmo, mas eu vibrei mesmo com aquela em que ele ara o terreno debaixo de chuva, logo no começo do filme...
    Será que chega com força do Oscar? Pelo menos a fotografia e a trilha merecem, né?
    Valeu!

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  5. Pois é, um bom filme, um épico feito para emocionar. Mas, como disse, algo soou artificial para mim, forçou a barra.

    bjs

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  6. Celo: Vou prestigiar sim Celo. Pois é, o filme é bem bom sim.
    abs

    Alan:É preciso embarcar na proposta Alan. Spielberg pode até se exceder em um momento ou outro, mas realiza um épico.
    Abs

    Rodrigo Mendes: Mas eu não disse que achei o filme piegas Rodrigo. Disse que focar um drama na trajetória de um animal é flertar com o pieguismo,mas que apenas um diretor habilidoso como Spielberg é capaz de superar essa contingência. Agora, acho que há um ou outro excesso sentimentalista sim, o que não incorre em prejuízo na narrativa ou gera animosidade na apreciação do filme, por minha parte ao menos.
    E, finalmente, concordamos: um clássico americano. 2012, para mim, não poderia começar melhor nos cinemas.

    José: Acho que não chega com força não José. Já era uma impressão que tinha antes mesmo de ver o filme e que está meio consolidada às vésperas da premiação. Agora, acho que conquistará muitas indicações (cerca de seis ou sete).
    Vamos aguardar.
    Abs

    Amanda: Tá aí Amanda. Sutilezas, as vezes, fazem toda a diferença.E se Spielberg pecou, foi por perdê-la de vista ou vez ou outra.
    bjs

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