terça-feira, 28 de julho de 2009

Critica: Inimigos públicos

Crônica do romantismo inconsequente!
Inimigos públicos (Public enimies EUA 2009), novo filme de Michael Mann tem muitas similaridades com Fogo contra Fogo, um dos melhores trabalhos do diretor. Assim como naquele filme, acompanha-se a caçada sem tréguas a um assaltante de bancos, assim como naquele filme opõe-se dois grandes atores de uma mesma geração, e assim como naquele filme esses dois atores contracenam uma única vez. O que favorece Inimigos públicos nesse entrincheiramento é que agora Mann se predispõe a calcular o exato peso que o romantismo que pauta o universo dos gângsters exerce, ou exercia, na realidade.
Não é uma proposta fácil. E o filme a cumpre parcialmente. A vida de John Dillinger, famoso fora da lei americano que desafiou a justiça americana ao roubar bancos país afora é retratada com cuidado e respeito pelo diretor. Johnny Depp vive com seu habitual carisma, uma ferramenta de alto valor para os propósitos do filme, o bandido enquanto que Christian Bale vive seu nêmesis. O investigador do nascente Bureau americano Melvin Purvis. Há ainda a figura sempre agonizada de Billy Crudup como J. Edgar Hoover o homem que ajudou a construir o serviço de inteligência nos EUA.
O objetivo não é plenamente alcançado por duas razões. A primeira e mais importante é a falta de unidade narrativa. Mann, a pretexto de contextualizar bem a vida de Dillinger, abraça um contingente de personagens que mais confunde do que esclarece e acaba por reduzir o brilho dos personagens principais. A segunda razão é a opção feita pelo diretor de discutir a romantização do crime pelo cinema opondo o pragmatismo e propósito, encarnados por Christian Bale, contra a inconseqüência e o ufanismo, na figura um pouco austera demais de Johnny Depp. Essa racionalização é a principio acertada, contudo ela demora a ganhar viço,é só no clímax da fita que o comentário de Mann ganha corpo, até lá indaga-se para onde aquela história vai, afinal de contas, não era o destino de Dillinger o que abastecia o interesse pelo filme, e sim a forma como Mann se apropriaria dele.
Inimigos públicos é portanto um filme de expectativas. Algumas cumpridas, outras não. O embate entre Depp e Bale acaba minimizado pela inconsistência narrativa. Algo que não podia se esperar de Mann, um cineasta calcado no perfeccionismo. No entanto, o diretor sofistica o plot de seu filme de 1995, contrariando previsões de que estava se repetindo. Para o bem ou para o mal, apesar de não ser um filme notável- está longe de figurar entre os melhores trabalhos do diretor- Inimigos públicos traz bons momentos. E de fato, um final que faz valer o filme todo.

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