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domingo, 15 de setembro de 2013

Insight - Passando a régua no verão americano de 2013


O verão americano, em suma, repetiu uma tendência verificada nesses últimos anos: teve mais arrecadação e menos público. O recorde de ingressos vendidos, no entanto, não se deve tanto aos encarecidos tickets do 3D, ainda que eles tenham contribuído para o montante de U$ 4,75 bilhões – recorde absoluto. O recorde anterior, de U$ 4,4 bilhões, pertencia à temporada de 2011. É importante ter em mente que essas cifras se resumem apenas ao mercado norte-americano (que também computa o Canadá).
Se não foi o 3D e filmes de grande orçamento fracassaram em sua maioria, o que, afinal, fez valer esse recorde?
O comportamento do público frequentador de cinema estaria mudando? Essas são as principais reminiscências da temporada que consagrou sucessos improváveis como Invocação do mal, Truque de mestre (ambos com mais de U$ 200 milhões em caixa), The purge, O mordomo, Família do bagulho, As bem armadas, entre outros.
Mas o verão americano de 2013 teve mais. Muito mais. Robert Downey Jr. provou que é à prova de balas (e de desgaste de carisma) com Homem de ferro 3, filme que passou do bilhão de dólares (o único da temporada), e Will Smith não foi capaz de fazer o mesmo. Seu carisma foi testado e levado à beira do precipício com o pavoroso e fracassado Depois da terra. O bando de lobos voltou ao cinema e fechou por cima a trilogia acidental, mas não arrecadou o que a Warner esperava. Os estúdios, aliás, sofreram nessa temporada. A Disney anunciou que cortaria na carne, de novo, depois do fracasso de O cavaleiro solitário. Uma bomba lançada no dia da independência americana que valeu um prejuízo ao estúdio de U$ 200 milhões. A Warner, por sua vez, sem uma bilheteria vultosa, apesar da performance digna de O grande Gatsby, programa adulto em uma época em que reinam os adolescentes, se viu na contingência de antecipar a expectativa por um filme que só chegará aos cinemas em 2015. O confronto entre Batman e Superman foi anunciado com pompa na esteira do sucesso minguado de O homem de aço, que falhou em chegar ao bilhão de dólares, meta traçada pelo estúdio.
Brad Pitt, com uma intensa campanha de divulgação, conseguiu resgatar do que todos criam ser um fracasso certo, o caríssimo Guerra mundial Z, de longe o filme mais cool e bem azeitado da temporada.
Outro aspecto dessa temporada foi que os filmes de terror ocuparam o papel geralmente designado às comédias. Ainda que As bem armadas e Até o fim tenham feito algum barulho, foram os independentes de terror The purge e Você é o próximo que causaram alvoroço nas bilheterias. Os filmes que contemplam um público mais adulto também se deram bem em um período em que os estúdios se programam para agradar um público mais jovem. Além de O grande Gatsby, o novo Woody Allen, Blue Jasmine, foi um vencedor de alto pedigree. Entrou no top 10 americano mesmo sendo exibido em apenas 50 salas no país. E lá permanece! Filmes como Frances Ha, Muito barulho por nada e Fruitvale Station também capitalizaram, sugerindo que há uma demanda reprimida por filmes “mais sérios” nessa época do ano.

Brad Pitt tanto fez que salvou o seu Guerra mundial Z da zica que rondou os filmes de grande orçamento em 2013, mas ajudou o fato da produção dirigida por Marc Forster ser boa 

Cadê o sucesso que estava aqui? Johnny Depp e Armie Hammer culparam a crítica pelo fracasso de O cavaleiro solitário

Os estagiários foi concebido para ser uma potencial surpresa na temporada, tal como ocorrera em 2005 com Penetras bons de bico, mas em 2013 as surpresas foram do terror 

Traduzindo...
Star Trek – além da escuridão poderia ser apontado como o grande filme do verão americano de 2013 em termos de qualidade, rivalizando apenas com Guerra mundial Z. Os coadjuvantes dessa festa são muitos. As animações, que vêm decaindo em qualidade, mostraram vigor comercial com Meu malvado favorito 2, Universidade monstro, entre outros.
O poder de atração das estrelas em detrimento da marca valiosa de certas franquias também se altivou. Impossível pensar que Homem de ferro 3 alcançaria a marca que alcançou sem Robert Downey Jr. Basta olhar para os outros filmes da Marvel. Brad Pitt provou poder de fogo e Leonardo DiCaprio competiu contra franquias milionárias  e conseguiu ótima bilheteria para seu O grande Gatsby.
Se houve um grande perdedor na temporada, este foi Johnny Depp. Se muitos se provaram ainda fiadores de um grande público, Depp errou feio em apostar em uma fórmula já desgastada em O cavaleiro solitário.
Outro erro foi apostar em sequências de filmes razoavelmente bem sucedidos. Red 2, Percy Jackson e o mar de monstros e Kick Ass 2 foram desastres apenas comedidos por não terem sido caros como foi, por exemplo, Círculo de fogo, que mostrou que até mesmo gênios como Guillermo Del Toro erram.
A Warner, que tomou outro petardo com o fracasso de Círculo de fogo (que só fez dinheiro na China), removeu a estreia da sequência de 300 para março de 2014, época com menos concorrência de grandes lançamentos no cinema.
Antes de fechar a conta, a temporada ainda apresentou o agosto mais lucrativo da história, surpreendendo analistas que sempre apostaram na desaceleração das bilheterias no referido mês que conta com poucos (ou nenhum) lançamento de expressão. O verão de 2013 pode ser a primeira pista de que o inverno está chegando...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Especial O Grande Gatsby - "Me mostre um herói e eu te escreverei uma tragédia"


A frase que abre essa reportagem é de F.Scott Fitzgerald. Woody Allen, que homenageou o autor, um de seus ídolos, em Meia-noite em Paris, até incluiu-a no filme que recupera alguns dos pilares artísticos da década de 20, da “geração perdida” de escritores americanos, como é lembrado o período em que Fitzgerald viveu. Jay Gatsby é o herói trágico que definiria a carreira do escritor e seria a encarnação de uma visão trágica e atemporal do sonho americano.
O grande Gatsby se passa justamente na década de 20, quando os EUA do pós-guerra viviam fase idílica e próspera estremecida pela chegada da lei seca, em que ficou terminantemente proibida a ingestão de qualquer bebida alcoólica.
Baz Luhrmann tem gosto especial por tragédias românticas. Ergueu sua filmografia basicamente em cima delas. De Romeu + Julieta (1996) a Austrália (2008), passando pelo incomparável Moulin Rouge – amor em vermelho (2001). Foi em meio ao sucesso deste último que Luhrmann teve a ideia de adaptar a obra-prima de Fitzgerald, mas gerou reações dicotômicas. A crítica americana em geral defenestrou a produção. O prestigiado crítico Peter Travers escreveu que “Fitzgerald deve estar se revirando no túmulo” e que “talvez haja filmes piores nessa temporada, mas que dificilmente serão mais decepcionantes”. Para Travers, nada além dos estonteantes figurinos de Catherine Martin funcionam. A jornalista e crítica de cinema brasileira radicada em Los Angeles, Ana Maria Bahiana, se confessou intrigada com a recepção da crítica americana ao filme. “Embora não seja o filme mais sensacional do ano, ele não é de jeito nenhum o horror que os críticos americanos estão desenhando”.  
Para ela, há duas maneiras de se tratar um monstro sagrado com fama de inadaptável: com extrema cautela e reverência, ou com ousadia e risco. Para Bahiana, Luhrmann fez a segunda opção.

Tudo lindo: romanticamente trágico, efusivamente colorido e visualmente vibrante, O grande Gatsby só não é unanimidade

Filmando a tragédia
Leonardo DiCaprio disse em entrevista à revista Serafina que seu “primeiro pensamento sobre o projeto foi sobre sua grandiosidade e sua ambição. É o grande romance americano! Encarna tantos ideais e crenças dos EUA, como a ideia de se transformar em qualquer coisa que se queira”, disse. “É um personagem complexo, misterioso”, relata sobre seu personagem, Jay Gatsby. “Eu o vejo como uma figura completamente trágica”, finaliza.
DiCaprio foi a primeira e única opção de Luhrmann para viver Gatsby, o resto do projeto foi sendo montado depois de assegurada a participação do astro que já havia filmado Romeu + Julieta com o cineasta.
Mas Gatsby não é um herói convencional. E O grande Gatsby não abraça o convencional. Tobey Maguire disse ao The New York Times que seu personagem, Nick Carraway – o narrador – “está afundando na areia movediça da moralidade”. Todos os personagens, de certa forma, são confrontados com sua moral e ética em O grande Gatsby que alinhava, ainda, a opulenta crise entre os velhos ricos (aqueles de berço) e os novos ricos (os que fizeram fortuna); uma celeuma sempre atual.  
O “anacronismo consciente” de Luhrmann, na definição de Ana Maria Bahiana, na trilha sonora e na estética do filme, lhe servem bem. A intensidade dos anos 20 brilham no cinema em todo o seu esplendor que conduzem à iminente tragédia. De Gatsby e também de uma nação.

“O momento de maior solidão na vida de uma pessoa é quando ela assiste todo o seu mundo ruir e tudo que pode fazer é olhar impotente”

Trecho de "O grande Gatsby"

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Especial O Grande Gatsby - Baz Luhrmann: kitsch ou visionário?


O australiano Baz Luhrmann é muito ligado ao mundo da moda. Não só pela ênfase que dá ao corte e costura em seus filmes, tampouco por ser casado com a figurinista Catherine Martin, responsável pelos figurinos de O grande Gatsby, nem por ter rodado entre seus filmes, curtas-metragens focados em questões do mundo da moda – como Schiaparelli & Prada: impossible conversations, mas por refinar a linguagem do cinema com uma estética que se alimenta vertiginosamente de conceitos mais reconhecíveis no mundo da moda. Não à toa, sua versão para um dos maiores clássicos da literatura americana chamou tanta a atenção das principais grifes – como Brooksfield, Armani e Gucci que lançaram coleções inspiradas no filme.
Ainda que seja o filho pródigo da moda no cinema, Luhrmann não é unanimidade na sétima arte. Depois de causar frisson com sua estreia, Vem dançar comigo (1992), um filme de dança com todos os seus deliciosos clichês, embalados por uma técnica assombrosa, o diretor aterrissou no cinema americano cheio de ambição: uma versão de Romeu e Julieta para o público jovem. Romeu + Julieta (1996) tinha um ainda relativamente desconhecido Leonardo DiCaprio como Romeu e Claire Danes como Julieta. O diretor transferiu a encenação da consagrada peça de Shakespeare para a modernidade, mas preservou o linguajar medieval ocasionando um choque nefasto as suas intenções. A música continuava a ser uma bússola para seu cinema, assim como a depuração visual. Romeu + Julieta, no entanto, não trazia nada de novo além da ambição desenfreada do cineasta ávido por causar na cena hollywoodiana. O filme foi um relativo sucesso de público e dividiu a crítica. Parte louvava seu vigor estético e parte enxergava-a como Kitsch, ou seja, uma emulação mal resolvida a um modelo de arte. E Romeu + Julieta, nesse sentido, seria mais do que sintomático. Mas aí veio Moulin Rouge – amor em vermelho (2001). Outro passeio estilístico de Luhrmann ao passado, dessa vez ao século XIX e com outro choque proposto. Ele realiza aqui um musical e coloca músicas pop de gente como Madonna, U2, Elton John e David Bowie no contexto da França do século XIX para narrar uma história de amor, ganância, luxo e perdição na França dos cabarés. O kitsch continua a rondar a mise-en-scène de Luhrmann, mas aqui adquire novo status. Status de arte em si. Moulin Rouge revigorou o gosto popular, e do cinema, pelos musicais. Um filme com personagens bem delineados, conflitos bem tracejados, direção segura, técnica a mil...
Moulin Rouge é um triunfo contumaz. O ponto alto da carreira de Luhrmann e que o levou a Austrália (2008). O projeto foi complicado e Luhrmann estourou o orçamento repetidas vezes. Perdeu seu protagonista, ele queria Russell Crowe e acabou ficando com Hugh Jackman e teve de mudar o cronograma de filmagens para poder reeditar a parceria com Nicole Kidman. Ele vendia o projeto como o “seu E o vento levou” e não escondia a intenção de fazer um épico americano, mas passado na Austrália. A estranheza predominou e Austrália se revelou um filme irregular e, também, um fracasso de bilheteria e crítica retumbante. A Fox que trabalhava com Luhrmann desde o início de sua carreira rompeu com o diretor. Austrália danificou severamente o estúdio e justamente em um ano em que a mais severa crise surgia no mundo desde 1929.  
A megalomania de Baz Luhrmann atinge novo relevo com O grande Gatsby. Ele decidiu fazer o filme assim que terminou de ler o livro, em 2001, pouco depois de ter lançado Moulin Rouge – amor em vermelho. A Warner abrigou o projeto. A opção pelo 3D foi do estúdio, mas Luhrmann a abraçou com gosto. Seu cinema de cores e planos vibrantes tende a ser valorizado pelo recurso.
O diretor não tem nenhum novo projeto anunciado, mas é certo que seu novo filme irá se aproximar, quiçá ultrapassar, Moulin Rouge em faturamento. Não se engane. O charme da adaptação reside todo ele em ser O grande Gatsby de Baz Luhrmann. Assunção esta que diz muito sobre o fato do diretor ser encarado como visionário e também como um expoente do Kitsch moderno. Há quem acredite que não tem como ser um sem ser o outro.
 
Baz entre Nicole Kidman e Hugh Jackman no set de Austrália: depois de seu melhor momento na carreira com Moulin Rouge, veio o pior com Austrália

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Especial O Grande Gatsby - Descobrindo um clássico americano


"O grande Gatsby" é tão expressivo na cena literária americana que seu autor, F. Scott Fitzgerald, teve toda a sua obra relevada a segundo plano em virtude deste romance que se assevera como uma crítica ao sonho americano. Mas o livro não foi um sucesso quando publicado originalmente, em 1925. As resenhas, à época, eram majoritariamente positivas, mas não posicionavam o romance de Fitzgerald como o grande marco americano que viria a ser. O livro só adquiriu esse status depois da crise econômica de 29 e da segunda guerra mundial. Republicado, com Fitzgerald já morto (ele morreu na Califórnia em 1940 por problemas de saúde derivados do alcoolismo), a obra encontrou leitores em profusão e a crítica lhe atribuiu valor histórico e cultural indissociáveis da sociedade americana.
Aos poucos, "O grande Gatsby" foi dominando a pecha de maior clássico da literatura americana.
A trama mostra Jay Gatsby, um milionário conhecido por oferecer festas ostensivas e luxuosas. A origem de sua fortuna gera rumores e aumenta o interesse em sua persona. As festas, na verdade, são subterfúgios para se aproximar de Daisy – mulher com quem se envolvera rapidamente durante a primeira guerra e por quem se apaixonou irremediavelmente. Daisy é casada com Tom Buchanan, um ex-atleta abastado possessivo, mas que trai a mulher. Dessa ciranda de paixões. Fitzgerald tece um conto sombrio, glamoroso e trágico sobre o sonho americano.
A obra ganha três novas traduções no Brasil por força do lançamento do filme de Baz Luhrmann. A abundância de ofertas de "O Grande Gatsby", que sai pelas editoras LeYA, Tordesilhas e Geração Editorial se justifica pelo fato da obra já se encontrar em domínio público.