domingo, 29 de janeiro de 2012

Filme em destaque - Os descendentes

Tudo tem seu tempo
O diretor de As confissões de Schmidt cria outro personagem cativante na figura de Matt King, que pode valer o segundo Oscar da carreira de George Clooney. Em Os descendentes, o ator - com visual havaiano - vive um homem forçado a tomar difíceis decisões 


Existe um momento em Os descendentes que Matt King, personagem que George Clooney vive com um misto de fragilidade e angústia, diz para suas filhas enquanto vislumbra parte do imenso terreno que há décadas pertence à família que “tudo tem seu tempo”. Talvez mais do que qualquer outra coisa esse seja o tema primal do quinto longa-metragem de Alexander Payne. “Não esperava tantas indicações ao Oscar”, disse o diretor ao site do Hollywood Reporter após tomar ciência de que seu filme foi contemplado nas categorias de filme, direção, roteiro adaptado, montagem e ator. A surpresa da Payne está relacionada ao fato de que Os descendentes não é um filme evento, como Os homens que não amavam as mulheres, um épico, como Cavalo de guerra, ou um exercício de nostalgia como O artista.
“É sobre um homem que precisa se reconectar com suas filhas e com sua própria essência”, explicou George Clooney na premiere americana do filme. O ator já ganhou os prêmios do National Board of Review, do Critic´s Choice Awards e o globo de ouro pelo papel. King, que mora no Havaí, é advogado e herdeiro, junto com outros familiares, de mais de 25 mil acres de terra. Enquanto precisa conciliar opiniões divergentes dentro da família a respeito da possível venda das terras, ele precisa enfrentar a angústia de ver sua mulher em coma. Não obstante a avalanche de culpa por ser um marido ausente, King precisa reconquistar espaço na vida de suas filhas e aprender como exercer autoridade sobre elas. É durante essa consternada situação que ele descobrirá que sua mulher lhe era infiel. O turbilhão de emoções que King enfrenta daí para frente é o pilar do drama, refinado com humor, de Alexander Payne.

Descobertas
O humor, por sinal, é ponto vital na trama. É ele quem provê perspectiva às ações de King e faz com que uma história áspera e dura seja apresentada de maneira leve e revigorada. Payne tem o dom de escrutinar seus personagens sem desorientá-los. Matt King, no curso do filme, descobre que precisa ser melhor pai do que é e, precisa também, reavaliar os próprios erros na condução de sua vida familiar. O coma da esposa Elizabeth serve como catarse familiar e possibilita aos familiares a noção de que tudo tem seu tempo. O grande préstimo desse filme com incrível gosto agridoce.

2 comentários:

  1. Isso, é um filme simples, sem ser simplista. Gostei muito do resultado, apesar de não achar que ele seja para tantos prêmios.

    bjs

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  2. Amanda: Sou da mesmíssima opinião amanda. O tal do "likeable movie",estirpe que não necessariamente casa com o do "feel good movie". rsrs. Tb não acho que seja merecedor de tantos prêmios. em um ano mais ou menos, até cola a indicação para filme, mas no "ponto da justiça", apenas indicações para Clooney e Shailene no meu caderninho.
    bjs

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