sábado, 23 de julho de 2011

Cantinho do DVD

Passou despercebido nas salas de cinema brasileiras no inicio de 2011, esse que, até o momento, é o melhor filme de terror do ano. Doce vingança, é bem verdade, foi lançado na cova dos leões: em plena temporada do Oscar. Mas o bad timing da distribuidora não é desculpa para não alugar esse ótimo filme de horror que desenvolvido de maneira simples e eficiente garante boa hora e meia de diversão. A crítica a seguir.





Crítica
Eis que o cinema de terror conseguiu um bom respiro com Doce vingança (I spit in your grave, EUA 2010). A fita, repleta de desconhecidos e dirigido por Steven R. Monroe (que debuta na direção de cinema), é daqueles filmes que alimentam uma premissa com cara de lenda urbana com bastante sangue, mas sem descuidar da tensão.
A história é tão simples quanto banal nos círculos do terror. Escritora se retira em cabana deserta em cidadezinha mais deserta ainda para escrever; e vira vítima de uma quadrilha de sádicos que a estupra com requintes de crueldade. Após conseguir fugir, ela resolve voltar e vingar-se, com mais crueldade ainda, de cada um de seus algozes.
A trama se divide claramente em dois atos. O primeiro, e bastante pesado, engloba o momento em que Jennifer (Sarah Butler) é violentada. O desgaste emocional é algo que Monroe opta por frisar para valorizar seu segundo ato. O diretor não economiza no clima de iminência que se sobrepõe e convida o público a indignar-se com a hediondez dos caipiras, entre eles um homem da lei, que demonstram total falta de humanidade.
Na sequência, Monroe, sempre dentro de uma considerável e pertinente lógica interna, apresenta uma transformada Jennifer em busca dessa vingança que o título brasileiro chama de doce, mas que faz mais sentido com o ótimo e bem sacado título original (eu cuspo na sua cova). Jennifer cerca um a um, os responsáveis por sua tragédia e os submete a um destino cruel e definitivo. As cenas, embora mais curtas e menos tensas do que aquelas do longo primeiro ato, são suficientemente fortes para incomodar. Decepações, mutilação de órgão genitais e outras formas mais primais de tortura marcam uma catarse que de tão pretendida chega comemorada, embora Jennifer permaneça impassível frente aos olhos da platéia antes da subida dos créditos finais.
Doce vingança é extremamente previsível, mas ainda mais eficaz. Sem invencionices, Monroe faz valer a censura 18 anos com uma ininterrupta crescente de tensão e um genuíno apreço pelos filmes seminais de horror. Em um mundo habitado por Jigsaw e remakes conservadores, Doce vingança não se ressente de ser cruel durante os 108 minutos de sua metragem. Nem poupa sua platéia daquilo que pagou para ver.

6 comentários:

  1. E finalmente encontro uma pessoa que também gostou da doentia experiência de "Doce Vingança" hehe. A maioria das críticas que li se sentiram ofendida com tanta violência, misoginia e abusos, mas você matou a pau na última sentença, Reinaldo, de que afundado em "Jogo Mortais" e remakes conservadores, esse filme mostra o que o espectador pagou pra ver, se contorce na cadeira, se enfurece e "vibra" - com a vingança - e tudo em boas doses.

    Particularmente, gostei bastante de "Doce Vingança", que ô traduçãozinha... julgo que seria mais impactante e comercial se mantivessem a tradução literal do filme. Viu "A Vingança de Jennifer"? Tbm é mt bom!


    abs!

    ResponderExcluir
  2. Eu já li várias críticas sobre esse filme, mas até a sua opinião, essa foi a primeira vez que me deu mesmo vontade de conferir este longa... Apesar de eu não ser a maior fã de filmes desse gênero.

    ResponderExcluir
  3. Reinaldo, devo confessar que quando vi o cartaz de "Doce vingança" não me atraiu nem um pouco e depois li umas críticas tão ruins que deixei de lado mesmo. Mas, depois de sua ponderação, pode ser que dê uma chance a ele. hehe.

    bjs

    ResponderExcluir
  4. Não me senti nem um pouco atraído em conferir, fico aflito e, quase sempre, com uma estranha sensação de tristeza ou melancolia quando assisto a filmes que mostram uma violência em excesso. Mas, depois de ler seu texto, bem verdade, eu também tive uma ponta de interesse. Deixarei pra outro momento.

    abs

    ResponderExcluir
  5. Elton: Diferentemente do AntiCristo de Von Trier, a intenção aqui é esculhambar mesmo. É terror assumido e, como eu disse, seminal. Poranto, não é legítima a queixa de se sentir ofendido pelo filme... É preciso analisar o filme por sua proposta e a proposta aqui é ser gore e sem subterfúgios...
    Tb acho que uma tradução literal seria melhor, mas poderia ter problemas com distribuição...
    Abs

    Adecio: rsrs. É uma leitura... abs

    Kamila: Se não é fã, não assista Ka. Não vai gostar.
    Bjs

    Amanda: Grato em ser útil. Bjs

    Cristiano: Que bom. Entendo essa sua aflição, tb a experimento em filmes do gênero.
    abs

    ResponderExcluir