domingo, 17 de julho de 2011

Insight

As indicações para o Emmy e a nata da TV americana


Foram divulgados na última quinta-feira (14), os indicados ao Emmy 2011, o prêmio de maior prestígio e ressonância ao que de melhor se produz na tv americana. Embora o Globo de ouro tenha avançado de modo considerável nesses adjetivos, o Emmy ainda conta com certa primazia. Por isso, é o sensor do momento. Basta perpassar os olhos sobre as seis séries dramáticas lembradas que se pode ter um belo panorama do momento que atravessa a tv americana.
Há uns seis anos convencionou-se dizer que a tv americana vive um ótimo momento. Com séries cada vez mais inteligentes, caras, bem resolvidas, de narrativa sofisticada e com muita gente graúda por trás. Essa verdade ainda impera. Mas existem conjecturas a serem feitas.
"Mad men", "Game of thrones", "Dexter", "Boardwalk Empire", "Friday Night Lights" e "The good wife" compõem a principal categoria dramática da noite. São duas séries novas (ambas da HBO) e cinco da tv por assinatura ("Friday Night Lights" em um episódio de superação louvável foi cancelada na tv aberta e resgatada para uma última temporada pela Directv, que fez o mesmo com a excepcional "Damages").
Nas categorias de atuação, a mesma diretriz foi cumprida. Os veteranos prestigiados estão de volta, caso do ainda não vitorioso Jon Hamm ("Mad men"), Mariska Harigtay ("Lei e ordem: unidade de vítimas especiais") e Hugh Laurie ("House"), mas há espaço para sangue novo, casos de Timothy Olyphant ("Justifield"), Kath Bates (da novidade "Harry´s law") e Mireille Enos ("The killing").
No lado das comédias, "Glee" e "Modern family", sensações da temporada passada, continuam a reinar ao lado das “favoritas de sempre” "30th Rock" e "The Office".
A lista do Emmy, que o leitor pode consultar aqui, escancara uma verdade: o cinema migrou para a tv. Pelo menos o cinema mais pensante. A HBO, que responde por três das produções indicadas ao prêmio de melhor minissérie ou filme feito pela tv, é um ótimo termômetro disso. Mildred Pierce é um remake do clássico de Michael Curtiz estrelado por Joan Crawford em 1945 com Todd Haynes e Kate Winslet no staff; Too big to fail é uma minuciosa reconstituição da crise de 2008 dirigida pelo excelente Curtis Hanson com gente do pedigree de William Hurt, James Woods e Cythia Nixon; Cinema Verité é uma análise desimpedida do surgimento da cultura de reality shows com Diane Lane, Tim Robbins e James Gandolfini à frente do elenco. As três produções já estão em exibição no segmento nacional do canal.

Kate Winslet estampa o cartaz de um dos principais lançamentos da HBO na temporada: o recordista absoluto de indicações em 2011, Mildred Pierce, com 21 indicações


Esse raciocínio permite, mais do que acusar o bom momento criativo que vive a tv americana, demonstrar a liberdade (que incide na criatividade com frequência bem maior do que executivos de estúdio creem) que a tv americana, especialmente à cabo, oferece.
Olhando tanto para os concorrentes, quanto para o pool de novas séries programadas pelas emissoras americanas, vislumbra-se um interesse grande em dialogar com um público adulto, consumidor, e que privilegia um entretenimento menos barulhento e mais palatável ao cérebro. No cinema, esse público já não é mais tratado como prioritário. Depois do sucesso de crítica de "Boardwalk Empire" e "Mad men", vem aí uma nova safra de produções que se espelham nos dramas protagonizados por Steve Buscemi e Jon Hamm respectivamente. E é aí que reside o perigo. Foi justamente quando desejou perpetuar o bom momento que vivia, copiando-se ao invés de manter-se fértil, que Hollywood instaurou o buraco criativo que propiciou a fuga da massa criativa para a tv.

4 comentários:

  1. 'Game of Thrones' e 'Modern Family' são as melhores coisas na TV americana atualmente.

    http://filme-do-dia.blogspot.com/

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  2. Pois é, como diz o ditado: "It's not TV, it's HBO". rsrsrs.

    Beijos! ;)

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  3. Se existe alguma coisa que a lista de indicados ao Emmy 2011 comprova é que a HBO é realmente diferenciada dos outros canais. A excelência deles ainda tem que ser alcançada pelos outros canais.

    Uma coisa que me agradou muito foi o número grande de estreantes indicados. Isso é uma prova da diversidade e da qualidade da atual TV norte-americana.

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  4. Kahlil Affonso: Sinceramente eu acho que tem coisa melhor, mas concordo que as duas elevaram imensamente a qualidade da produção de TV americana.
    Abs

    Mayara:Mas não só HBO né Ma?
    Bjs

    Kamila:Acho que o Showtime e o AMC já caminham nessam direção e já se aproximam perigosamente. Esse ano, talvez, seja o contraataque da HBO. A AMC, por exemplo, levou os principais Emmys nas três últimas temporadas...
    Tb gostei das novidades.
    Bjs

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