sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Oscar Watch 2014 - O poderoso e indomável Phoenix


Ele é um dos melhores atores da atualidade, mas não parece muito entusiasmado com isso. Daniel Day Lewis é seu fã e a Warner Brothers o quer como o vilão do principal filme do estúdio em anos, a sequência de O homem de aço que oporá Batman e Superman. Joaquin Phoenix pode não desprezar Hollywood, mas sente, ou demonstra sentir, uma profunda indiferença por suas reminiscências. Apesar de já ter feito parte de superproduções, como Gladiador, ele se dedica ao cinema independente e ao cinema autoral americano, o que o fez trabalhar, desde que regressou de sua experiência transcendental em que simulou ter abandonado a carreira e enlouquecido (para manter curta uma história longa) para rodar um documentário sobre a prevaricação e nocividade da fama, com cineastas como James Gray (antigo parceiro), Paul Thomas Anderson e Spike Jonze. Em 2013 concorreu ao Oscar, mesmo sem fazer campanha para isso e demonstrar total desinteresse pela cerimônia, pelo arrebatador trabalho em O mestre, de Anderson. Neste ano, Phoenix está novamente no páreo, novamente como um underdog, por Ela, o agridoce filme de Spike Jonze sobre nossa crescente dependência da tecnologia, mas também sobre nossa necessidade de conexão, sobre solidão e outras peculiaridades que nos fazem humanos.
Ao lado de Reese Whiterspoon em raro editorial
de moda à época que divulgavam Johnny & June,
filme pelo qual ambos concorreram ao Oscar
“Ele sempre me dizia não”, disse Paul Thomas Anderson que já recrutou Phoenix para seu novo filme, atualmente sendo rodado, Inherent Vice. O ator não esconde sua rabugice de quem quer que seja. Seja um jornalista, seja um interlocutor qualquer. Phoenix não acha que deve exercer fascínio ou suscitar qualquer interesse que seja e considera desajustado quem quer que identifique nele um bad boy hollywoodiano. Ele jura que não faz tipo, mas se ajusta ao folclore da cidade dos anjos e à fogueira de vaidades que nela queima.
Phoenix não é um bad boy convencional, mas sua postura desdenhosa em entrevistas tampouco sugere que se trata de alguém apenas avesso ao mundinho de Hollywood. Para citar uma referência já aventada nesta reportagem, Daniel Day Lewis é um gentleman quando promovendo um filme e depois desaparece. Ninguém vê e ninguém sabe de Daniel Day Lewis a não ser que ele esteja divulgando um filme. É bem verdade que com Phoenix acontece mais ou menos a mesma coisa, mas a falta de paciência do ator para com os tramites inerentes de seu ofício o notabilizam como alguém que faz questão de ser antipático. O lado genioso do ator costuma aparecer, inclusive, com colegas de profissão.
Mesmo com todos esses contras, Phoenix é irresistível. Ator mediúnico, expressivo, poderoso e que empresta de sua personalidade esse aspecto indomável para compor personagens fascinantes em trabalhos de atuação sempre primorosos. A possibilidade de voltar ao Oscar, de maneira consecutiva, é real. E por mais que maldiga o prêmio e todo o circo que o gravita, quem não quer ganhar um Oscar? Ainda mais quando se faz cinema...

Phoenix ao lado de seu novo best friend artístico, o diretor Paul Thomas Anderson: ambos são reconhecidos por certa arrogância no trato diário e descobriram que nutrem, também, afinidade artística...

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