A Fox queria mudar. X-men origens: Wolverine (2009) não chegou a ser um fracasso retumbante nas bilheterias – arrecadou cerca de U$
373 milhões internacionalmente tendo custado pouco mais de U$ 120 milhões – mas
não deixou boa impressão na crítica, na indústria e, principalmente, no público
que esperava um filme menos banal sobre a origem de um dos personagens mais
complexos do universo mutante.

A
pressão do estúdio pesou e Hugh Jackman foi buscar em outro versátil diretor
com quem já havia trabalhado o abrigo que o personagem precisava. James Mangold,
que dirigiu Jackman no romance Kate & Leopold (2001), já comandou comédias
de ação como Encontro explosivo (2010) e faroestes como Os indomáveis (2007).
Era uma escolha plausível dentro da opção do estúdio de ter um diretor
competente e habilidoso em termos narrativos, mas fiel aos tramites de uma
superprodução de estúdio.
Mark
Bomback e Scott Frank então reescreveram o roteiro aproveitando a espinha
dorsal do texto de McQuarrie e Wolverine: imortal, que chega nesta sexta-feira
(26) aos cinemas brasileiros, começou a se tornar uma realidade.
Complexidade emocional e inspiração
em HQ consagrada
Levar
a trama para o Japão fazia parte do projeto de destacar os conflitos emocionais
de Logan, totalmente negligenciados no filme de 2009. A inspiração, ainda que
não devidamente creditada, é a HQ “Eu, Wolverine”, escrita por Chris Claremont
e desenhada por Frank Miller em 1982.
A
trama também se resolve como ponte entre a trilogia X-men original e o próximo
filme da saga mutante, X-men: days of future past. Nesse contexto, Logan vai ao
Japão atormentado pela morte de Jean Grey e se sentindo amaldiçoado por sua
imortalidade. Como uma fera acuada, ele é sabotado por uma pessoa que cria lhe
querer bem e todos sabem como age Wolverine quando provocado. James Mangold foi
buscar referência em uma HQ clássica do herói e esse expediente tem se provado
frutífero no universo mutante no cinema. X2 (2003), para muitos o melhor filme
da franquia X, também é baseado em uma HQ assinada por Cris Claremont (“O
conflito de uma raça”) e o aguardado “encontro de gerações” em X-men: days of
future past (2014), por sua vez, é inspirado na saga “Dias de um futuro
esquecido”.
A
recepção da crítica, de maneira geral, tem sido positiva. Hugh Jackman, em
especial, recebe elogios efusivos por sua sexta encarnação do personagem.
Sobram elogios para o ator até mesmo de quem não embarcou na onda do filme. O
australiano, porém, sabe que carrega o filme nas costas e que esses elogios não
vendem ingressos. A maratona promocional de Wolverine: imortal, justamente por
isso, beirou a insanidade. Jackman em um espaço de uma semana esteve em países
diversos como Coréia do Sul, Japão, Inglaterra, Espanha, e Estados Unidos.
A
aposta da Fox no longa é tão alta que a distribuidora nacional apostou até em
merchandising na novela das nove. Com os filmes estrelados por super-heróis
rendendo seguramente mais de U$ 500 milhões nas bilheterias mundiais, reside em
Wolverine imortal a responsabilidade de ser o primeiro filme com gene X a
romper essa barreira.
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