sábado, 6 de abril de 2013

Em off


Nesta edição de Em off, algumas apostas do blog para o line up do festival de Cannes 2013, o enigma de Robert Downey Jr. caindo na boca do povo, a promessa de um ano magnífico para Julianne Moore, as façanhas cada vez mais elogiosas de Matthew McConaughey, as elucubrações de Danny Boyle e o que há no futuro de Tim Burton.

Um ano para chamar de dela
Julianne Moore é daquelas atrizes obrigatórias para quem gosta de cinema. Extremamente talentosa, Moore, no entanto, ostenta poucos prêmios. Alguma redenção pode estar à espreita com a safra de 2013, já que ela estrela nada mais nada menos do que seis filmes com lançamento programado para este ano. De petardos comerciais (como o remake de Carrie – a estranha) a perolas indies (a estreia de Joseph Gordon-Levitt na direção com Don Jon e a comédia dramática The english teacher), Moore será uma das presenças recorrentes da temporada cinematográfica e isso é muito bom.
Além desses filmes, Moore estrela ainda o tocante What Maise knew, que integrou a seleção do último festival de Toronto, o thriller de ação Non stop ao lado de Liam Neeson e o início da saga que pretende ocupar o posto deixado por Harry Potter, The seventh son.

Julianne Moore em The seventh son, com lançamento previsto para novembro nos EUA: um ano intenso e plural


Cadê o McConaughey que estava aqui?
Há pelo menos dois anos se discute, nos mais variados fóruns cinéfilos, o giro de 180º impresso por Matthew McConaughey em sua carreira. Uma série de projetos, iniciados com o ótimo drama O poder e a lei lançado em 2011, colocaram o marido de Camila Alves no mapa dos atores mais requisitados e celebrados do momento. E a meritocracia não para de crescer. McConaughey parece decidido a só escolher os projetos certos. Ainda com o lançamento de Mud pendente, o ator começa a colher os frutos da primorosa sequência de trabalhos enfileirada (Magic Mike, Killer Joe, Bernie e The paperboy). Está no novo longa de Martin Scorsese, o antecipado The Wolf of Wall Street e perdeu peso para viver um aidético em Dallas Buyers Club. Mas esses eram projetos já anunciados. A novidade mais recente, divulgada na última semana, é de que o ator será o protagonista de Interstellar, ficção científica de Christopher Nolan e seu primeiro trabalho após a conclusão da trilogia do cavaleiro das trevas.
A notícia é sintomática do novo status do ator em Hollywood. Não obstante, ele ainda protagonizará uma minissérie policial para a HBO.

McConaughey bem mais magro, em imagem de dezembro de 2012, no set de filmagens de Dallas Buyers club: além do respeito de crítica e público, indicações ao Oscar pairam no horizonte

O que esperar do próximo filme de Tim Burton?
Tim Burton é um excelente cineasta. Conceitualmente e visualmente, é dos mais significativos da atualidade. Contudo, já há algum tempo vem sendo questionado pelo fato de ter se acomodado narrativamente e de seu cinema, e muitos veem a parceria com Johnny Depp como catalisadora disso, ter perdido expressividade.
O site Deadline divulgou na última semana que Burton será o diretor de Big eyes, filme cuja premissa grita por um diretor com o talento e a sensibilidade estética e narrativa de Burton. O filme mostrará um casal de pintores famosos por fazerem retratos de crianças com olhos grandes. Margaret e Walter Kane foram dois dos primeiros artistas a comercializar obras de arte como produtos nos idos dos anos 50 e 60. A união terminou e eles travaram longas disputas nos tribunais. Christoph Waltz e Amy Adams estão vinculados ao projeto e devem interpretar os protagonistas.
Big Eyes, que será produzido pela The Weinstein Company pode representar o retorno de Burton às boas críticas. O último filme do diretor a angariar massiva aprovação crítica foi Peixe grande (2003). E lá se vão dez anos!

O enigma de Robert Downey Jr.

Em 12 de fevereiro de 2012, claquete publicou na seção Insight um artigo bastante analítico sobre as escolhas de Robert Downey Jr. em sua fase mais dourada no cinema e sobre como elas o conduziram para um impasse. Downey Jr. é um bom ator ou apenas um sujeito eficiente em verter versões de si mesmo na tela grande? E mais: por que a durabilidade de séries como Homem de Ferro e Sherlock Holmes poderia se provar prejudicial à percepção que o público tem dele. A mais recente edição da revista Serefina, que estampa o ator em sua capa, apresenta uma matéria com questionamentos semelhantes. A ideia de que Downey Jr. esteja se esgotando já ronda Hollywood há algum tempo e Homem de ferro 3 será um valioso instrumento para apontar o caminho que o ator deve seguir daqui para frente.


O devaneio de Danny Boyle
O novo filme de Danny Boyle, um sofisticado suspense envolvendo hipnose e roubos de obras de arte (Em transe) é um das estreias do fim de semana nos EUA – no Brasil o filme chega no início de maio. Em uma das muitas entrevistas que fez para promover o filme, Boyle disse que não planeja mais trabalhar em produções de grande orçamento. Por isso rejeita a possibilidade de conduzir uma aventura de James Bond, ao qual frequentemente é vinculado. Some-se a isso, a percepção de que, para Boyle, uma grande estrela distorce um filme. Na visão do diretor vencedor do Oscar por Quem quer ser um milionário?, um astro de cinema desequilibra expectativas e perspectivas em um filme. Seja durante a produção do filme ou na recepção do público.
Apesar do radicalismo de Boyle, sua análise não está de toda errada. Um astro, de fato, altera o DNA de um filme. Essa questão já foi discutida por Claquete anteriormente sob muitos ângulos (clique aqui para conferir um deles) e voltará à pauta em uma futura seção Insight.

Algumas apostas para Cannes
Será anunciado nos próximos dias o line up do festival de Cannes 2013. Pode ser que não surja de pronto uma lista fechada com os 20 filmes que disputarão a Palma de ouro, mas cerca de 17 ou 18 filmes já devem ser confirmados. Como já é notório, a 66ª edição de Cannes terá Steven Spielberg como presidente do júri da principal mostra competitiva e O grande Gatsby como filme de abertura. Claquete indica alguns filmes que, na avaliação do blog, farão parte do evento. 

+ The Bling ring, de Sofia Coppola (EUA)
Sofia, que esteve em Cannes com Maria Antonieta em 2006, ainda deve um grande filme ao festival. Seria essa a chance? O filme já está pronto e Sofia é cult o suficiente para se garantir como uma das grandes atrações. De quebra, Emma Watson seria um ímã no tapete vermelho.

+ Blood ties, de Guillaume Canet (EUA)
O filme é americano, mas o diretor é francês. Aliás, diretor que também é ator e casado com Marion Cotillard, que protagoniza o filme. Ser um thriller dolorido e com forte proeminência dramática ajuda.

+ La granda bellezza, de Paolo Sorrentino (ITA)
Os últimos quatro filmes de Sorrentino debutaram em Cannes. O filme já está pronto. É só fazer as contas.

+ Twelve years a slave, de Steve McQueen (ING)
O novo do diretor de Shame com os astros Michael Fassbender e Brad Pitt, além da nova sensação Quvenzhané Wallis. Thierry Frémaux, diretor do festival de Cannes, deve estar se matando para garantir este filme no evento.

+ Jeunie et Julie, de François Ozon (FRA)
Depois de figurar dois anos consecutivos em Veneza, esse poderia ser o filme de retorno de Ozon a Cannes, onde somente disputou com Swimming pool em 2003. O filme ainda está em pós-produção. Se não ficar pronto a tempo, é certeza em Veneza. 

+ Lowlife, de James Gray (EUA)
Gray é um dos queridos de Cannes. Neste tenso drama estrelado por Joaquin Phoenix, Jeremy Renner e Marion Cotillard deve engatar sua segunda participação consecutiva na riviera francesa. Concorreu à Palma de ouro por seu último filme, Amantes em 2008.

+ Only God forgives, de Nicolas Winding Refn (EUA)
O diretor de Drive, uma das sensações do festival em 2011, e Ryan Gosling juntos novamente. Quem vai resistir? Cannes certamente não.

+ The past, de Asghar Farhadi (FRA)
Primeiro filme do diretor de A separação após a consagração internacional do filme vencedor do Oscar em língua estrangeira. É também seu primeiro filme fora do Irã e com astros franceses como Bèrenice Bejo e Tahar Rahin.

+Serra pelada, de Heitor Dhalia (BRA)
Um épico brasileiro sobre o maior garimpo a céu aberto do país. Uma história de ganância e violência com a sensibilidade de Dhalia, que causou boas impressões com À deriva, exibido em Cannes na mostra Um certo olhar.

+ The Nymphomaniac, de Lars Von Trier (DIN)
Von Trier em Cannes, a despeito das polêmicas exacerbadas de sua última participação, é sempre certeza. Ainda mais com um projeto tão polarizante como esse - um filme com cenas de sexo explícito. 

3 comentários:

  1. Ótimos destaques, meu caro!

    Julianne Moore é fabulosa mesmo, uma das atrizes em atividade de quem mais gosto, mais como apreço pessoal mesmo do que qualquer coisa. Já entregou trabalhos brilhantes no cinema - principalmente quando trabalhou com Todd Haynes - e deveria ter sua carreira mais sedimentada nos dias de hoje. Olha, torço pelo fracasso retumbante de "Carrie" e tal, mas vi os trailers de "What Maisie Knew" e "The English Teacher" e parecem bons filmes. Vamos aguardar =)

    Matthew McConaughey fazendo cosplay do Seu Madruga? HAHAHAHA! O mesmo aconteceu comigo: após "O Poder e a Lei" comecei a dar mais atenção a este ator e ele está surpreendendo a cada trabalho. "Killer Joe", por favor!

    Gostei da line up adiantada de Cannes, mas acho que Sofia não entra... será? Adiciono na lista "The Congress" (Ari Folman); "Jimmy Picard" (Arnaud Desplachin) e "Atilla Marcel" (Sylvain Chomet)

    Abs!

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  2. Belos destaques, Reinaldo. Ótima coluna. Torcendo para o ano ser mesmo de
    Julianne Moore, adoro a atriz e o trailer de Carrie assusta, hehe.

    E tomara que Heitor Dhalia se dê bem mesmo com Serra pelada para que a gente esqueça de 12 Horas.

    bjs

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  3. Elton: Obrigado meu velho! Pois é, McConaughey convence nos cospay, né? O que não se faz por um Oscar... Olha, já postei sobre essa fase maravilhosa do ator várias vezes aqui no blog, mas ele continua enfileirando trabalhos dignos de nota. Tenho que dar as notas! rsrs
    Boas adições ao line up que tu fez. Agora é esperar pelo anúncio oficial!
    Abs

    Amanda:Tb torço para um ano de muito buzz e, quem sabe, algum prêmio para Moore.
    Bjs

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