sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cantinho do DVD

A seção desta semana destaca um filme que não fez muito barulho nos cinemas, mas que reúne qualidades asseguram o interesse de qualquer um. Dirigido pela sensível Isabel Coixet e com um Ben Kingsley em grande forma, Fatal é a adaptação de um dos muitos romances premiados do americano Philip Roth. Há, ainda, a presença sexy de Penelope Cruz. Vamos a critica:


As convicções liberais como espelho da solidão



Fatal (Elegy EUA 2008) é uma redentora obra sobre como a forma de vermos e nos relacionamos com o mundo a nossa volta influi no ritmo e no resultado de nossas vidas. A fita dirigida pela competente diretora espanhola Isabel Coixet, que já havia demonstrado sensibilidade ímpar nos filmes Minha vida sem mim e A vida secreta das palavras, é adaptada do romance “O animal agonizante” do americano Philip Roth.
Roth, que já teve outros romances adaptados para o cinema, costuma se desdobrar sobre a alma masculina. É geralmente visto como sexista. Dando mais espaço a rótulos levianos do que se imagina necessário. Ou acentuando pensamentos retrógrados sobre as mulheres. Em Fatal, um professor universitário de prestigio, grande critico do puritanismo americano e adepto de levar uma ou outra de suas alunas para cama, se vê perplexo ao descobrir-se apaixonado por Consuelo, bela filha de imigrantes cubanos que parece retribuir o sentimento. O professor, no entanto, resiste ao desejo de se entregar, de se afeiçoar; por que acredita ser algo falho, equivocado e vicioso.
O romance de Roth e o filme de Coixet se ocupam de desvelar a intrínseca cadeia de sentimentos e convicções que se embaralham daí para a frente. Coixet suaviza, é verdade, a carga erótica da narrativa de Roth, mas também reduz as gratuidades. Preservando o drama, mas economizando nas emoções. Para tanto, confia plenamente no desempenho de seus atores.
Ben Kingsley vive o professor universitário com invejável fôlego. O ator consegue através de uma atuação minimalista expressar todo o desconforto, falta de tato e ego inflado de seu personagem. Penelópe Cruz, na pele da aluna enamorada, também apresenta uma atuação destacada. A atriz consegue caminhar segura entre a sensualidade latina, traço forte da personagem, e a segurança de uma mulher que sabe o que quer.
Fatal propõe um interessante jogo de espelhos. Abrange e antagoniza visões de mundo. Homem x mulher. Liberalismo x conservadorismo. Amor a vida x medo da morte. Infelizmente o filme não tem a força do livro, pelo menos no que concerne as conclusões por ele fomentadas, mas estabelece parâmetros bastante claros. É sem dúvida alguma um filme imperdível.

5 comentários:

  1. Deliciosa descoberta esse filme, eu vi por acaso nas americanas o dvd - acredite, nunca tinha ouvido falar sobre o livro e filme. Comprei e vi em casa, fiquei em êxtase. Atuações decididas sim, a Penelope cativa, como sempre...e nesse ela está com uma boa sensualidade e delicadeza, ao mesmo tempo.

    Comentei há uns meses esse no Apimentário, acho que, no tempo, você nem conhecia meu blog.

    Caso queira ler minha crítica, aqui:

    http://apimentario.blogspot.com/2009/11/dos-lacos-de-desejo.html

    abraço!

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  2. Para mim, esse filme valeu mais pelas performances do Ben Kingsley e da Penelope Cruz do que pela história em si. Adaptar Philip Roth é complicado, mas acho que esse seria o melhor filme baseado numa obra do escritor, e olha que estamos falando de uma obra que nem chega a ser acima da média. Mas, adoro a sensibilidade da Coixet. Adoro os filmes dela.

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  3. Cris: Vc não deve se se lembrar, mas já li sua critica, inclusive postei lá um longo comentário sobre a obra de Roth, autor de quem gosto muito. ABS

    Kamila: Gostei da história Ka. Como eu disse na critica, há aspectos mal desenvolvidos, mas o saldo geral é bem positivo. Principalmente em virtude de Kingsley. Bjs

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  4. É um ótimo filme! Inclusive foi o último que me fez chorar... e olha que fui ver no cinema, hehehehe, faz um tempinho já!

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  5. Tb vi esse filme no cinema Fernando. Pois é, capta como poucos a angústia do macho né?!
    ABS

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