sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cantinho do DVD

O filme em destaque na coluna dessa semana é Sleepers -vingança adormecida. Um filme que tem um grande elenco (Brad Pitt, Robert De Niro, Dustin Hoffman, Jason Patric, Kevin Bacon e Minnie Driver, além da promessa Brad Renfro), mas que se destaca pela poderosa, e até certo ponto subversiva, trama. Tristeza, infortúnio, destino e traumas se misturam em um filme que levanta questões pertinenentes e não oferece saídas fáceis. Vamos a crítica:



As compulsórias da vida

Sleepers –vingança adormecida (Sleepers EUA 1996) é daqueles filmes que se ocupam de jogar luz sobre as sombras no caminho. Adaptado do livro de Lorenzo Carcaterra por Barry Levinson, que escreve e dirige, o filme versa sobre a amizade maior que a vida que une 4 amigos que moram no bairro nova iorquino de Hell´s Kitchen, sobre o curso de suas vidas e sobre o trauma conjunto que as modificou terminantemente.
No filme, Michael, Johnny, Tommy e Lorenzo (que é o narrador da história) são presos e enviados para um reformatório infanto-juvenil após um ato inconseqüente ter tido um desfecho trágico. Lá, eles sofreriam abusos e maledicências de toda a ordem. Os traumas adquiridos seriam decisivos para que se tornassem os homens que se tornaram.
Mais adiante, uma inusitada oportunidade de acerto de contas contra seus opressores se faz presente e os quatro amigos se reúnem com a disposição de por um ponto final naquela história.
Um elemento tão poderoso quanto a boa índole maculada daqueles quatro jovens no filme é a religiosidade e a corrupção que assolam a cidade, principalmente o bairro em que moram. Para Levinson esses elementos são tão formadores de caráter quanto as experiências terríveis, as quais aquelas crianças foram submetidas. Existe ainda uma outra poderosa questão aventada no filme. Qual a espessura da linha que separa o certo do justo? Como proceder quando a consciência se divorcia da razão? É possível preservar a inocência mediante o curso da vida?
Levinson aprofunda seu comentário no desfecho da trama. Embora haja catarse, não há um desfecho plenamente satisfatório. Na vida, enrijece Levinson, geralmente não há.

6 comentários:

  1. Um filme "antigo", porém de temática totalmente atual. O que eu acho interessante é que "Sleepers" faz, na verdade, uma grande discussão ética. Mexer no passado ou tocar a vida?? Às vezes, um depende do outro e é isso que a trama mostra.

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  2. Filme que pra mim é sublime, um clásico, engraçado: mas poucos conhecem! saudoso Brad Renfro!

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  3. Ka: Vc disse tudo! É um belo filme desse fantástico diretor que é o Barry Levinson. Bjs

    Cristiano: Fala meu brother, como vc tá?
    É verdade, pouca gnt conhece esse filme, o que o torna uma opção ainda mais charmosa. ABS

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  4. Oi Reinaldo,

    Assisti esse filme há anos. Com sua dica, deu vontade de assistir de novo e relembrar os pormenores.

    Gostei da sublime frase "Para Levinson esses elementos são tão formadores de caráter quanto as experiências terríveis, as quais aquelas crianças foram submetidas".

    Reinaldo, eu penso que todo o ser humano é corruptível por natureza (mesmo nas mais inocentes atitudeS) e, seria hipocrisia não dizer que em algum momento alguém não foi corrupto na mais fútil das situações, nem que seja para corromper a si próprio com os vícios cotidianos. Isso també é parte da formação do caratér que sim, não nasceu nascido, ele se cambia também. A corrupção faz parte do ser humano, o cuidado que tem que se tomar é exatamente essa fronteira entre o certo e o errado, no fundo, há valores básicos intrísecos à sociedade que deveriam ser preservados, em especial, os que não detonam a vida do outro com as mais triste das consequências.

    Eu acho que não há como ficar na inocência porque o mundo é doloroso demais para que ficamos inocentes.

    bjs!

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  5. Obrigado madame. Pois é, mais uma vez minha percepção do tema proposto se assemelha a sua, madame. Obrigado por mais esse luminoso, e compatível,comentário. Bjs

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  6. Basta um dia extremamente ruim para deixar o mais bondoso dos homens em algo como eu. (Coringa).

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