Mostrando postagens com marcador 2 coelhos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 2 coelhos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Crítica - 2 coelhos

Mais de dois coelhos...


Há anos se martela que o cinema nacional evolui, que a tão falada maturidade do cinema da pátria amada já pode ser apalpada e que a perícia técnica já está entre nós. 2 coelhos (Brasil 2012), ousado na proposta e na execução, talvez seja a melhor ilustração de que toda essa conversa não é fiada.
A fita de Afonso Poyart, cineasta que vem do mercado publicitário, não esconde as origens de seu criador. Além da estrutura videoclipada, Poyart busca refúgio nas obras de cineastas como Guy Ritchie e Quentin Tarantino para compor uma trama fragmentada, veloz e na qual a violência surge temperada com humor negro.
2 coelhos vai e volta no tempo para mostrar a história de vingança que Edgar (Fernando Alves Pinto) põe em prática para se redimir de um grave erro do passado e fazer justiça com as próprias mãos. Falar mais que isso é colocar chope no liquidificador pop de Poyart.
Apesar da veemência com que apresenta a ação, Poyart encontra brechas para validar seu filme como crítica social. Nessa vertente, o filme perde força. Contudo, a engenhosidade do roteiro e o brilhantismo da montagem (outra influência óbvia é Cidade de Deus) reduzem este efeito.
O mais interessante de 2 coelhos, é que o filme é a prova viva de que o cinema nacional está diante de um momento definidor. A fita de Poyart é um filme comercial, pop e com roupagem moderna que não deve em nada a produções americanas.

Efeitos especiais para gringo ver: a mesma equipe que produziu os efeitos de Os mercenários capricha em 2 coelhos


O elenco caprichado também funciona muito bem. Alessandra Negrini defende com força a ambiguidade de sua personagem; Caco Ciocler, excelente ator que é, faz muito com pouco em um personagem silencioso; Thaíde se mostra excelente alívio cômico como um marginal que exerce função vital no plano de Edgar, que, por sua vez, é defendido com convicção pelo ator Fernando Alves Pinto. A grande performance da fita, no entanto, é de Marat Descartes na pele do chefe de quadrilha Máicon. Descartes já havia brilhado em Trabalhar cansa, um dos destaques do cinema nacional do último ano.
Ao fim de 2 coelhos, cabe ao espectador escolher, afinal, quais eram os dois coelhos que Edgar queria matar com uma cajadada só. A beleza do roteiro é que há algumas possibilidades. Possibilidades que 2 coelhos, o filme, abre para o cinema nacional.